sábado, março 12, 2011

O Pac Man


Em vez da designação PEC (que de estabilidade e crescimento estes programas nada têm) estes programas que o Teixeira dos Santos vai adoptando ao ritmo dos conselhos europeus, dos aumentos das taxas de juro ou dos telefonemas da senhora Merkel deviam designar-se por programas Pac Men pois isto parece-se mais com um jogo onde o monstrinho do ministro das Finanças vai comendo bolinhas de rendimento sucessivas. Aliás, Teixeira dos Santos devia ter a alcunha de Pac Men pois de ministro das Finanças parece ter só o nome.

Como é que a política económica de um país pode ter credibilidade se em pouco tempo já vamos em quatro PEC mais um orçamento? Quando os indicadores apontavam claramente para a necessidade de serem adoptadas medidas, disse aqui muitas vezes “adoptem as medidas porra!” Teixeira dos Santos tranquilizava-nos e aos investidores assegurando que a execução orçamental estava em linha com as sua previsões e que poderíamos estar descansados, Sócrates até ficava escandalizado quando alguém sugeria que pudesse vir a cortar nos vencimentos. Depois veio a desculpa dos submarinos e agora os cortes já davam para adquirir uma frota de submarinos e ainda sobrava para uma entrada de um porta-aviões.

Mais um PEC e Portugal estaria a adoptar por iniciativa governamental medidas bem mais duras do que as que resultariam de um pedido de ajuda internacional e, todavia, os juros não descem. Isso significa que as medidas foram adoptadas no momento errado e pelo ministro errado. Se as taxas de juro continuarem a subir o problema já não é da necessidade de medidas, é da forma como são decididas e da credibilidade de quem as decide. Isto já não é política económica, é incontinência governamental.

Algumas das medidas agora adoptadas deveriam ter sido decididas no ano passado, a esta hora os juros que pagamos seriam mais baixos e as expectativas seriam mais positivas. Mas é também evidente que continua a investir-se nos projectos emblemáticos para Sócrates ao mesmo tempo que a austeridade é selectiva, deixando muita gente de fora.

Quantos PEC serão necessários para Teixeira dos Santos eliminar os tachos que criou desnecessariamente como, por exemplo, os controladores financeiro ou o provedor do crédito)? Quantos PEC são necessários para acabar com a autêntica zona franca das fundações, onde, a título de exemplo, grandes advogados transferem o edifício para o património da fundação e depois os advogados pagam renda sob a forma de doação que pode ser deduzida dos seus impostos? Quantos PEC serão necessários para que o governo devolva aos escritórios de advogados amigos e consultoras o autêntico cardume de jovens desenrascados, incompetentes, arrogantes e mal-educados, colocando no seu lugar altos quadros do Estado como sempre sucedeu? Quantos PEC serão necessários para o governo admitir que durante mais de cinco anos nada fez no domínio do combate à evasão fiscal conseguindo receitas fiscais à custa dos que sempre pagam e agora que estas não chegam optou pelos cortes em vencimentos e pensões? Quantos PEC serão necessários para tirarem o cavalo da estátua do D. José, no Terreiro do Paço, e no seu lugar meterem o Teixeira dos Santos?