quarta-feira, março 16, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

"Bom Sucesso", Olhão

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

No Porto [A. Cabral]

IMAGEM DO DIA

[Muhammed Muheisen/Associated Press]

«PEEK-A-BOO: A boy peered between the skirts of women protesting against the government in San’a, Yemen, Tuesday. Thousands of protesters took to the streets in the southern provinces of Taiz, Aden and Hadramawt.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Cláudia Reis, "jornalista" do 'i'

Dou a minha volta pela comunicação social online e depois de ler o artigo de Mário Soares no DN sigo os jornais por ordem alfabética, chegado ao jornal "i", um velho amigo que um dia decidiu assumir o papel de jornal bufo, fico com dúvidas sobre a minha sanidade mental, a "jornalista" Cláudia Reis (suponho que uma jovem felizarda que se soube desenrascar) atribuía a Mário Soares a opinião de que "apesar dos esforços do Governo, o melhor será mesmo antecipar as eleições". Nem mais, Mário Soares a defender eleições antecipadas.

Volto a ler e a reler o artigo, uso a busca de palavras e nada, não encontro tal frase ou intenção de Mário Soares que até chega a manifestar dúvidas sobe o interesse de realizar eleições agora:

«E agora? Ao invés do que parece, tudo ainda pode acontecer. Porque os Partidos da Oposição - todos - não querem ir para o Governo, nem assumir responsabilidades, numa situação que não é agradável para ninguém. O Presidente da República, perante o impasse criado, vai dissolver o Parlamento e provocar eleições? Para cairmos, no pior momento, numa campanha eleitoral, como a última presidencial, com as culpas atiradas uns aos outros, sem tratarmos dos problemas nacionais? E para quê? Para chegarmos, talvez, a resultados, mais ou menos, idênticos? Mas se o não fizer, deixa que o Governo - e o PS, o que é mais grave - fiquem a fritar em lume brando? Com que vantagem para o futuro?»

Mas a "jornalista" não se limitou a "completar" o artigo de Soares como bem entendeu, fez algumas interpretações curiosas. Por exemplo, refere que Soares escreve que «O antigo presidente da República referiu que: "é preciso informar completamente os portugueses da situação em que estamos, para os poder mobilizar"» levando o leitor a pensar que Soares também é partidário da política de verdade de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite. O que a "jornalista" não refere é que esta frase serviu de introdução não para uma crítica ao governo mas sim a Cavaco Silva:

«O Presidente da República, no seu discurso de posse, insistiu neste ponto. Mas omitiu que a crise portuguesa actual foi causada e continua a ser, altamente influenciada, pela crise internacional e, em especial, pela europeia. Ora isso constituiu uma falha inaceitável, mesmo que não tenha sido voluntária.»

A falta de honestidade do "i" da bufaria não tem limites e já se altera o sentido de artigos de opinião de Mário Soares chegando-se ao ridículo de lhe atribuírem afirmações que não fez.

TRISTE EUROPA

«Não somos, ao contrário do que alguns pensam e dizem, um país pequeno, sem recursos e condenado à decadência. Temos uma história gloriosa, com altos e baixos, é certo, mas que nos demonstra o contrário. Em alguns períodos não temos sabido governar-nos. É verdade. Mas é útil, para o futuro, aprender a distinguir o trigo do joio, os honestos dos pecadores e não nos deixarmos cair no derrotismo masoquista, em que alguns se comprazem. Criticar é fácil e protestar, mais ainda. É legítimo, aliás, em democracia, criticar e protestar, desde que o façam pacificamente. Mas agir, desinteressada e conscientemente, é melhor, desde que seja em função de uma alternativa, coerente, eficaz e estruturada, tendo uma visão do futuro, inserida num mundo em mudança. É o caminho para podermos sair do atoleiro em que nos encontramos.

É preciso informar completamente os portugueses da situação em que estamos, para os poder mobilizar. O que não tem sido feito suficientemente pelos responsáveis. O Presidente da República, no seu discurso de posse, insistiu neste ponto. Mas omitiu que a crise portuguesa actual foi causada e continua a ser, altamente influenciada, pela crise internacional e, em especial, pela europeia. Ora isso constituiu uma falha inaceitável, mesmo que não tenha sido voluntária.

O primeiro-ministro tem-se esforçado, na resolução da crise, com um zelo patriótico e uma energia pessoal absolutamente excepcionais. Mas cometeu erros graves: não tem informado, pedagogicamente, os portugueses, quanto às medidas tomadas e à situação real do País. Nos últimos dias, negociou o PEC IV sem informar o Presidente da República, o Parlamento e os Parceiros Sociais. Foram esquecimentos imperdoáveis ou actos inúteis, que irão custar-lhe caro. Avisou tão só o líder da Oposição, após a reunião de Bruxelas, pelo telefone. A resposta pública foi-lhe dada no discurso que Passos Coelho proferiu, em Viana do Castelo, muito didáctico, e foi negativa: "Não conte com o PSD para aceitar as novas medidas (negociadas/impostas?) pelos líderes da Zona Euro, reunidos no dia 11 de Março, em Bruxelas." Assim se abre, ao que parece, uma crise política, a juntar às outras que a precederam: financeira, económica (estamos a entrar em recessão), social, ambiental e de valores.

E agora? Ao invés do que parece, tudo ainda pode acontecer. Porque os Partidos da Oposição - todos - não querem ir para o Governo, nem assumir responsabilidades, numa situação que não é agradável para ninguém. O Presidente da República, perante o impasse criado, vai dissolver o Parlamento e provocar eleições? Para cairmos, no pior momento, numa campanha eleitoral, como a última presidencial, com as culpas atiradas uns aos outros, sem tratarmos dos problemas nacionais? E para quê? Para chegarmos, talvez, a resultados, mais ou menos, idênticos? Mas se o não fizer, deixa que o Governo - e o PS, o que é mais grave - fiquem a fritar em lume brando? Com que vantagem para o futuro?

As informações (poucas) que me chegaram da reunião de Bruxelas indicam que houve pela parte da União dos Estados da Zona Euro um pequeno passo em frente, incluindo, obviamente, a Senhora Merkel. Mesmo implicando as questões laborais, dadas as pressões dos Sindicatos europeus. Sócrates, entre os seus pares, foi dos que mais combateram quanto ao alargamento das competências do futuro Fundo Europeu. Foi importante e positivo. Mas tudo ficou em carteira, adiado, para debater ainda na próxima reunião dos dias 24 e 25 do corrente mês. Zapatero escreveu uma carta de aceitação prévia e, ao que me disseram - vale o que vale -, ficou bastante calado na reunião. Quando o que seria importante era que os dois Estados ibéricos exigissem uma política europeia convergente e falassem no mesmo sentido. Dar-lhes-ia, em termos europeus, uma importância redobrada. Temos connosco a Comunidade Ibero-Americana e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Não é pequena coisa, em termos europeus.

Veremos o que se passará nas duas próximas semanas, que serão decisivas para a União Europeia e, seguramente, também, para Portugal. (...)» [DN]

Autor:

Mário Soares.

SIM OU SOPAS, COELHO E SÓCRATES

«Os portugueses eram assim: "Larguem-me, que eu mato-o!" Ainda me lembro de ter cruzado cenas dessas, um tipo gritava a sua indignação contra outro, com este pormenor: ninguém o agarrava... Quer dizer, mesmo quando não se queria (ou não podia) bater no outro, gritava-se que sim. Hoje é ao contrário. Nem Passos Coelho diz: "Sai-me da frente!" Nem José Sócrates provoca: "Avança se és homem..." Hoje, a táctica generalizada é nunca por nunca mostrar à multidão que se tomou a iniciativa da porrada, ou da "crise política" para ser mais preciso. Tudo, menos passar por ser aquele que deu o primeiro passo... Não tenho saudades das cenas ridículas de outrora, mas também não sou adepto da hipocrisia actual. Chegados ao que chegamos, às sucessivas e obsessivas meias picardias ("porque uma picardia inteira ia pôr o povo pensar que fui eu a tomar a iniciativa..."), tornou-se necessário um sim ou sopas. Neste momento - tradução deste momento: aquele em que o PS e o PSD, com tanta crise na boca, parecem não se dar conta da responsabilidade que ela lhes traz -, neste infeliz momento, só resta provocar a crise. O PS com uma moção de confiança ou o PSD com uma de censura. A maioria relativa (e será só ela, o prémio...) que um ou outro terá nas próximas eleições talvez dê aos dois a noção de Estado que a ambos agora falha. Eles que pedem tantos sacrifícios talvez aceitem o de se aturar um ao outro.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

PORTUGAL JÁ PEDIU AJUDA?

«Pouco depois das declarações de José Sócrates, o secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, acusou o Governo de esconder que falhou nos objetivos com que se comprometeu perante o país e a União Europeia e que fez já um pedido de ajuda externa.» [Expresso]

Autor:

Miguel Relvas devia explicar no que é o que o governo falhou e provar que foi feito um pedido de ajuda externa. Tanto quanto se sabe as medidas acordadas foram adoptadas e não há quaisquer elementos que permitam afirmar que foi feito um pedido de ajuda, por mais que Miguel Relvas o deseje.

Com esta declaração Relvas não consegue esconder que a estratégia de Passos Coelho passa pelo agravar da crise financeira e por um pedido de ajuda ao exterior, é a política do quanto pior melhor e já se confundem os desejos com a realidade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Relva que tenha calma, a seu tempo chegará a ministro.»

GOVERNO NÃO SABE QUANDO VAI APRESENTAR O PEC NO PARLAMENTO

«Dada a indisponibilidade do Governo para se comprometer com uma data para a apresentação do documento, na conferência de líderes parlamentares, que terminou há poucos minutos, não foi possível agendar o debate sobre as novas medidas de austeridade já anunciadas publicamente e em Bruxelas.

A Oposição foi unânime em condenar "o desrespeito institucional" que a atitude do Governo revela em relação ao Parlamento, órgão perante o qual tem de responder.» [JN]

Autor:

He, he, he.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se à oposição que gurdem as pedras.»

JAPÃO À BEIRA DE UMA GRAVE CRISE NUCLEAR

«O facto de o Governo japonês ter mandado evacuar todas as pessoas num raio de 20 quilómetros em torno da central de nuclear de Fukushima, incluindo funcionários da estação e o facto de ter reconhecido que os índices de radiação estão a disparar e que já atingiram valores considerados nocivos para a saúde faz temer o pior sobre as consequências dos problemas naquela estação.

A Organização Mundial de Saúde afirma, num comunicado no seu site, que o Governo japonês está a tomar todas as medidas necessárias para proteger a saúde da população após as fugas de radioactividade provocadas pelas constantes explosões em vários reactores de Fukushima.

Mas a Agência Internacional de Energia Atómica, a quem o Japão já pediu ajuda para lidar com esta crise nuclear, como mandam os procedimentos internacionais, aponta os níveis de radiação em mais de 400 miliSieverts, quatro vezes mais do que o necessário para provocar cancro e 400 vezes maior que o limite legal. E os serviços meteorológicos indicavam para hoje uma mudança da orientação do vento que se espera hoje que sopre no sentido de terra. Teme-se que acelere a chegada da radiação a Tóquio, a 250 quilómetros de Fukushima.» [Público]

Autor:

Se a contaminação aumentar e a nuvem radioactiva chegar a Tóquio está em causa a segurança de muitos milhões de japoneses.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se.»

PARALISADA 10% DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL JAPONESA

«Os danos provocados pelo terramoto e pelo marmoto e a catástrofe nuclear no Japão levaram já à paralisação de quase 10 por cento da produção industrial nipónica.» [Público]

Autor:

Mais uma dor de cabeça para a economia mundial.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «As ondas de choque de uma crise económica japonesa andarão mais depressa e chegarão a mais paragens do que as do tsunami.»

MUITOS SEGREDOS EM FAMÍLIA NA HORA DE CONSULTAR A INTERNET

«De acordo com a empresa, 44 por cento dos homens inquiridos "preocupam-se mais com o facto de as parceiras verem o seu histórico de navegação do que as mulheres", especialmente no que refere a páginas de pornografia, bancários e compras.

No grupo de 'sites' que os homens gostariam de manter em segredo estão incluídos os pornográficos (73 por cento dos inquiridos) seguidos pelos 'sites' bancários (65 por cento). Um em cada cinco (21 por cento) homens teme ainda que os seus hábitos de jogo sejam expostos, indica o estudo da Microsoft Portugal.

No que refere às mulheres, e embora se possa pensar que estas são mais propensas a visitar em segredo sites de compras 'online', "a verdade é que 49 por cento dos homens estão mais interessados em manter discretas as suas compras 'online', comparativamente a apenas 35 por cento das mulheres" portuguesas. "Surpreendentemente, 43 por cento das mulheres preocupa-se com o facto de alguém poder ver os sites pornográficos que visitaram", aponta ainda o estudo. » [DN]

COITADO DO CAMIONISTA

«Abel Dias disse que as declarações que proferiu ao início da manhã e o facto de tentar convencer os camionistas a aderirem ao protesto foram as razões que razões que levaram a GNR a detê-lo. "Eu não estava a fazer nada de errado, estava apenas a sensibilizar os motoristas a aderirem à nossa luta. Não obriguei ninguém a parar", disse.

Abel Dias, proprietário de uma frota de 11 camiões, foi detido hoje de manhã na rotunda do Castêlo da Maia, quando se deslocou para o meio da faixa de rodagem para falar com um motorista de um camião que circulava na Estrada Nacional 14. "É uma maneira de nos tentar calar, mas não vão conseguir", sublinhou.» [DN]

Parecer:

Foi só falar com o colega no meio de uma rotunda...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»

MINISTRO DA JUSTIÇA MANDOU AVALIAR UM DESPACHO QUE FAVORECEU A MULHER

«O ministro Alberto Martins disse hoje que pediu à Inspeção-geral da Justiça para se pronunciar sobre a legalidade de 39 despachos assinados pelo ex-secretário de Estado João Correia, um dos quais beneficiou a sua mulher, a procuradora Maria Correia Fernandes.

O ministro da Justiça fez este anúncio numa breve declaração aos jornalistas na sequência de notícias hoje divulgadas pela imprensa segundo as quais o seu ministério pagou no ano passado 72 mil euros a Maria Correia Fernandes, por acumulação de funções em dois serviços do Ministério Público. Isto apesar de todos os pareceres da hierarquia do Ministério Público serem contra este pagamento e de ainda não haver uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto, onde corria um processo sobre este assunto.» [Expresso]

Parecer:

Só agora?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro o porquê de ter esperado até agora.»

IN THE PICTURE: WOLFGANG UHLEMANN [Link]

«Our latest In The Picture feature is about Wolfgang Uhlemann from Germany. In his own words he tells us his love of photography started when he was just 12-years-old. We’ll let him tell you the rest.Starting when I was 12 years, I’ve got my first experience in photography together with my father in the movie and photography club of Frankenberg in the former German Democratic Republic. My father passed away when I was 14 and left our equipment to be used solely by myself. In my years as a beekeeper I learned to appreciate and love nature. My attention went especially to small things like insects or blossoms, of which macro photography grants extraordinary insights and impressions. I’d like my work’s contribution to direct people’s attention to the small, but often concealed beauty of life and nature.Some really excellent macro shots of things we normally only observe from a far. Thanks Wolfgang.»

JAPAN - NEW FEARS AS THE TRAGEDY DEEPENS [Boston.com]

TÍTUJAPAN: VAST DEVASTATION [Boston.com]

RENATA SZCZEPANIK