terça-feira, março 22, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Pormenor de flor do Parque Florestal de Monsanto

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

"Olha o passarinho" [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Pedro Passos Coelho

Antes de votar o PEC IV em Portugal e depois de criticar Sócrates de o apresentar primeiro em Bruxelas o líder do PSD decidiu justificar a decisão de o desaprovar recorrendo a isso a um comunicado em inglês colocado no seu site, sem sequer se dar ao trabalho de o traduzir para o português.

E qual é o grande argumento para reprovar o PEC? Que uma maioria alargada daria maior legitimidade ao programa de estabilidade. Só não se percebe se Pedro Passos Coelho está a gozar com os mercados ou com os portugueses.

«O PSD divulgou hoje no seu site uma mensagem em inglês, onde afirma estar comprometido com os esforços de redução do défice e defende que uma “coligação alargada de mudança” a nível político daria legitimidade ao programa de austeridade.

O texto, que se destina a ser lido no estrangeiro, elenca cinco pontos que fundamentam a posição do PSD em relação à actualização do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC), que prevê novas medidas de austeridade para 2012 e 2013. A mensagem destina-se aos mercados e aos líderes europeus, que se reúnem esta quinta-feira em Bruxelas numa cimeira para tomar decisões quanto à resolução da crise da dívida na zona euro.» [Público]

LÍBIA: MASSACRE SEM MORTOS?

Os países do Ocidente estão a bombardear a Líbia com o argumento de ser necessário evitar o massacre de civis, algo que até hoje não está comprovado, os jornalistas independentes que acompanharam os combates entre as tropas do regime e os rebeldes davam conta de um número muito reduzido de vítimas desses combates, porventura muito menos do que o número de civis mortos por estes bombardeamentos e nada que se assemelhe ao número de "vitimas colaterais" diárias no Afeganistão.

O que o Ocidente está fazendo não é evitar qualquer massacre mas sim promover um grande massacre a longo prazo, tal como já sucedeu no Iraque. Estes bombardeamentos visam apenas dar força à revolta que ninguém sabe muito bem quem manipula criando condições para uma guerra civil prolongada.

O Ocidente interveio na Líbia apenas porque receia que as suas multinacionais deixem de estar na posse do petróleo líbio, só isso justifica tantos recursos e tanta rapidez quando o mundo tem assistido a conflitos de muito maiores proporções do que aquele a que se assistia na Líbica. Esta guerra serve apenas os accionistas dessas multinacionais.

E O VENCEDOR É: BELOS COLARINHOS!

«Em França, a Guerra da Líbia já tem um vencedor: Bernard Henri-Lévy. É um personagem muito francês, intelectual com causas e colarinhos vistosos, o que em televisão fica bem. Pertenceu a uma geração chamada de "nouveaux philosophes", com o tempo deixou de ser novo e filósofo, mas guardando os colarinhos. Com a insurreição líbia, ele instalou-se em Bengazi, do lado insurrecto, e mandou textos para o jornal Libération, onde é administrador. Os textos tiveram pouco impacto, mas os líderes rebeldes aceitaram falar com ele. Convenceu-os de que os poderia pôr em contacto com o Presidente Sarkozy, que tratava por tu. Ei-lo, BHL (ele gosta de ser tratado pela sigla), numa guerra civil, como Malraux em Espanha, com a vantagem de não ter de subir para um avião de combate. Entretanto, a americana Hillary Clinton ouviu outros emissários: a Liga Árabe, há muito farta de Kadhafi, considerava que a matança deste contra o seu próprio povo podia virar-se contra todos os governos árabes. Com as costas quentes, os americanos aceitaram intervir, a Inglaterra e a França vindo atrás. A posição da Liga Árabe - sacrificar um ditador para salvar os outros - foi a decisiva, mas em França a história contada é outra: foi BHV quem despertou a consciência mundial contra Kadhafi. Sobre esta guerra, causas e saídas, nada. Mas fica a certeza: na televisão francesa a presença de colarinhos vistosos será constante. » [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.

TERRAMOTO AO 'RALENTI'

«Se as coisas acontecerem como se anuncia, na semana que agora começa, a Assembleia recusará a actualização do PEC e na cimeira europeia imediata o primeiro-ministro terá que pedir adiamento da apresentação da proposta portuguesa, até que chegue um novo governo disposto a renovar o pedido. Só que já tudo terá então mudado.

O país terá que voltar ao mercado à procura de 4 milhares de milhões em Abril, e de 5 milhões em Maio, em condições financeiras hoje impossíveis de prever, certamente mais gravosas que as actuais. As medidas de reforço deste ano ficarão sem efeito e o governo em funções nada mais poderá fazer que cumprir o Orçamento de 2011. Os movimentos imprevisíveis do preço de combustíveis, alimentos e matérias primas, aliados à crise do Japão, confirmarão a redução do crescimento. Bruxelas exigirá as privatizações prometidas e a Zona Euro o reforço de capitais na banca privada nacional. E como, "onde não há, el-rei perde", eis que tudo será vendido barato, como aliás tem vindo a ser preparado pelos que especulam com a nossa dívida soberana. Algumas das jóias da coroa sairão de mãos nacionais e entre um quinto e um terço da banca privada terá o mesmo destino.

Um novo governo, qualquer que seja a sua maioria, chegará a Bruxelas com as calças na mão: o país estará à beira de uma falência artificialmente provocada, dividido e traumatizado por um prolongado debate, pejado de irracionalidades e falsidades e será então confrontado com novas exigências. Mais duras, muito mais que as anteriores, com o país desmoralizado. Os mercados permanecerão insensíveis à renovada cor política do governo, ávidos como sempre, exigindo mais suor e lágrimas. Bruxelas levará tempo a reconhecer as novas faces. Estas prestar-se-ão a novos equívocos. A ingenuidade do deslumbramento de recém-empossados (tal como a Irlanda) levantará mais olhares desconfiados, a química levará tempo a estabelecer-se. As medidas que hoje se recusam, mais por calculismo que por compaixão social serão agravadas na linha dura (haverá outra?), a classe média mais penalizada e a instabilidade social fará regressar a instabilidade política. A única coisa boa que sabemos é que chegaremos ao Verão com meio ano de boa execução orçamental. O governo incumbente dela fará ponto de honra. Este é apenas um dos cenários, pode haver outros, todos piores. Já pensaram no que acontecerá se das eleições artificialmente antecipadas pela imperícia de Cavaco e pela avidez dos barões que Passos Coelho deixou de controlar, resultar uma simples maioria relativa, mesmo com PSD e CDS juntos?» [DE]

Autor:

António Correia de Campos.

JORNAL "L'UNITÀ" DIVULGA IMAGENS DAS FESTA BUNGA BUNGA DE BERLUSCONI

«O jornal italiano "L'Unità" publicou ontem fotografias supostamente tiradas nas famosas festas "bunga-bunga" dadas pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.

As fotografias terão sido tiradas em Outubro e Agosto de 2010, durante as festas privadas dadas por Silvio Berlusconi na mansão da villa San Martino, conhecidas como festas "bunga-bunga" (sinónimo de orgia), e mostram, entre outras cenas, uma rapariga (Barbara Guerra) com um uniforme de polícia muito decotado, duas raparigas a beijarem-se, ou os pés nus de uma jovem numa cama amarrotada.» [DN]

Parecer:

Bunga Bunga.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Bunga Bunga!»

SÓCRATES INCLUI CABEÇAS DAS CHEFIAS DO ESTADO NO PEC

«Recorde-se que em 2007, com o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), o Governo conseguiu uma redução em 25% das estruturas administrativas e chefias da administração central do Estado, mediante a extinção, fusão ou reestruturação de organismos.» [DE]

Parecer:

Isto é populismo porque insinua que é com as cabeças das chefias do Estado que se resolvem os problemas do país, e incompetência porque implica que em menos de três anos o Estado sofre duas vagas sucessivas de reestruturação porque a primeira que o governo promoveu foi um falhanço.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se uma gargalhada porque esta medida nem um protesto merece.»

LIBYA: un AIR STRIKES AID REBELS [Boston.com]

YANNIS PAVLIS