O papel de principal espanta votos do PS tem sido assumido por Manuel Alegre que desde que foi derrotado por José Sócrates nas directas para a liderança do partido não perde a mais pequena oportunidade para sugerir a uns quantos eleitores do PS para o deixarem de ser. Manuel Alegre fá-lo em nome dos seus princípios, só que quando os mesmos princípios determinariam gestos de solidariedade é raro ver o deputado do PS tomar posição.
No Governo não falta espanta votos, ministros como Mário Lino, Manuel Pinho ou Jaime Silva têm desempenhado bem esta arte, não tanto por razões que se prendam com a sua competência técnicas, os três são técnicos de excelência, mas pela forma desastrosa como comunicam ou como gerem a agenda dos seus ministérios.
Jaime Silva poderia ter sido um dos melhores ministros deste Governo mas cometeu dois erro, permitiu que outros lhe formassem a equipa e esqueceu-se de ser ministro da Agricultura para passar a ser ministro da reforma do ministério da Agricultura. O resultado não foi dos melhores e permitiu à direita rural o contra-ataque, a forma como emagreceu o ministério e suspendeu ajudas que estava a ser mal distribuídas levou a dificuldades na gestão dos fundos comunitários.
Manuel Pinho e Mário Lino são dois desastres em matéria de comunicação, o primeiro chegou a ir à China promover a mão-de-obra barata e obediente, o segundo decidiu alterar a geografia e antecipar as mudanças climáticas trazendo o deserto do Saara até a Almada.
Mas não foram apenas os governantes a espantarem votos, alguns dirigentes da Administração Pública meteram-se em bicos de pés e tentaram tirar o protagonismo político aos ministros, neste grupo o destaque vai para Margarida Moreira da DREN e António Nunes da ASAE.
Graças à directora da DREN os portugueses ficaram a saber que além da sede na 5 de Outubro o ministério da Educação também tinha a DREN, durante largos meses Margarida Moreira chamou a si o papel de anedota nacional, disputando o protagonismo político à ministra.
O presidente da ASAE, homem que gosta de dar umas charutadas em locais onde é proibido fumar, decidiu pôr o país a ferro e fogo, divertiu-se a fechar estabelecimentos por tudo e por nada, chegando mesmo a decretar o encerramento a prazo da maioria dos restaurantes. Usando e abusando das competências resolveu impor o medo, restaurantes, tascas, ginjinhas, estabelecimentos de solidariedade social, todos os locais onde uma mosca pudesse pousar em cima de um papo-seco tornaram-se alvo dos rangers do António Nunes, muitos portugueses tinham mais medo dele do que tiveram do Silva Pais.
Como se governantes e dirigentes do Estado não bastassem José Sócrates ainda tem contado com a ajuda valiosa de algumas personalidades do PS que trabalham a título precário na função de espanta votos. Um bom exemplo deste grupo é José Lello que tem chamado a si a função de palmatória do líder, cada vez que alguém incomoda José Sócrates leva umas palmatoadas dadas pelo diligente José Lello.