domingo, abril 20, 2008

Semanada


A semana ficou marcada pela excursão da família residente no Palácio de Belém à Ilha da Madeira onde Alberto João proporcionou aos visitantes passeios dignos de um Presidente da República, mostrou-lhe a obra feita poupando-o ao incómodo de aturar bandos de loucos ou de se confrontar com o mau cheiro das situações miseráveis. Cavaco Silva agradeceu e inovou o seu discurso político. As coisas sérias são segredo de Estado e em público transformou a meteorologia no tema dominante da agenda política. Agora aguardamos que vá a Trás-os-Montes ou à Cova da Beira para se pronunciar politicamente sobre o impacto dos microclimas no crescimento dos caracóis ou ao Algarve para nos explicar a influência climática na importância para a gastronomia regional dos carapaus alimados. Aliás, o facto de Cavaco ter assegurado que tinha levado o bom tempo para a Madeira já levou a Protecção Civil a equacionar a hipótese de instalar um centro de emergências no Palácio de Belém, sempre que ocorrer alguma catástrofe como a que aconteceu com as cheias de Sacavém o problema resolve-se levando Cavaco Silva a dar uma volta ao local da crise.

A única declaração política pública feita por Cavaco Silva fora das suas preocupações climáticas foi a de não está a interferir no PSD, algo em que acreditamos pois Cavaco Silva nunca foi dado a interferências no PSD, é-lhe indiferente que o líder seja Santana Lopes ou a idosa Manuela Ferreira Leite. Aliás, se Cavaco Silva de pronunciasse sobre o que se está a passar no PSD nem poderíamos levar a mal pois poderia fazer uma das suas análises meteorológicas já que o que está a ocorrer é precisamente uma chuva de candidato, algo normal para a época pois diz o povo que “em Abril águas mil”. O próprio Ribau Esteves, que se parece mais com um cantor pimba do que com as “boas abertas” das previsões meteorológicas das estações de televisão de Pinto Balsemão, tem-se desdobrado em previsões sobre se vem aí uma candidatura de Luís Filipe Menezes que aguarda uma vaga de fundo para fazer frente à zona frontal vinda da Madeira que empurra Manuela Ferreira Leite para a disputa.

Mais dado à geografia do que às questões climáticas o ministro das Finanças descobriu que o seu governo é o governo GPS (de governação, progresso e solidariedade), algo que não é novo dado que a prenda de Natal que Sócrates ofereceu aos seus ministros foi precisamente um aparelho GPS. Se o do ministro das Finanças em vez de lhe ensinar o caminho para casa lhe diz coisas como “governação, progresso e solidariedade” é porque ou o aparelho que Sócrates lhe ofereceu está avariado ou então o ministro é pouco dado às novas tecnologias e ainda não conseguiu perceber as instruções.

Quem não precisou nem do GPS nem de bom tempo para perseguir Fernanda Câncio foi Rui Gomes da Silva. Armou-se em Joseph McCarthy pois descobriu que a jornalista conseguiu um contrato com a RTP impresso e assinado nos lençóis de José Sócrates, de quem todos sabemos que é namorada como o coitado referiu.

Enquanto andámos a olhar para o céu da Madeira nem demos pelo encerramento do julgamento do caso Lanalgo, o tal que catapultou Maria José Morgado do anonimato para o estatuto de Jet Set da Justiça. Afinal a montanha pariu um rato, o juiz concluiu que não havia matéria, que a PJ fez um mau trabalho e a única condenação foi a de um funcionário que levou papéis para casa. Desta vez a super procuradora não procurou os jornais para falar de corrupção e dos seu vasto currículo de sucessos nesse combate, preferiu ficar a olhar para o ar, assim como Saldanha Sanches que quando o processo rebentou se desdobrava em entrevistas sobre a corrupção no fisco.