Passado um dia depois do 1 de Abril eis que sabemos que Jorge Coelho se prepara para abandonar definitivamente a vida política. Se tivesse sido um dia antes seria tentado a brincar com a situação, não teria resistido à tentação de dizer que as Novas Oportunidades tinham proporcionado uma nova saída profissional para um político que há algum tempo se encontrava no quadro dos disponíveis. Mas ao que parece é mesmo verdade, a proximidade das datas foi pura coincidência e não um mero atraso jornalístico.
Se eu fosse o accionista maioritário da Mota-Engil não teria feito melhor escolha, Jorge Coelho é mesmo o homem certo no lugar certo, a política vai acabar por se habituar à sua ausência, os telespectadores da SIC Notícias vão ter que deixar de ouvir os seus finos comentários de fino recorte na Quadratura do Circulo e o mundo empresarial ainda vai a tempo de recuperar um gestor nato que se estava a perder nos subúrbios da política.
Jorge Coelho é a escolha do homem certo para o lugar certo, deve ser dos gestores portugueses aquele que melhor conhece o mercado das obras públicas e, como agora é fino dizer, os seus players. Quem melhor do que Jorge Coelho conhece os “compradores” de obras públicas desde o primeiro-ministro ao mais modesto presidente de junta? Quem melhor do que ele conhece as regras do jogo e os seus rituais privados?
A vida política perde um dos seus “senadores” um homem que durante anos geriu o aparelho do PS, que teve a arte de estabelecer amizades e relações familiares com os barões do PSD. Foi mais um sacrifício que o mundo da política fez em favor da recuperação económica, teve que prescindir de um dos seus melhores agora que as empresas de obras públicas carecem de quadros altamente qualificados. Com as perspectivas de mercado oferecidas por grandes obras públicas com o anúncio do lançamento de novas auto-estradas, da construção do TGV e da nova ponte sobre o Tejo e o lançamento para breve das obras do novo aeroporto o novo líder da Mota-Engil é uma verdadeira mais-valia para esta empresa.
A Mota-Engil está de parabéns por ter contratado um autêntico “Cristiano Ronaldo” para marcar golos nas obras públicas, está de parabéns o PS porque sacrifica um dos melhores quadros dirigentes em favor da recuperação económica, está de parabéns o país porque dá uma grande passo no sentido da flexisegurança ao testa-la precisamente com os políticos.
