quinta-feira, junho 04, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Quinta das Conchas, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Finbarr O’Reilly/Reuters]

«A Somali refugee girl held an empty cup while waiting to be registered by the United Nations High Commission of Refugees at Dagahaley camp in Dadaab, Kenya, Wednesday. Weeks of intense fighting in Somalia has driven tens of thousands of people from their homes, swelling camps on the Kenyan border. Islamists briefly re-took an area of Mogadishu on Wednesday in street battles that killed 14 people and wounded dozens more.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva

Ainda a propósito do seu negócio com acções do BPN Cavaco Silva disse hoje à comunicação social que "recentemente foi noticiado que eu tinha tentado esconder que da minha carteira de títulos e da minha mulher faziam parte - há muitos anos, muitos anos antes de ser Presidente da República - acções da SLN. Não é verdade. E se eu digo que não é verdade é porque estou perfeitamente seguro que o posso dizer". Foi um pouco tarde mas Cavaco acabou por vir dar explicações públicas.

Não deixa de ser estranho que um banco a quem Cavaco Silva confiou as suas poupanças tenha comprado acções da SLN e, por mera coincidência certamente, a filha terá investido as poupanças no mesmo banco que optou por as aplicar igualmente na SLN. Enfim, quis o destino que o banco tivesse investido as poupanças no banco dos amigos do partido.

Também é estranho que tendo Cavaco Silva entregue a decisão de investimento a um banco se tenha substituído a esse banco na hora da venda das acções e ainda por cima entregou a venda a Oliveira e Costa que decidiu quem as comprava e a que preço as vendia, nas ordens de venda da família Silva não consta qualquer preço. Ou Cavaco adivinhou o preço, já que as acções não eram cotadas, ou teve uma grande sorte ao vendê-las pelo dobro do preço que as tinha comprado.

Mas há um pequeno pormenor que não entendo, se Cavaco tinha entregue a gestão das suas poupanças a um banco porque razão na hora de solicitar a venda se dirigiu à SLN que, tanto quanto se sabe, não é um banco? Será que o tal banco as entregou ao cuidado da BPN ou o banco a que se refere Cavaco Silva é o próprio BPN? Fará sentido entregar as poupanças a um banco que as aplica nas suas próprias acções não cotadas poor um preço que ele próprio decide? Não me parece que faça muito sentido. Mas vejamos o que diz a carta de Cavaco Silva reproduzida no Expresso:

"Exmo. Sr.
Presidente do Conselho de Administração da
Sociedade Lusa de Negócios

Lisboa, 17 de Novembro de 2003

Exmo. Senhor
Venho por este meio solicitar a V. Excia. que proceda à venda das 105.378 acções da SLN de que sou titular e que se encontram depositadas no BPN, conta n.º 6196171.

Com os melhores cumprimentos
Aníbal Cavaco Silva"

Entre Novembro de 2003 e Janeiro de 2006 não decorreram assim muitos anos e mesmo que as acções tenha sido compradas muitos anos a expressão "muitos, muitos anos" usada por Cavaco Silva é um pouco exagerada. Cavaco não tinha acções da SLN há muitos, muitos anos, tinha-as ainda há apenas seis anos. Trata-se de um pequeno truque de linguagem inofensivo, mas ainda assim um truque de linguagem.

Peço imensa desculpa senhor Presidente, mas sem melhores explicações não acredito no que declarou, nem sequer entendo a necessidade de o ter feito já que ninguém o questionou ou lançou dúvidas sobre os seus negócios familiares.

AVES DE LISBOA

Pombo-torcaz [Columba palumbus]
Local: Quinta das Conchas

FLORES DE LISBOA

Flor silvestre na Quinta das Conchas

COINCIDÊNCIAS

«O Presidente da República, Cavaco Silva, negou hoje que tenha tido na sua carteira acções da Sociedade Lusa de Negócios, esclarecendo que o investimento nesses títulos foi feito por "um banco" a quem entregou as suas poupanças.

"Recentemente foi noticiado que eu tinha tentado esconder que da minha carteira de títulos e da minha mulher faziam parte - há muitos anos, muitos anos antes de ser Presidente da República - acções da SLN. Não é verdade. E se eu digo que não é verdade é porque estou perfeitamente seguro que o posso dizer", afirmou Cavaco Silva, à margem da entrega dos prémios COTEC Inovação.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Estas declarações de Cavaco Silva deixam-me com mais dúvidas do que aquelas que já tinha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Cavaco Silva que divulgue elementos que documentem melhor o que disse.»

DIAS LOUREIRO VAI SER OUVIDO O MAIS DEPRESSA POSSÍVEL

«"Vamos ouvi-lo o mais rapidamente possível", afirmou Cândida Almeida à entrada para uma conferência sobre Direito Penal Global, a decorrer em Lisboa.

Segundo a directora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DCIAP), a audição de Dias Loureiro, que foi administrador do grupo SLN/BPN, deverá acontecer ainda este mês.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Ainda há alguns dias alguém dizia que não havia pressa em ouvir Dias Loureiro, a prioridade era estudar os actos de gestão de Oliveira e Costa, esquecendo que estes actos de gestão eram de uma administração a que Dias Loureiro pertencia. Agora tudo mudou. Porquê?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Procurador-Geral se o objectivo é apurar a verdade ou deixar Dias Loureiro descansado.»

A ANEDOTA DO DIA

«A procuradora-geral adjunta Cândida Almeida considerou hoje "inadmissível" o atraso do processo Portucale, atribuindo-o ao excesso de garantias dadas aos intervenientes no código de processo penal.

O processo Portucale, relacionado com o abate ilegal de sobreiros na Herdade da Vargem Fresca, em Banavente, levou à acusação de uma dezena de pessoas, incluindo o ex-dirigente do CDS/PP Abel Pinheiro.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Agora todas as incompetências do Ministério Público são culpa das leis. Deus nos livre de procuradores e polícias que detestam os direitos da defesa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se há quanto tempo se arrastava o processo Portucale antes da alteração das normas.»

HERMAN VAI TRABALHAR PARA A FAMÍLIA MONIZ

«Foi a surpresa reservada por José Eduardo Moniz, director-geral da TVI, para as noites de domingo. Herman José vai apresentar um concurso de talentos musicais, em que os concorrentes vão imitar grandes cantores, inclusive fisicamente. O programa ainda nãso tem um nome português, mas é uma daptação do original da BBC, “The One and Only”.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Mais um falhanço de Herman José.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

DIAS LOUREIRO INVOCA O DIREITO AO BOM-NOME

«Dias Loureiro, antigo administrador da Sociedade Lusa de Negócios, que detinha o Banco Português de Negócios, invocou o direito ao bom-nome quando pediu ao Procurador-geral da República para ser ouvido no inquérito criminal ao caso BPN.

"Não sei que lei poderei invocar para fundamentar o pedido que venho fazer. Sei, no entanto, que todo o cidadão tem direito ao bom-nome", escreve Dias Loureiro na carta que enviou no dia 28 de Maio a Pinto Monteiro e que a agência Lusa teve acesso.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Pelos vistos o Ministério Público anda a emitir certificados de bom-nome.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um a Pinto Monteiro para O Jumento.»

MÃE BIOLÓGICA PERDE O DIREITO DE SER MÃE DE AMOR

«Tem ao cabelo louro, os olhos claros, chama-se Martim. Aos dois meses de vida foi encaminhado para o Refúgio Aboim Ascensão, o centro de emergência infantil em Faro, onde tem estado nos últimos dois anos. Os tribunais entendem que deve ser adoptado. Ana Leonardo, a mãe biológica, não se conforma. Ainda não tem 16 anos, mas está em guerra com a Justiça. Quer o filho de volta. "Martim estamos à tua espera", era uma das frases de um dos cartazes de cartolina que ontem empunhou à porta do refúgio.» [Público assinantes]

Parecer:

Será que as ex primeiras damas se vão envolver neste caso?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»

LINH DINH

PERRIER