Decididamente o problema enfrenta uma crise de falta de respeito, ninguém respeita ninguém, os doentes não respeitam os médicos, os delinquentes perderam o respeito à justiça, os alunos não respeitam os professores, os filhos não respeitam os pais, se não fosse o respeitinho pela directora da DREN, pelo inspector-geral da ASAE e pelo director-geral dos Impostos a desgraça seria completa.
O polícia de serviço não pode estar descansado na esquadra, a qualquer momento entra-lhe um arrastão de mariolas pela esquadra dentro para lhe dar bofetadas. Chegou-se ao ponto de as esquadras deixarem de ser um lugar seguro e os representantes sindicais dos polícias virem para a comunicação social exigir que alguém dê segurança aos polícias. Por este andar terão que ser contratadas empresas de segurança para cuidarem das esquadras de polícia.
No ensino é aquilo que temos visto, agora são os professores que se arriscam a levar com a régua dos oito olhinhos. O Youtube está cheio de cenas de violência e os jornais e televisões quase tiveram que criar secções especializadas em violência sobre professores.
Mas do que eu não estava à espera era de ver Manuela Ferreira Leite apresentar-se como candidata a líder do PSD com o argumento de que se perdeu o respeito ao seu partido. Lá que se perca o respeito, ao professor, ao polícia ou ao magistrado ainda se compreende, mas perder-se o respeito ao PSD é que é mesmo coisa grave.
Manuela Ferreira Leite resistiu a alistar-se na PSP para repor o respeito pela polícia, renunciou a concorrer a professora do ensino secundário para assegurar que os alunos respeitam os professores, mas finalmente decidiu ajudar a salvar o país, reflectiu muito e tomou a decisão mais difícil da sua vida, candidata-se ao PSD para que acabem as faltas de respeito para com o seu partido.
Resta agora saber se vai alterar novamente a imagem do PSD substituindo a(s) seta(s) por uma régua com três olhinhos ou se em vez disso opta por fazer uma cara feia, o que no caso dela nem é difícil, para assustar os opositores e meter os companheiros tresmalhados na linha.