É uma pena que o Diário da República não seja publicado no dia de Entrudo, talvez a Lei das Finanças Regionais tivesse sido publicada nesse dia e estaria criado o ambiente perfeito para a berraria de Alberto João, até se poderia ter apresentado à comunicação social já vestido para o corso carnavalesco e acompanhado de alguns cabeçudos e gigantones mandados pelo PSD do “contenente”.
A intervenção de Alberto João não passou da divulgação de que em 2007 os contribuintes pagarão um Carnaval extra na Região Autónoma da Madeira, um Carnaval destinado a mostrar que o Alberto se vai bambolear como rei acompanhado de um Marques Mendes que não perderá a oportunidade de fazer o papel de bobo da corte da Quinta da Vigia.
É evidente que o Alberto não vai ter nem muitos mais, nem muitos menos votos do que os que costuma ter, ao fim de trinta anos já não há ninguém para comprar e quem não vota nele já suportou sacrifícios suficientes para que agora mude de ideias. Os que não votam PSD há muito que por ali são tratados por traidores ou lacaios do colonialismo, as ameaças do Alberto, da corte de enriquecidos pelo regime e da populaça já não os assusta.
Este Carnaval extra só serve para prolongar o poder de Alberto João e, mais do que isso, para dar uma ajuda a um Marques Mendes que só sobreviverá até às próximas legislativas porque ninguém está disposto a carregar o PSD no estado em que o deixou. A berraria do Alberto João foi um favor que este fez a Marques Mendes, foi o preço assumido pelo líder do PSD-Madeira para apoiar um líder nacional fraco que é o género de líder que lhe convém ter em Lisboa. É a retribuição pelos silêncios de Marques Mendes perante os abusos e devaneios madeirenses, um silêncio que nos faz pensar que Marques Mendes julga que a Madeira é uma ilha do arquipélago das Canárias.
Alberto João foi a arma secreta que Marques Mendes usou para distrair os portugueses da vergonha que tem sido a gestão da Câmara Municipal de Lisboa e para calar os que não lhe perdoam a liderança incompetente e o beco sem saída em que o PSD se meteu no referendo da IGV. Isso explica que Alberto não tenha criticado quem mandou promulgar a lei sem sequer a enviar para o Tribunal Constitucional, o Presidente da República Cavaco Silva. A escrita de Marques Mendes no discurso de Alberto João foi mais do que evidente.
Só que se esta era a arma secreta para Marques Mendes afugentar os seus fantasmas não passa de uma pistola de Carnaval, um pistola de água que ainda por cima disparou para os pés, como se estivesse a fazer xixi. Mais uma vez Marques Mendes meteu água, não entendeu que não ganhou um único voto na Madeira e perdeu muitos mais no Continente e Açores. A continuar assim, Sócrates ainda vai ter mais votos nas próximas legislativas do que o Alberto tem na Madeira e sem fazer palhaçadas, limitando-se a recorrer aos serviços do bobo da corte que lidera o PSD.