sábado, maio 17, 2008

O banquete das oposições


Um dos aspectos mais sórdidos da classe política portuguesa é não conseguir esconder o desejo de quando o país se afunde quando estão na oposição. Na convicção de que em Portugal não se ganham eleições, são os governos que as perdem, os partidos da oposição não fazem propostas nem têm programa, estão à espera que suceda alguma desgraça ou que a economia se afunde, para aparecerem então como salvadores.

A recente luta da oposição para que o governo corrigisse as previsões do crescimento económico foi um bom exemplo disso, durante semanas protestaram e quando as correcções foram feitas foi o arraial que se viu. Primeiro excitaram-se com a crise financeira mundial, a excitação foi tão grande que a primeira vítima até foi Luís Filipe Menezes, os cavaquistas animaram-se com a hipótese de poderem disputar o poder e tiveram a coragem que lhes faltou nas últimas directas do PSD.

Mais à esquerda esta postura não é novidade, a importância das crises do capitalismo para a transformação da sociedade tem honras de princípio ideológico. Não admira que muitos responsáveis do PCP vejam a fome como uma excelente oportunidade de erguer bandeiras negras ou o aumento dos desempregados como a oportunidade de ter mais “mão-de-obra” disponível para engrossar manifestações que permitem a Jerónimo de Sousa dizer que a maioria está nas ruas e não no parlamento.

A classe política portuguesa vive do poder, a política é uma carreira que só atinge a plenitude dos rendimentos que pode proporcionar quando se chega ao poder. Para os nossos políticos o que importa não é o bem-estar do país, o país está bem quando estão no poder, também não é o bem-estar dos portugueses, os portugueses estão bem quando eles enriquecem no poder.

Quando o país enfrenta uma crise estrutural profunda e sofre o embate de uma crise financeiro a que é alheio os políticos da oposição nada propõem, a sua única proposta é serem eles a governar. Comportam-se como predadores do poder.

Talvez seja tempo de o país avaliar os seus políticos e perceber que é tempo de renovar a sua classe política, dando lugar aos mais novos, aos que ainda não estão viciados na lógica do enriquecimento fácil, uma classe política com ideias novas e mais generosa do que a tralha que por anda por aí.