quarta-feira, fevereiro 07, 2007

É urgente combater a pobreza



Portugal tem um problema de pobreza, um problema que tem vindo a aumentar, a mudar e a diversificar-se pelas mais diversas formas, a pobreza já não resulta do subdesenvolvimento económico como sucedia na primeira metade do século passado. Não só tem vindo a aumentar como se torna mais difícil de combater, as soluções possíveis ultrapassam em muito a esfera da economia, a pobreza é cada vez mais exclusão e auto exclusão.

É hoje evidente que a economia não resolve o problema da pobreza, aliás, o nosso modelo económico é gerador de pobreza, uma família que subsiste com um ordenado mínimo é pobre e a não ser que viva em meios onde subsistem formas de economia de subsistência dificilmente deixará de o ser.

Não havendo soluções no plano das políticas económicas, as repostas que têm sido dadas estão longe de serem adequadas, oscilam entre a caridade privada que não passa de um paliativo e a institucionalização da pobreza através de ajudas ao rendimento mal distribuídas e mal geridas. Aliás, as ajudas ao rendimento têm-se revelado como geradoras de injustiças, ao mesmo tempo que em vez de combaterem a pobreza acabam por institucionalizar alguns grupos de “pobres”.
Ontem era notícia que tinham sido retirados os filhos a uma mãe por não ter condições económicas para o ter, apesar de trabalhar na agricultura sempre que há trabalho e fazer tudo o que podia para cuidar dos filhos. Não tinha uma casa adequada nem o município tinha condições para a realojar.

Compare-se essa situação com os apoios dados em Lisboa aos milhares de realojados que receberam casas no centro da cidade e que beneficiam do rendimento mínimo multiplicado por proles numerosas que se tornam num excelente negócio.

Não basta que os governos fiquem com a consciência tranquila dizendo quanto gastaram em ajudas ao rendimento, são necessárias políticas activas de combate à pobreza e à exclusão, políticas que estimulem a reinserção económica, medidas económicas que tornem rentáveis modelos económicos e sociais que dificilmente resistirão à voracidade da globalização.

O combate à pobreza não passa apenas pelas políticas sociais, esse objectivo deve estar presente em todas as políticas governamentais, desde a da saúde, como frisou ontem Cavaco Silva, à agricultura cuja dimensão sociológica e ambiental tem sido esquecida, passando pela educação ou pelo emprego.