Por mais que Menezes assegure que só se recandidata se Jesus vier à terra, a verdade é que os candidatos credíveis à liderança do PSD só tomarão uma decisão quase no termo do prazo para a apresentação das candidaturas. Personalidades como Rui Rio ou Manuela Ferreira Leite não irão correr o risco de perder as directas contra Menezes, da mesma forma que não se candidatarão se as sondagens eleitorais apontarem para uma nova maioria absoluta do PS.
Por outro lado, as segundas figuras do partido só correrão o risco de apoiar um dos candidatos quando se certificarem de que não irão apoiar o candidato errado. É por isso que os candidatos que já avançaram não receberam apoios públicos, apenas Pedro Passos Coelho teve ao seu lado Nogueira Leite porque o ex-secretário de Estado de Pina Moura não precisa do PSD para comer.
Desde que Cavaco Silva desertificou o PSD que este partido sobrevive graças às autarquias, a coluna vertebral do partido são as estruturas partidárias associadas à gestão das autarquias. Em Lisboa não há PSD, há muitas personalidades ministeriáveis, uma imensidão de candidatos a boys mas não há partido, tirando alguns autarcas, como Capucho, o partido está reduzido a gente cuja militância é feita a pensar em cargos.
Menezes sabe tão bem como os seus opositores que se for às directas há uma grande probabilidade de voltar a ganhar, derrotando de uma vez os que o criticaram mas nunca ousaram constituir uma alternativa. Se Menezes tivesse afirmado desde logo que se candidataria perderia a oportunidade de derrotar os opositores que gerem a imagem de prestígio de conseguiram, mas não têm apoios, não aceitariam o risco de sofrer uma derrota às mãos de Menezes, Ribau e Santana.
Estaremos perante uma desistência de Luís Filipe Menezes ou face a uma manobra deste para obrigar os seus opositores a “irem a jogo”?
Se Menezes desistiu o PSD continuará em crise, o futuro líder estará isolado frente a uma oposição interna que conta com o apoio de uma boa parte das bases, nem Ferreira Leite, nem Rui Rio contam com o apoio das bases. O primeiro confronto político vai ser com precisamente com Santana Lopes que conta com o apoio do grupo parlamentar, o mesmo Santana Lopes a quem Cavaco designou por “má moeda”.
Se Menezes regressar conseguirá derrotar os seus opositores mas não os convencerá a ficarem calados, da mesma forma que não convencerá os eleitores a votarem no seu projecto que, aliás, não existe.