terça-feira, junho 16, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Nova igreja de Fátima (imagem de A.C.)

IMAGEM DO DIA

[Peter Morrison/Associated Press]

«Soldiers carried Lance Cpl. Nigel Moffett’s coffin at a Belfast cemetery Monday. He was killed in action in Afghanistan May 30.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

João Cravinho

De alguns amigos costuma-se dizer que é preferível ter inimigos, o mesmo se pode dizer de alguns políticos, pela forma como se comportam algumas personalidades do PS é muito provável que Sócrates tenha mais consideração por políticos do PSD. Um destes casos é João Cravinho que desde que Sócrates é primeiro-ministro não perde uma oportunidade para o atacar, usando de preferência os temas mais mediáticos como a corrupção e as obras públicas e intervindo de forma a ganhar o maior protagonismo possível.

Desde que foi para um alto cargo europeu onde pouco se faz e se ganha muito que João Cravinho vem fim-de-semana sim, fim-de-semana não, muito provavelmente viajando em classe executiva à custa do erário público, para mandar umas farpas a Sócrates. Só é pena que quando Sócrates o convidou não tenha tido a coragem de mandar a mais correcta das farpas, a recusa do lugar. Foi assim que se comportou Pacheco Pereira quando foi convidado para embaixador na Unesco, ganhou uma autoridade que Cravinho não tem, até porque teve o mau desempenho governamental do ex-ministro das Obras Públicas.

AVES DE LISBOA

Gaio [Garrulus glandarius]
Local: Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

FLORES DE LISBOA

Jardim Botânico

AO QUINTO DIA

«Mesmo que todas as análises não estejam ainda concluídas, o PS e o Governo foram castigados pelo eleitorado descontente que se mobilizou para comparecer e votar, mesmo quando o fez em branco, neste caso de forma mais volumosa que nunca. Dos apoiantes só compareceram os indefectíveis, os simpatizantes preferiram deixar a decisão a outros e os penduras confiaram nas sondagens. A procura de bodes expiatórios, a que gosta de se dedicar qualquer comentador intranquilo antes de ter formatado uma explicação global, é tão má conselheira agora, como na Antiguidade Clássica.» [Diário Económico]

Parecer:

Por António Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AUDITAR OU PROIBIR

«Em 1992, as últimas sondagens realizadas no Reino Unido apontavam para uma eleição renhida, mas com uma curta vantagem dos Trabalhistas. Contados os votos, os Conservadores tinham ganho a eleição com 7,6 pontos de vantagem, uma vantagem que tinha sido subestimada pelas sondagens em cerca de 9 pontos percentuais. Seguiu-se uma controvérsia sobre a fiabilidade das sondagens e a Market Research Society reuniu um painel de peritos para investigar o assunto. O relatório final listava as possíveis causas para o fracasso das sondagens: a inadequação das variáveis utilizadas para definir quotas ou para ponderar os resultados de amostras aleatórias, levando a uma sub-representação de eleitores conservadores; a desactualização dos dados das estatísticas nacionais utilizados; taxas de recusa diferenciais entre eleitores trabalhistas e conservadores (os "shy Tories"), levando a que os segundos estivessem ainda mais sub-representados nas amostras; e opções inadequadas quer para a redistribuição de indecisos quer para tratamento de "abstencionistas declarados". Este relatório teve consequências importantes na forma como se passaram a fazer sondagens no Reino Unido, seja na amostragem seja na forma como se passou a lidar com os eleitores que se afirmam "indecisos" ou "abstencionistas" nas sondagens.

À luz do recente fracasso das sondagens para as eleições europeias, por que não promover uma "auditoria" semelhante em Portugal após esta e futuras eleições? As fichas técnicas divulgadas na imprensa, ou mesmo as depositadas na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), estão longe de fornecer toda a informação necessária para apreciar a enorme quantidade de opções técnicas e práticas adoptadas pelos diferentes institutos. Uma investigação por um painel de peritos independentes poderia abordar em detalhe, por exemplo, as opções de amostragem, a construção dos questionários, a formação dos inquiridores ou o trabalho de campo. Com os dados brutos em seu poder, esse painel poderia apreciar as consequências de opções alternativas no tratamento dos dados, nomeadamente das "não respostas" e dos "indecisos", assim como os desvios das amostras em relação a características conhecidas da população e as maneiras de os corrigir. Não faltariam pessoas capazes de fazer este tipo de auditoria. Se porventura se considerar que a ERC não é a entidade apropriada para a promover, ou que a APODEMO (a associação representativa das empresas do sector) está demasiado próxima dos interesses das empresas, certamente que na Associação Portuguesa de Sociologia, na Associação Portuguesa de Ciência Política ou na Sociedade Portuguesa de Matemática se encontrarão especialistas para formar semelhante painel. E é sempre possível convocar peritos estrangeiros, sem qualquer ligação aos interesses corporativos, económicos ou políticos em jogo.

Creio que quase todos teriam a ganhar com isto. Para o grande público, a noção de que o trabalho das empresas seria pública e regularmente escrutinado constituiria uma garantia adicional de que as empresas teriam ainda mais incentivos do que têm hoje para fazerem o melhor que está ao seu alcance dentro dos constrangimentos existentes. E haveria também benefícios para as próprias empresas. A realização destes estudos após cada eleição poderia contribuir para levar o batalhão de comentadores, que, usando regular e sistematicamente as sondagens para fazer valer os seus argumentos e preferências políticas entre eleições, se mostram logo dispostos após as eleições a declarar a "incompetência" (após os fracassos) ou a "competência" (após os sucessos) das empresas de sondagens, a proferirem as suas sentenças com um pouco mais de informação. Para quem trabalha no ramo, isto seria também uma ocasião para aprender, repensar opções metodológicas e melhorar a qualidade do trabalho. "Segredos"? Há limites para o tipo de "segredos" que pode haver numa actividade com esta importância e potencial (apesar de raramente demonstrado) impacto político. É verdade que isto não garante que as coisas iriam sempre correr bem. Em várias eleições britânicas desde 1992, os desvios das sondagens foram ainda consideráveis. Em França, depois da catástrofe de 1997, onde as sondagens foram incapazes de antecipar a derrota da direita, os vários estudos realizados não impediram um segundo fracasso em 2002, com a subestimação da votação em Le Pen. Outros exemplos destas persistentes dificuldades poderiam ser avançados. Mas até a forma como esses fracassos são lidos e interpretados poderia ser um pouco mais tranquila e racional se fossem sempre seguidos de uma abordagem transparente do que se terá passado.

A alternativa que tem sido avançada a tudo isto é a de proibir a realização e divulgação de sondagens durante a campanha. Não seríamos caso único. Mas podemos, por isso mesmo, apreciar melhor as consequências de semelhante proibição. Na verdade, seria uma medida com a qual quer os partidos quer algumas empresas do sector poderiam concordar facilmente. Muitas continuariam a poder conduzir a maior parte do trabalho que já fazem hoje nestas áreas, ou seja - especialmente em véspera de autárquicas -, trabalhos para os partidos políticos. E não seria a proibição da divulgação de sondagens nas últimas duas, três ou quatro semanas antes de uma eleição que impediria alguns partidos de fazerem aquilo que já fazem hoje. Por exemplo, comparar sondagens realizadas a um mês ou mais das eleições com os resultados finais, em eleições actuais ou passadas, sempre que isso lhes for útil para a sua argumentação política. Nem os impediria de anunciar, durante a campanha, a existência de "sondagens" realizadas por si ou para si próprios, cujos resultados e métodos permaneceriam completamente opacos e inverificáveis para os eleitores.

Nunca estive seguro de que as sondagens de intenções de voto divulgadas ao longo da campanha dessem uma grande contribuição para a nossa democracia. Elas alimentam a ilusão de que os resultados podem ser sempre infalivelmente previstos e ocupam porventura excessivo espaço na cobertura das eleições, transformando-as numa "corrida de cavalos" que talvez nos afaste do essencial que deveria ser discutido numa campanha. E já perdi as derradeiras ilusões sobre a capacidade do que escrevi acima para persuadir aqueles que preferem sempre ver nas sondagens um esforço deliberado para manipular a opinião pública. No que proponho, esses verão provavelmente um esforço adicional de manipulação, disfarçando sob uma discussão técnica aquilo que julgam ser um ânimo político das sondagens contra estes ou aqueles partidos. Seja. Não se pode discutir racionalmente com quem tem interesse em, precisamente, afastar a racionalidade da discussão. Contudo, aos restantes, mesmo que sejam uma minoria, sugiro que ponderem as consequências da proibição: mais desinformação, mais opacidade e mais (em vez de menos) manipulação política da opinião pública.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Pedro Magalhães.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PERIGOSO RESPIRAR

«O PÚBLICO de anteontem anunciou que a qualidade das águas balneares portuguesas está a melhorar. Está a 98,6 por cento. Não admira: com a porcaria do tempo que tem estado, quem é que quer meter o cu e os coliformes dentro de água?

Deveria haver bandeiras azuis também para o ar, que é o mar dos seres humanos. Quem anda por aí leva com cada bomba de mau cheiro que até chora. Não se poderia assinalar com bandeiras azuis os troços onde se pode respirar à vontade? Nos locais em que a atmosfera variasse muito, poder-se-ia adoptar o sistema das bandeiras que se usam nas praias para avisar os banhistas.

No mar, pelos vistos, é quando o rei faz anos - mas no ar estamos sempre todos a tomar banho. Quantos bons restaurantes são intoxicados pelos perfumes do mulherio inseguro que insiste em fazer-se anunciar e perseguir aromaticamente, como se fossem fêmeas de bosque a depositar um rastro de feromonas na esperança de fisgar um macho? Quando se podia fumar, o tabaco ainda neutralizava, numa providencial nuvem de monóxido de carbono, todos aqueles malditos toques de especiarias e almiscarados florais. Agora, está quieto. Foram abandonados os pobres que gostariam de saborear a comida e que, por serem humanos, têm o olfacto directamente ligado ao paladar e não conseguem desligá-lo senão constipando-se de propósito.

O que não é fácil com a gripe suína como está. Venham as bandeiras azuis e vermelhas, por favor.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»


MP PEDE QUATRO ANOS DE PRISÃO PARA FÁTIMA FELGUEIRAS

«O procurador do Ministério Público (MP), Pinto Bronze, pediu esta segunda-feira uma pena de quatro anos para Fátima Felgueiras, no âmbito do processo de alegadas irregularidades na atribuição de subsídios ao Futebol Clube de Felgueiras.

Nas alegações finais, Pinto Bronze considerou que ficou provado em Tribunal que parte dos 2,8 milhões de euros entregues pela Câmara de Felgueiras ao clube, entre 1995 e 2002, tinha como destino o pagamento de despesas da equipa profissional do clube local.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Se todos os autarcas, presidentes de governos regionais e outros governantes fossem presos por ajudas a equipas profissionais de futebol fossem presos a DG das Prisões teria que comprar um hotel de cinco estrelas. E se os responsáveis pelos clubes também fossem presos também poderiam ir lá parar alguns magistrados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao MP quantos autarcas foram investigados pro suspeita deste tipo de crime.»

CDS AGRADECE A RANGEL


«O CDS não fecha a porta a coligações pós-eleitorais com o PSD e defende mesmo que esta pode ser a solução para a governabilidade do País. Num cenário em que uma maioria absoluta de qualquer um dos dois maiores partidos parece cada vez mais improvável, os centristas acenam a bandeira da governabilidade - que, defendem, só pode ser assegurada pela direita.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Ou estou muito enganado ou esta ideia de Rangel falar de coligações com o CDS foi um erro crasso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela mudança de posição do PSD.»

CONSTÂNCIO CHAMA IGNORANTE A NUNO MELO

«"O Sr. Deputado andou por aí a dizer em campanha eleitoral que foram os 2,5 [custo do Estado da nacionalização do BPN]. É ignorância", disse Vítor Constâncio em resposta às questões de Nuno Melo.» [Diário Económico]

Parecer:

É evidente que anda muita gente a confundir o buraco financeiro do BPN com perdas do banco, uma parte desse buraco corresponde a uma situação de insolvabilidade a curto praz e ainda é necessário considerar os capitais próprios.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a razão a Constâncio.»

BE CONQUISTOU O TERCEIRO MANDATO EUROPEU


«O historiador Rui Tavares viu confirmada, esta terça-feira, a eleição para o Parlamento Europeu em representação do Bloco de Esquerda, de acordo com fonte do Ministério da Administração interna.

Depois de apuradas 4260 freguesias e 70 de 71 consulados, Rui Tavares viu ser-lhe atribuído pelo método de Hondt o lugar ainda em aberto no Parlamento Europeu (Portugal dispõe de 22 assentos no hemiciclo de Estrasburgo).» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Agora é que Louçã fez mesmo o bigode a Jerónimo de Sousa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário ao líder do quarto maior partido.»

A ANEDOTA DO DIA


«Por respeito pelo «veredicto popular», Vital Moreira vai votar em Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia. » [Portugal Diário]

Parecer:

O que mudou em Durão Barroso para Vital Moreira mudar de posição. Uma coisa é certa, não faz sentido um socialista votar porque a maioria dos europeus votaram na direita.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao euro-deputado eleito.»

PRINCESA SAUDITA CHEIA DE CALOTES EM PARIS


«Una princesa saudí, Maha al-Suidari, esposa del ministro saudí del Interior, el príncipe Naif bin Abdulaziz , realizó compras por unos 15 millones de euros en las tiendas de lujo más sofisticadas de París. Entre otras, la princesa dejó sin pagar ropa interior por valor de 70.000 euros. Al parecer, la princesa lleva un año sin pagar un euro en más de 30 establecimientos de lujo de París.

La mayoría de las grandes firmas no dijeron nada al respecto, pero Jacky Giami, el propietario de Key Largo, una tienda de ropa deportiva donde se venden pantalones de chándal a 600 euros, denunció los hechos al diario Le Parisien. "Ella no es el tipo de cliente al que usted le pide una garantía a la hora de llevarse prendas", decía Giami.» [20 Minutos]

MANUEL LIOBRES LIBRODO JR.

ZURICH CHAMBER ORCHESTRA