Não faltarão comentadores e dirigentes partidários a tentarem confundir as europeias como uma sondagem para as legislativas extrapolando os resultados de forma linear, partindo do pressuposto errado de que os portugueses votam sempre no partido que preferem ver no governo independentemente do que está em causa nas eleições. Talvez não seja bem assim e basta recordar a elevada taxa de abstenção.
O grande partido vencedor são as abstenções e serão estas o grande inimigo do PS nas legislativas. A grande dúvida que resulta destas eleições reside em saber se estas abstenções e uma parte do chamado “voto de protesto” são o PRD de José Sócrates, isto é, se uma parte do voto de protesto e das abstenções funcionam como ponto de passagem dos votos para Manuela Ferreira Leite.
Para onde foram os votos do PS? Os grandes ganhadores foi o BE e a abstenção e, muito provavelmente, o próprio CDS. O resultado do PSD é o que mais se aproxima das previsões das sondagens, os 32% são o resultado do elevado nível da abstenção dos eleitores do PS. O PSD não descolou dos habituais 28, 29% das sondagens. Se a transferência de votos que se registou entre o PS e o BE se tivesse registado entre o PS e o PSD este partido teria ficado no limiar da maioria absoluta. Mesmo não estando em causa a escolha de um primeiro-ministro os eleitores do PS preferiram o BE a votar no partido de Manuela Ferreira Leite e os que optaram pela direita escolheram Paulo Portas.
À direita foi o CDS o que mais beneficiou do voto de protesto, muitos dos que o ignoraram nas sondagens votaram nele nas urnas. Se o BE beneficiou do voto de protesto em sectores como os professores, o CDS beneficiou da revolta do meio rural contra o abandono a que foi votado pelo ministro da Agricultura. A família Portas foi a grande vencedora destas eleições e o perfil de cada um dos manos Portas explica bem uma boa parte das transferências de votos do PS para o CDS e BE.
Manuel Ferreira Leite obteve uma meia vitória, não convenceu quase ninguém na sua área política mas foi o partido mais votado por falta de comparência do adversário. Mais do que derrotar Sócrates a líder do PSD derrotou os seus adversários internos. Se até aqui os líderes do PSD eram avaliados pelas sondagens, a própria Ferreira Leite ganhou as directas porque as sondagens lhe davam vantagem em relação a Pedros Passos Coelho, com este resultado Ferreira Leite pode calar os adversários se futuras sondagens lhe forem desfavoráveis.
Se ao impacto das abstenções acrescentarem o fraco desempenho eleitoral de Vital Moreira, um autêntico espanta votos, os responsáveis do PSD terão muito pouco para festejar em privado. Quando o confronto for entre Ferreira Leite e José Sócrates todas as cartas serão baralhadas, a abstenção será mais pequena (ainda que previsivelmente elevada) e muitos do que agora votaram BE e mesmo PCP questionar-se-ão se preferem Manuela Ferreira Leite ou Sócrates em São Bento.
Quando chegarem as legislativas serão poucos os portugueses que sabem que Paulo Rangel é deputado europeu, a não ser que Ferreira Leite volte a tirar o mesmo coelho da cartola e o apresente como seu braço-direito num futuro governo, cenário que, aliás, é muito provável. Uma coisa é votar num deputado europeu de que nos vamos esquecer, outra é escolher Ferreira Leite para primeira-ministra, ainda por cima sabendo-se que vai ter Paulo Portas como número dois. Ferreira Leite e Paulo Porta foi o que demais detestável teve o último Governo do PSD; já que o de Santana Lopes não conta, não passou de um fait-divers de alguns meses.
Não faltarão os que votaram BE, PCP e PSD para protestar contra a irracionalidade de algumas medidas do Governo de Sócrates. Mas os funcionários públicos sabem que se Ferreira Leite chegasse ao poder manteria todas as medidas e ainda acrescentaria algumas, é bom recordar que não faltava no PSD quem defendesse o despedimento de 150 mil funcionários públicos. Parece-me que o partido que menos beneficiou do voto de protesto poderá ter sido o CDS, ainda que admita que algum eleitorado do PS preferiu votar neste partido a votar no PSD como forma de protestar.
Mais do que derrotar o PS Manuela Ferreira Leite derrotou os seus opositores internos, ainda que tenha criado o seu sucessor na personagem de Paulo Rangel, o seu discurso de vitória foi mais o discurso de um líder partidário do que o de um futuro deputado europeu. Manuela Ferreira Leite não poderá dizer aos portugueses, como disse Paulo Rangel, que vai resolver a crise económica com os fundos europeus. Este outddoor do PSD vai ser uma dor de cabeça pois algumas das parvoíces publicitárias a que Paulo Rangel recorreu irão condicionar as propostas da líder do PSD.
Para Sócrates este resultado eleitoral tem a vantagem de o fazer perceber que pode perder as legislativas, confrontando-o com a necessidade urgentes de se tratar o autismo e da arrogância. Neste sentido Ferreira Leite poder ter tido uma vitória precoce obrigando o primeiro-ministro a corrigir o discurso a tempo de recuperar para as legislativas.
Se Sócrates insistir em considerar que todos os funcionários públicos são inimigos do progresso, se permitir a idiotas como o secretário de Estado da Administração Pública continuem a dizer que trucidará quem encontrar na frente, se o ministro da Agricultura não perceber que nem todos os agricultores vivem e sobrevivem de subsídios, então estará condenado.
O grande partido vencedor são as abstenções e serão estas o grande inimigo do PS nas legislativas. A grande dúvida que resulta destas eleições reside em saber se estas abstenções e uma parte do chamado “voto de protesto” são o PRD de José Sócrates, isto é, se uma parte do voto de protesto e das abstenções funcionam como ponto de passagem dos votos para Manuela Ferreira Leite.
Para onde foram os votos do PS? Os grandes ganhadores foi o BE e a abstenção e, muito provavelmente, o próprio CDS. O resultado do PSD é o que mais se aproxima das previsões das sondagens, os 32% são o resultado do elevado nível da abstenção dos eleitores do PS. O PSD não descolou dos habituais 28, 29% das sondagens. Se a transferência de votos que se registou entre o PS e o BE se tivesse registado entre o PS e o PSD este partido teria ficado no limiar da maioria absoluta. Mesmo não estando em causa a escolha de um primeiro-ministro os eleitores do PS preferiram o BE a votar no partido de Manuela Ferreira Leite e os que optaram pela direita escolheram Paulo Portas.
À direita foi o CDS o que mais beneficiou do voto de protesto, muitos dos que o ignoraram nas sondagens votaram nele nas urnas. Se o BE beneficiou do voto de protesto em sectores como os professores, o CDS beneficiou da revolta do meio rural contra o abandono a que foi votado pelo ministro da Agricultura. A família Portas foi a grande vencedora destas eleições e o perfil de cada um dos manos Portas explica bem uma boa parte das transferências de votos do PS para o CDS e BE.
Manuel Ferreira Leite obteve uma meia vitória, não convenceu quase ninguém na sua área política mas foi o partido mais votado por falta de comparência do adversário. Mais do que derrotar Sócrates a líder do PSD derrotou os seus adversários internos. Se até aqui os líderes do PSD eram avaliados pelas sondagens, a própria Ferreira Leite ganhou as directas porque as sondagens lhe davam vantagem em relação a Pedros Passos Coelho, com este resultado Ferreira Leite pode calar os adversários se futuras sondagens lhe forem desfavoráveis.
Se ao impacto das abstenções acrescentarem o fraco desempenho eleitoral de Vital Moreira, um autêntico espanta votos, os responsáveis do PSD terão muito pouco para festejar em privado. Quando o confronto for entre Ferreira Leite e José Sócrates todas as cartas serão baralhadas, a abstenção será mais pequena (ainda que previsivelmente elevada) e muitos do que agora votaram BE e mesmo PCP questionar-se-ão se preferem Manuela Ferreira Leite ou Sócrates em São Bento.
Quando chegarem as legislativas serão poucos os portugueses que sabem que Paulo Rangel é deputado europeu, a não ser que Ferreira Leite volte a tirar o mesmo coelho da cartola e o apresente como seu braço-direito num futuro governo, cenário que, aliás, é muito provável. Uma coisa é votar num deputado europeu de que nos vamos esquecer, outra é escolher Ferreira Leite para primeira-ministra, ainda por cima sabendo-se que vai ter Paulo Portas como número dois. Ferreira Leite e Paulo Porta foi o que demais detestável teve o último Governo do PSD; já que o de Santana Lopes não conta, não passou de um fait-divers de alguns meses.
Não faltarão os que votaram BE, PCP e PSD para protestar contra a irracionalidade de algumas medidas do Governo de Sócrates. Mas os funcionários públicos sabem que se Ferreira Leite chegasse ao poder manteria todas as medidas e ainda acrescentaria algumas, é bom recordar que não faltava no PSD quem defendesse o despedimento de 150 mil funcionários públicos. Parece-me que o partido que menos beneficiou do voto de protesto poderá ter sido o CDS, ainda que admita que algum eleitorado do PS preferiu votar neste partido a votar no PSD como forma de protestar.
Mais do que derrotar o PS Manuela Ferreira Leite derrotou os seus opositores internos, ainda que tenha criado o seu sucessor na personagem de Paulo Rangel, o seu discurso de vitória foi mais o discurso de um líder partidário do que o de um futuro deputado europeu. Manuela Ferreira Leite não poderá dizer aos portugueses, como disse Paulo Rangel, que vai resolver a crise económica com os fundos europeus. Este outddoor do PSD vai ser uma dor de cabeça pois algumas das parvoíces publicitárias a que Paulo Rangel recorreu irão condicionar as propostas da líder do PSD.
Para Sócrates este resultado eleitoral tem a vantagem de o fazer perceber que pode perder as legislativas, confrontando-o com a necessidade urgentes de se tratar o autismo e da arrogância. Neste sentido Ferreira Leite poder ter tido uma vitória precoce obrigando o primeiro-ministro a corrigir o discurso a tempo de recuperar para as legislativas.
Se Sócrates insistir em considerar que todos os funcionários públicos são inimigos do progresso, se permitir a idiotas como o secretário de Estado da Administração Pública continuem a dizer que trucidará quem encontrar na frente, se o ministro da Agricultura não perceber que nem todos os agricultores vivem e sobrevivem de subsídios, então estará condenado.