quinta-feira, março 20, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Grafitti na Cidade Universitária, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Darren Whiteside/Reuters]

«Protestando bajo la lluvia. Un grupo de personas pro-Tibet se manifiestan bajo una intensa lluvia, portando mensajes contrarios al supuesto genocidio que China está llevando a cabo.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

As dúvidas de Santana Lopes sobre Vila Real de Santo António

Pedro Santana Lopes questionou o primeiro-ministro no debate parlamentar sobre a ida de idosos de Vila Real de Santo António a consultas de oftalmologia a Cuba. Foi uma excelente oportunidade para mostrar o trabalho que justificou ter ganho uma choruda avença da mesma autarquia, que até teria dado para mandar mais alguns idosos a Cuba, nem que fosse para passarem férias em Varadero.

O FIM DE UM MODELO DE GESTÃO DA SAÚDE

O fim da concessão do hospital Amadora-Sintra corresponde ao fim de um modelo de gestão em que associação entre público e privado apenas serviu para que um grupo privado obtivesse lucros sem qualquer risco ou controlo. Ao privado o que é privado, ao público o que é público, este deve ser o princípio a seguir, qualquer associação deve consistir apenas no recurso aos serviços dos hospitais privados segundo uma tabela e custos e nunca o modelo que foi adoptado para o hospital de Amadora-Sintra.

CLAUSTROFOBIA NO PSD

«Odestino tem as suas ironias. Há um ano, o PSD lamentava a "claustrofobia" que, por culpa do Governo, afligia o país. Agora, chegou a vez de o país deplorar a claustrofobia que, por obra da troika Santana-Ribau-Menezes, atormenta o PSD. Na última semana, com um presidente de câmara ameaçado de inquisição e outro despachado com um sarcástico "obrigado", ficou-se a saber o que custa ter opiniões divergentes no PSD. Entretanto, a troika ofereceu-se a si própria a garantia de um eleitorado de bolso, pago a notas. Menezes já prometeu que só sai à "bomba". Em organizações democráticas, não são geralmente precisas bombas para substituir os líderes: bastam votos. Mas Menezes sabe certamente que, no "seu" PSD, nunca mais os votos chegarão para remover o presidente do partido.

Como quase todos os autoritarismos, este é filho da falta de autoridade. A troika Menezes-Santana-Ribau não se sente segura no PSD. É verdade que traz sempre as "bases" na boca. Mas Menezes venceu umas eleições que a sua candidatura, até descobrir que as tinha ganho, denunciou como "irregulares". Quem sabe o que queriam as "bases"? E agora, com o presente sistema, quem o pode saber? Menezes foi um efeito perverso do calculismo dos chamados "barões", que tinham previsto usá-lo para enfraquecer Marques Mendes, mas não para lhe suceder. O efeito pretende, agora, resistir à causa. E por isso, Menezes vai passar o seu tempo a fazer oposição à sua oposição interna. Quanto ao Governo, resta-lhe esperar que o PCP e uma eventual recessão económica tratem dele.

Se Marques Mendes era o seguro de vida de Sócrates, Menezes ameaça tornar-se o seu elixir da eternidade. Há quem olhe para isto apenas do ponto de vista do PSD. Mas as implicações são vastas. Com o CDS justa ou injustamente condenado a "ouvir" as célebres escutas a Abel Pinheiro sempre que abre a boca, as direitas partidárias em Portugal chegaram a um grau zero, reminiscente da sua secundarização durante o PREC. Pela primeira vez desde os tempos do VI governo provisório, é o PCP quem lidera a oposição. Se o PCP continuar à frente da contestação, o PS pode surgir em 2009, tal como em 1975, como a principal opção de voto dos que não alinham com as esquerdas radicais. Em 1985, a agressão contra Mário Soares na Marinha Grande lembrou a muita gente que em 1975, embora se dissessem marxistas e votassem radicalismos, foram os líderes do PS que protagonizaram a resistência ao PCP. Mais de vinte anos depois, talvez a nova polarização entre o PS e o PCP convença outros tantos de que, embora partido de esquerda e guardião do Estado social, foi o PS quem iniciou reformas de que as direitas nunca sequer falaram.

Há dias, Daniel Proença de Carvalho admitia, na "falta de uma alternativa", a conveniência de uma nova maioria absoluta do PS. Alguém do PSD apressou-se a vir denunciá-lo como o porta-voz de "interesses". Mas talvez não seja preciso ambicionar um canal de televisão para partilhar o ponto de vista de Proença de Carvalho. No princípio do mês, o barómetro da Eurosondagem conjugava a descida do PSD e do CDS com a subida do PCP, do BE - e do PS. Se o descontentamento de esquerda reforça o PCP e o BE, o desespero da direita joga a favor do PS.

Há ainda quem, à direita, espere que a "bipolarização" funcione em 2009, ou que a substituição de Menezes, à última da hora, salve a honra da casa. Podem ser duas ilusões. Os problemas do PSD não começaram com Menezes. Remontam, pelo menos, à dupla derrota de 1995. Os líderes do PSD ficaram então à espera de uma nova oportunidade para reeditarem a velha política de expansão das infra-estruturas e do Estado social. Não perceberam que precisavam de mudar de agenda e dar prioridade à reforma do Estado - como o PS, com Sócrates, percebeu. Quanto ao CDS, abandonado o populismo antieuropeísta do PP e perante a erosão da infra-estrutura partidária, não conseguiu resistir com convicção à velha estratégia de tentar salvar os votos suficientes para arbitrar a formação de maiorias entre o PS e o PSD. Daí a imensa decepção do governo de 2002-2005: só podia ter sido o que foi. Bastará a rotina eleitoral ou uma súbita "cara nova" para compensar o trabalho que ainda ninguém fez e a imaginação que ainda ninguém mostrou?

E que interessa isto a quem nem sequer vota à direita? Quando o pluralismo político não se traduz numa concorrência real, que obrigue quem vai à frente a aplicar-se e a fazer melhor, somos todos menos bem servidos. Um sistema político sem alternativa é, só por isso, claustrofóbico. Mesmo a esquerda precisava de outra direita.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Ramos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

VOLTAM AS MANIFS CONTRA A POLÍTICA DA SAÚDE

«Os protestos contra a reorganização dos serviços de saúde estão de volta, cerca de mês e meio depois da mudança de titular na pasta da saúde. Amanhã, em Grândola, a população vai marchar pelo IP-1 contra o encerramento nocturno do SAP. No distrito de Aveiro, a população de Vale de Cambra já marcou o dia 5 de Abril para se fazer ouvir contra o encerramento do serviço de urgência do centro de saúde local. Uma caravana de autocarros irá até ao Governo Civil de Aveiro, onde será entregue um documento com as razões do descontentamento. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Um PSD perdido e desorientado socorre-se do que lhe resta, usa as autarquias para organizar manifestações contra a política na Saúde.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Menezes quais são as suas propostas para o sector.»

PEDIR PARA DEIXAR DE SER PRECÁRIO É MOTIVO DE DESPEDIMENTO NO EXPRESSO

«Supostamente, na génese da alegada decisão está a carta enviada por Isabel Oliveira à Administração da Sojornal (que detém a publicação), na qual "pedia para entrar para os quadros", alegando funcionar com integração hierárquica e depender economicamente do Expresso desde 2000.Acção que, na opinião de Henrique Monteiro, "foi de uma deslealdade total para com a direcção e para com o editor" de política, secção em que Isabel Oliveira colaborava à peça e em regime de recibos verdes, fazendo a cobertura da informação relativa ao Bloco de Esquerda. Além disso, "não seria uma decisão da administração", explicou ao DN o director do Expresso.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Um bom exemplo dado por Pinto Balsemão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Equacione-se a hipótese de boicotar a leitura do Expresso.»

CHOVEM DÓLARES PARA A EX "NAMORADA" DO GOVERNADOR DE NOVA IORQUE

«Un millón de dólares por aparecer en un programa de televisión para adultos. Esa es la oferta que ha recibido de una cadena norteamericana Kristen, la prostituta de lujo que provocó la renuncia del ex senador de Nueva York Elito Spitzer, según informa la CNN.

El programa se llama 'Girls gone wild' ('Las chicas se vuelven locas') y ha ofertado a la joven de 22 años un millón de dólares (unos 630.000 euros) por formar parte de su equipo. La idea ha surgido del propietario del programa, Joe Francis, que reconoce que se trata de "una oferta seria y espero que ella me conteste lo antes posible".» [20 Minutos]

BULGÁRIA, HUNGRIA E CROÁCIA VÃO RECONHECER O KOSOVO

«Bulgaria, Hungría y Croacia serán los primeros países limítrofes con Serbia que reconocen la independencia de Kosovo, proclamada de forma unilateral por el Parlamento kosovar el pasado 17 de febrero. Las tres capitales lo han anunciado hoy en un documento. Hungría ya ha oficializado el reconocimiento, según ha informado la secretaria de Estado de Exteriores, Marta Fekszi.» [20 Minutos]

DG DOS IMPOSTOS RECORRE A MAILS PESSOAIS PARA PRESSIONAR OS SERVIÇOS

«Nos primeiros dois meses a execução de penhoras fiscais de automóveis, salários, contas bancárias ou imóveis ficou aquém do previsto, ameaçando as metas de cobrança intermédias. Os cifrões não estão consolidados, mas algumas repartições de Finanças estão a receber "sinais de alarme" com o próprio director geral de impostos, José Azevedo Pereira, a fazer marcação cerrada às respectivas chefias, apurou o DN. Azevedo Pereira enviou no princípio desta semana, para algumas repartições um e-mail personalizados, chamando a atenção para o fraco desempenho dos serviços na execução fiscal, no que é visto como "um autêntico puxão de orelhas". Um acompanhamento pessoal para obrigar os chefes de repartição a intensificar as penhoras fiscais.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Talvez também não fosse má ideia ser-se criterioso na escolha das chefias.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelos resultados.»

O JUMENTO NO TECHNORATI

  1. O "Arquipélago" coloca-me a etiqueta de "voz socialista" seguindo uma velha tradição portuguesa, depois de colocada uma etiqueta é mais fácil contestar as ideias. É uma pena que não o tenha feito sem recorrer a etiquetas, coisa a que a Europa se habituou desde o tempo em que um ditador decidiu etiquetar todos os que não suportava.
  2. Sobre o mesmo post Vital Moreira acha, no "Causa Nossa", que meti o dedo na ferida.
  3. O "PicturaPixel" e o "Não há mal que não se cure" gostaram do post relativo ao Tibete.

TREPADEIRA

ARINA REIZVIH

CÃO DE CAÇA

EFFIE AWARDS