segunda-feira, março 17, 2008

PSD, um partido com demasiado passado


Passados três anos a direita ainda não percebeu porque foi arredada do poder nem sequer sabe como regressar, não tem projecto, não sabe o que propor, vive de analisar as sondagens. Os mesmos que ficaram calados quando Durão Barroso colocou Santana no governo são os que agora ficam escandalizados pelo seu regresso, a mesma Ferreira Leite que inventou António Preto apanhado com sacos de dinheiro pago a título de honorários e destinado a pagar uma campanha interna fica escandalizada que os militantes possam pagar quotas de um euro em dinheiro, o mesmo Pacheco Pereira que fez ao símbolo do PSD que em tempos fizeram ao brasão de Castelo Rodrigues por terem apoiado o invasor espanhol fica admirado que o laranja seja substituído pelo azul.

É evidente que Menezes pode ser um desastre eleitoral, que ao promover Santana Lopes empurrou Cavaco Silva para a adopção de José Sócrates, que não colhe o apoio das elites intelectuais e que as sondagens não auguram nada de bom. Mas também é verdade que os que ficam nervosos porque o PSD não descola das sondagens esquecem que com Marques Mendes os resultados eram os mesmos e que durante o governo de Durão Barroso e apesar da preciosa ajuda do Processo Casa Pia o PSD esteve sempre ao nível de metade de uma maioria absoluta.

O PSD dificilmente chegará ao governo empurrado pelos presidentes de junta que emolduraram a iniciativa de Menezes destinada a concorrer nas televisões com o comício de Sócrates. Mas também não chegará com a tralha cansada e acomodada que diversas lideranças do PSD foi instalando na vida, o seu último grande momento foi a vitória de Durão Barroso e foi a desgraça que se viu.

Os que atacam Menezes são os mesmos que assobiavam para o ar quando o PSD era liderado por Marques Mendes e que apoiaram a invasão no Iraque sonhando com os negócios do pós-guerra, que tentaram vender a GALP à Carlyle ao preço da uva mijona ou que garantiram que a partida de Barroso para Bruxelas era do interesse de Portugal.

Os que criticam Menezes não querem ser ou ir para o governo, nem sequer querem esforçar-se para isso, apenas desejam que o PSD seja governo com alguém que lhes assegure o regresso às benesses do poder.

Entre Menezes e os que criticam Menezes venha o diabo e escolha, mas enquanto o diabo não se decide é um facto que os militantes do PSD escolheram Menezes, foi uma má escolha mas foi a única, os senhores que criticam agora Menezes não foram a jogo, agora não se podem queixar de terem perdido.

O drama do PSD não é ou não é apenas Luís Filipe Menezes, é ter matado o seu futuro por ter sido incapaz de se renovar.