A escolha dos militantes do PSD poderá ser entre escolher as próximas legislativas ou perder o futuro, se não resistir à tentação de esquecer a crise e eleger o próximo líder olhando para as sondagens poderão estar a adiar a solução de uma crise que se arrasta há anos.
O PSD deixou de ser um partido vivo e dinâmico, deixou de captar os jovens mais dinâmicos, é visto de soslaio pelas várias elites, deixou de se renovar, enquistando em torno de personalidades sem futuro, que o melhor que podem fazer é serem uma razoável ilustração do passado.
O que pretenderão os militantes do PSD se escolherem uma personalidade como Ferreira Leite? Uma pessoa capaz de unir o PSD, uma política rigorosa, uma opção vencedora para as legislativas?
Sejamos honestos Ferreira Leite foi uma desgraça no ministério da Educação e uma ministra das Finanças sofrível. Na educação entrou em conflito com a geração que hoje tem menos de trinta anos, nas Finanças resolveu o défice à custa de truques, num ano recorreu a um perdão fiscal, no seguinte vendeu património e no terceiro vendeu as dívidas fiscais ao preço da uva mijona. EM três anos não fez qualquer reforma, não adoptou qualquer medida que mereça destaque, não resolveu o défice e ainda teve tempo de designar um director-geral dos impostos que ficou famoso por emitir um despacho ilibando as viaturas do Estado de multas de estacionamento e de fazer o doutoramento ao mesmo tempo que cobrava impostos.
Com Ferreira Leite o PSD pode recuperar alguns votos tresmalhados e conseguir incomodar Sócrates, mas perde a juventude, perde o futuro. O mesmo sucederá que os militantes do PSD escolherem Pedro Santana Lopes.
Com Santana Lopes o PSD corre o risco de ficar abaixo dos 20% dos votos, Pedro Santana Lopes é um político falhado em quem ninguém confia, nem mesmo Luís Filipe Menezes que o promoveu a líder parlamentar. Santana Lopes não passa de um político falhado que insiste em sujar a imagem de Sá Carneiro para tentar dar consistência ao projecto político que nunca teve. Digo sujar porque a forma como ele ou os seus amigos se comportaram em relação aos boatos sobre a vida íntima de Sócrates ou das suas relações com Fernanda Câncio envergonham a memória do fundador do PSD e transformam o partido num clube recreativo da América Latina.
As pressões feitas pela tralha do PSD para que sejam obtidos resultados eleitorais a qualquer custo compreende-se, muitas das personalidades da velha elite do PSD tem interesse em que este partido seja governo, os seus ateliers, escritórios e gabinetes poderão ganhar mais se nos ministérios estiverem velhos amigos. Não pretendem exercer funções públicas nem envolver-se publicamente na política, se o PSD perder continuarão a ganhar os negócios da SIRESP e outros, se o PSD ganhar sempre poderão melhorar os rendimentos. Pouco lhes interessa o futuro do CDS, têm mais de cinquenta anos e apenas querem reforçar os seus rendimentos antes da reforma.
Dificilmente o PSD ganhará as próximas legislativas, mas pode muito bem perder o futuro se em vez de apostar em dar a vez a uma nova geração de políticos insistir em apostar em políticos que apenas são passado.