Já que os autores do brilhante sistema de avaliação do desempenho dos funcionários públicos afirmam que o modelo adoptado transpõe para a Administração Pública seria interessante que a título de experiência fosse testado numa empresa privada.
Imaginemos que uma grande empresa privada, por exemplo, a PT adoptava o SIADAP tal como foi e está a ser implementado nos serviços do Estado. É evidente que a administração da empresa ficaria seriamente preocupada, não só a quota de bons funcionários seria reduzida exponencialmente fazendo perigar a motivação dos trabalhadores, como teriam que reforçar de forma significativa a burocracia interna só para implementar o modelo. Mas suponhamos que os administradores da PT estavam tão convencidos do seu sucesso como os criadores do sistema de avaliação do Estado e prosseguiam com a avaliação.
As perspectivas de resultados da PT baixariam brutalmente em termos financeiros e melhorariam exponencialmente em termos qualitativas, os lucros reduziriam mas esperar-se-ia uma melhoria substancial da eficácia e imagem da empresa. OS administradores determinariam que os directores estabelecessem metas, estes ordenariam aos chefes dos serviços que contemplasse essas metas e, por sua vez, os chefes dos serviços chamariam o electricista para contratualizar a meta.
Se no fim do ano os resultados fossem acima do esperando concluiriam que os dirigentes tinham estado acima das expectativas e receberiam um prémio, o electricista seria considerado bom (a quota do excelente tinha sido distribuída pelas secretárias dos administradores, principalmente das que têm belas pernas) e ficar-se-ia por uma palmadinha nas costas.
Se, pelo contrário, os resultados fossem negativos os dirigentes concluiriam que o seu trabalho (e o das secretárias, principalmente as que tivessem belas pernas) foi excelente, mas a culpa dos resultados negativos era do desgraçado do electricista. Nem mesmo os accionistas, que tinham escolhidos amigos e sobrinhos para cargos de direcção, iriam questionar tal solução.
Pois, isto seria impensável numa empresa privada onde ainda antes de se proceder à avaliação do electricista alguns dos administradores já teriam sido despedidos. Poderão dizer-me que não é bem assim e isso é verdade, o modelo cultural herdado da ex-URSS que impera na Administração Pública existe em muitas empresas, resultado de muitas terem sido empresas públicas ou nascido e crescido no tempo do antigo regime.
A verdade é que enquanto não for feita uma revolução cultural no Estado todas estas modernices, principalmente as falsas modernices, terão mais resultados perversos do que benéficos. Muitos dos nossos dirigentes da Administração Pública poderiam transitar directamente para a URSS dos planos quinquenais que ninguém sentiria a diferença. Tal como na URSS os planos quinquenais era sempre superados ao mesmo tempo que a economia se afundava, com uma boa parte das empresas a produzir lixo ou peças defeituosas, também por cá o SIADAP vai acabar pró se assemelhar mais aos modelos de planeamento e gestão de objectivos do tempo dos planos quinquenais soviéticos do que a um instrumento de gestão de uma empresa privada.
Não faz sentido gerir o Estado de cima para baixo como se fazia na URSS e de baixo para cima como se pensa que se faz numa empresa privada. Vamos ter um sistema híbrido, Até ao chefe de divisão tudo se faz como na URSS, até porque uma boa parte dos dirigentes são escolhidos segundo critérios político-tribais, enquanto de baixo para cima se aplica um SIADAP que vai acabar por ser mais um instrumento de repressão, funcionando como um chicote nas mãos de chefes incompetentes, do que como uma ferramenta de avaliação.
Imaginemos que uma grande empresa privada, por exemplo, a PT adoptava o SIADAP tal como foi e está a ser implementado nos serviços do Estado. É evidente que a administração da empresa ficaria seriamente preocupada, não só a quota de bons funcionários seria reduzida exponencialmente fazendo perigar a motivação dos trabalhadores, como teriam que reforçar de forma significativa a burocracia interna só para implementar o modelo. Mas suponhamos que os administradores da PT estavam tão convencidos do seu sucesso como os criadores do sistema de avaliação do Estado e prosseguiam com a avaliação.
As perspectivas de resultados da PT baixariam brutalmente em termos financeiros e melhorariam exponencialmente em termos qualitativas, os lucros reduziriam mas esperar-se-ia uma melhoria substancial da eficácia e imagem da empresa. OS administradores determinariam que os directores estabelecessem metas, estes ordenariam aos chefes dos serviços que contemplasse essas metas e, por sua vez, os chefes dos serviços chamariam o electricista para contratualizar a meta.
Se no fim do ano os resultados fossem acima do esperando concluiriam que os dirigentes tinham estado acima das expectativas e receberiam um prémio, o electricista seria considerado bom (a quota do excelente tinha sido distribuída pelas secretárias dos administradores, principalmente das que têm belas pernas) e ficar-se-ia por uma palmadinha nas costas.
Se, pelo contrário, os resultados fossem negativos os dirigentes concluiriam que o seu trabalho (e o das secretárias, principalmente as que tivessem belas pernas) foi excelente, mas a culpa dos resultados negativos era do desgraçado do electricista. Nem mesmo os accionistas, que tinham escolhidos amigos e sobrinhos para cargos de direcção, iriam questionar tal solução.
Pois, isto seria impensável numa empresa privada onde ainda antes de se proceder à avaliação do electricista alguns dos administradores já teriam sido despedidos. Poderão dizer-me que não é bem assim e isso é verdade, o modelo cultural herdado da ex-URSS que impera na Administração Pública existe em muitas empresas, resultado de muitas terem sido empresas públicas ou nascido e crescido no tempo do antigo regime.
A verdade é que enquanto não for feita uma revolução cultural no Estado todas estas modernices, principalmente as falsas modernices, terão mais resultados perversos do que benéficos. Muitos dos nossos dirigentes da Administração Pública poderiam transitar directamente para a URSS dos planos quinquenais que ninguém sentiria a diferença. Tal como na URSS os planos quinquenais era sempre superados ao mesmo tempo que a economia se afundava, com uma boa parte das empresas a produzir lixo ou peças defeituosas, também por cá o SIADAP vai acabar pró se assemelhar mais aos modelos de planeamento e gestão de objectivos do tempo dos planos quinquenais soviéticos do que a um instrumento de gestão de uma empresa privada.
Não faz sentido gerir o Estado de cima para baixo como se fazia na URSS e de baixo para cima como se pensa que se faz numa empresa privada. Vamos ter um sistema híbrido, Até ao chefe de divisão tudo se faz como na URSS, até porque uma boa parte dos dirigentes são escolhidos segundo critérios político-tribais, enquanto de baixo para cima se aplica um SIADAP que vai acabar por ser mais um instrumento de repressão, funcionando como um chicote nas mãos de chefes incompetentes, do que como uma ferramenta de avaliação.