Se os resultados das eleições para o Parlamento Europeu se traduzem numa derrota clara do PS, já não são assim tão claros quanto a vitórias, todos os partidos da oposição podem reclamar vitória e até Laurinda Alves se pode gabar dos quase 2% de votos no MEP.
O PS perdeu e fez tudo para perder, escolheu um candidato sem vocação para batalhas eleitorais e incapaz de falar para os eleitores, os outdoors nem mereciam uma olhadela mais atenta pois não diziam nada e mais pareciam mais uma campanha para vender fraldas para a terceira idade do que uma campanha política.
O PSD ganhou mas mal descolou dos 30% de intenções de votos que perseguem este partido nas sondagens, não foi o PSD que subiu, foi o PS que desceu. Paulo Rangel fez uma boa campanha e se em vez de ser candidato ao Parlamento Europeu estivesse a concorrer à liderança do PSD poderíamos ter agora uma alternativa real a Sócrates. Mas nas legislativas voltará o fantasma de Ferreira Leite e nessa ocasião não haverão lebres, o protagonismo terá mesmo que ser da líder do PSD que desta vez até criticou a presença de Sócrates para justificar a sua omissão estratégica.
O PCP pode clamar vitória mas na boca de Jerónimo de Sousa o sabor é amargo, o PCP foi ultrapassado pela constelação de partidos de extrema-esquerda que se diluíram no BE. Depois de tudo fazer para combater as políticas de Sócrates na rua o PCP optou por fazer um discurso a pensar na Europa, o BE aproveitou este erro estratégico e manteve o se discurso centrado nas políticas internas e colheu os resultados das manifestações e lutas sindicais promovidas pelo PCP e pelos seus sindicatos. Um partido que organiza uma manifestação com 80 mil militantes e simpatizantes e que promove uma iniciativa com a grandiosidade da Festa do Avantes acaba de ser batido por uma marca branca da extrema-esquerda que é incapaz de organizar um piquenique no Parque Eduardo VII.
O CDS, que as sondagens davam como estando entre o estado de coma e a morte cerebral, recupera e fica a dois pontos do PCP e do BE acabando por ser o vencedor destas eleições recuperando uma posição que coloca Porta como um potencial braço direito de Manuela Ferreira Leite, um cenário que não ajuda nada uma candidatura da líder do PSD a primeira-ministra, enfim, o PSD também terá o seu Bloco de Esquerda.