domingo, março 23, 2008

Semanada


Se não fosse o Youtube esta semana teria sido mesmo uma Semana Santa, o Luís Filipe Menezes não abusou das asneiras, Santana Lopes continua em recolhimento, Paulo Portas lá vai espiando os seus pecados, Sócrates regressou ao silêncio conventual, nem sequer as acelerações de Marco António na auto-estrada teria perturbado a nossa semana de quase abstinência política.

Nem demos pelos trinta anos de governo de Alberto João que depois de sacar 2000€ ao Daniel Amaral vai para o Guinesse como o palhaço mais caro do mundo pois ainda antes de ter entrado em cena ganhou tão grande quantia. Por falar em cubanos também não demos grande importância ao facto de os agricultores de Cuba já poderem comprar botas para trabalhar no campo, certamente uma consequência dos conselhos do autarca de Vila Real de Santo António que graças às consultas de oftalmologia em terras de Fidel descobriu que até tem olhinhos para a política.

Mas o Youtube tinha que estragar tudo, agora que o PS já tinha arrumado as bandeiras do comício no Porto e os e-sindicalistas tinham decidido poupar na despesa dos sms para organizar manifestações espontâneas destinadas a chamar fascista a Sócrates e aos seus acólitos, os termos usados pelo PCP para designar no Avante o secretário-geral e os militantes do PS. Quando já estávamos a temperar o cabrito veio e passadas umas semanas desde a entrega dos Óscares de Hollywood eis que uma turma de repetentes decidiu fazer uma gracinha e transformou o vídeo num best seller. Menezes deixou o cabrito a meio, a ministra quase se engasgou, o secretário de estado vomitou, os sindicalistas gritaram aleluia, Portas abandonou o confessionário, o país parou para ver a matulona do 9.º C a puxar pela professora, para que esta lhe devolvesse o telemóvel.

Razão terá o cardeal patriarca de Lisboa se protestar porque o telemóvel perturbou o sossego que se espera da Semana Santa, começou com os sms de apelo à manif espontânea no Porto e foi nesta cidade que o telemóvel voltou a estar no centro das atenções, da mesma forma que foi um telemóvel que gravou a nova obra-prima do cinema português, a cena do 9.º C do Carolina Michaelis.