quarta-feira, maio 14, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Igreja de São Nicolau, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Amel Emric/Associated Press]

«Thousands of Bosnian Muslims attended a funeral of 41 men, women and children killed by Serb force in Bratunac, a town in eastern Bosnia, at the beginning of the country's 1992-95 war. The bodies were exhumed from a mass grave last year.» [The New York Times]

JUMENTO DO DIA

Vícios privados

Um dos argumentos mais utilizados para justificar a lei anti-tabaco foi o prejuízo provocado aos empregados dos restaurantes e outros espaços fechados. Ora, não há espaço mais fechado do que um avião e foi aí que Sócrates e o ministro Manuel Pinho decidiram fumar, ainda por cima foram fumar precisamente para o espaço reservado ao pessoal de cabine. O mesmo Sócrates que se anda a exibir em sessões de jogging, viola uma lei do seu governo e para fugir das vistas vai fumar para o espaço reservado aos trabalhadores. Compreende-se agora porque razão nada sucedeu ao inspector-geral da ASAE quando foi apanhado a fumar no casino, esta lei é só para alguns.

O ESPECTRO DA FOME

«De repente, quase inesperadamente, quando nos nossos ouvidos incautos ainda ecoavam as promessas do início do século, subscritas por todos os Chefes de Estado do Planeta, da imediata necessidade da luta contra a pobreza à escala global -, onde isso já vai?! - um espectro seriíssimo abala o mundo: a fome, uma realidade premente que começa a afectar muitos milhões de seres humanos, em mais de 30 países de África, Ásia e América Latina, susceptível de provocar revoltas, conflitos, motins, massacres, nunca vistos. E, curiosamente, os alertas, angustiados, não vêm só de teóricos ou de revolucionários. Chegam-nos de instituições consideradas "respeitáveis", como: o FMI (Fundo Monetário Internacional, de má memória), o Banco Mundial, a OMC (Or- ganização Mundial do Comércio), a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o PAM (Programa Alimentar Mundial). Porquê? Porque desde há alguns meses os preços dos géneros alimentares de primeira necessidade (trigo, milho, centeio, arroz, leite, carne, ovos, legumes, etc.) estão a subir em flecha, por razões de escassez, de algum proteccionismo dos países produtores e também - obviamente - por especulação.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Mário Soares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DE NOVO A PJ

«A recente mudança na direcção da Polícia Judiciária (PJ) chamou-a, de novo às luzes da ribalta política. Atracção de insectos pela luz forte e quente dos media a seguir a uma chuvada de fim de primavera. Atracção a que os actores associados não sabem, nem querem escapar. A mediatização excessiva de tudo o que respeita à PJ é turbilhão que arrasta problemas para fora do ‘locus’ da sua resolução necessária.

Uma declaração negativa de interesses: sabemos muito pouco sobre a PJ, apenas o que sabe o cidadão comum que lê jornais e vê TV; desagrada-nos a forma como nos últimos anos a sua imagem pública tem sido abalada, sobretudo após o caso da Casa Pia, e dois desaparecimentos de crianças no Algarve, um deles considerado infanticídio e o outro ainda sem se saber se foi desaparecimento, rapto, ou homicídio.» [Diário Económico]

Parecer:

Por António Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

EUROP@10

«Entre os êxitos alcançados destaca-se o controlo da inflação e a criação de emprego. Para o conjunto da Zona Euro, a inflação rondou, em média, os 2% na década da sua vigência e, desde a introdução efectiva da moeda única, em 1999, até 2007, foram criados quase 16 milhões de postos de trabalho. Em Portugal, a inflação média, de acordo com o IPC, atingiu os 2,9%, um resultado que compara com uma média de 7,6% desde a integração na UE até 1998. Igualmente importante é o facto de a inflação máxima registada a partir daí não ter ultrapassado os 4,3% (em 2001), quando na década de 80 tinha chegado quase aos 30% e, mesmo após a adesão, tinha atingido os 13,2% em 1990. Uma consequência directa desta evolução foi a redução das taxas de juro e o acesso aos mercados monetários e financeiros internacionais, em condições idênticas às usufruídas por países desenvolvidos com uma história comprovada de estabilidade monetária.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por Teodora Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

"ADEUS SOCIALISMO"?

«No seu último artigo no Diário Económico, intitulado "Adeus socialismo", o filósofo social João Cardoso Rosas defende que as ideias socialistas caducaram no mundo de hoje, mesmo para as correntes políticas que se reclamem delas, dada a conversão universal ao capitalismo de mercado. Sem ser inédita nem destituída de aparente sentido, a tese não é, porém, convincente.

Em primeiro lugar, o "socialismo democrático" não se afundou juntamente com o desabamento quase universal do comunismo há duas décadas. Desde a dissidência leninista a seguir à revolução russa de 1917, que deu origem à cisão do movimento socialista e à criação dos partidos comunistas em numerosos países, foi sempre óbvia a diferença entre o "socialismo socialista" e o "socialismo comunista", quer quanto ao modo de transformação social, quer quanto ao modelo da sociedade socialista a erigir. Como é bom de ver, a queda do Muro de Berlim significa metaforicamente "adeus Lenine" e o fim do comunismo, mas não afecta essencialmente o socialismo democrático, que aliás viu vindicada a sua crítica histórica ao leninismo e ao socialismo soviético.

Em segundo lugar, foi muito antes do fim do comunismo que os partidos socialistas e social-democratas - a começar com o SPD alemão, no célebre congresso de Bad Godesberg de 1959 - abandonaram a ideia da "economia socialista", enquanto sistema económico alternativo ao capitalismo, baseado na "socialização" generalizada dos meios de produção. Aliás, isso mesmo resulta da adesão de todos eles à UE, desde o início baseada numa "economia de mercado assente na livre concorrência" (como estabelece o Tratado de Roma, de 1957). O próprio Partido Socialista francês, um dos mais conservadores nesse aspecto, acaba de propor uma nova declaração de princípios onde não existe o mais leve traço de socialismo económico, substituído pela adesão a um projecto de "economia ecologista e social de mercado". Por isso, hoje ninguém espera, ou teme, que um governo socialista desate a fazer nacionalizações a eito. Portanto, não há nenhum engano ou equívoco quanto a esse ponto.

Por último, mas não menos importante, apesar do abandono da "economia socialista" pelas correntes e partidos socialistas na actualidade, não é ilegítimo que conservem a antiga denominação, dado que continuam a lutar pelas suas principais bandeiras na esfera social, designadamente direitos sociais, inclusão social, coesão social, Estado social, enfim, justiça social. Essa "marca de água" das ideias e dos partidos socialistas permanece. Liberal na política e nos costumes, mas agora também na economia, o socialismo contemporâneo continua porém a ser caracterizado pelos seus objectivos de maior igualdade e justiça social, que se reflecte em especial na política social, na política fiscal, na política educativa, nas "políticas afirmativas" de igualdade, etc.

Em suma, os partidos socialistas há muito abdicaram do "socialismo económico", mas os ideais socialistas nunca se limitaram a isso. Por isso, dizer "adeus ao socialismo" seria, por um lado, redundante e, por outro lado, injustificado.

É evidente que não existe equivalência absoluta entre esquerda e socialismo. A noção de esquerda é um conceito relativo, tendo como contraposição a direita, num continuum posicional gradativo que vai desde a extrema-direita à extrema-esquerda. Já a noção de socialismo tem a ver com objectivos identificados de transformação e de justiça social, pelo que tem um sentido mais preciso e menos relativo, embora se possa ser mais ou menos socialista. Pode, portanto, haver uma esquerda não socialista, que, defendendo embora tradicionais valores de esquerda - como a igualdade, a democracia participativa, a laicidade do Estado, a escola pública, a liberdade dos costumes, etc. -, não compartilhe, porém, dos objectivos sociais típicos do socialismo.

Todavia, embora a hipótese de uma esquerda não socialista não seja irrealista, com mostra o caso do Partido Democrata nos Estados Unidos, partido de esquerda liberal sem grandes traços socialistas - ressalvadas as políticas sociais de presidentes democratas como Roosevelt, Johnson, Kennedy e Clinton -, já na Europa, por razões ligadas às suas tradições políticas e culturais, bem como às vicissitudes da sua história económica e social, não se afigura sustentável uma esquerda politicamente relevante fora do quadro socialista. O recente insucesso do novel Partido Democrata italiano, aliás herdeiro do antigo Partido Comunista italiano, que tentou emular o paradigma norte-americano (até no nome), revela os limites da reconstrução política à esquerda com abandono da herança e dos referenciais socialistas.

Sem dúvida que os partidos socialistas e social-democratas em geral, sobretudo os de vocação governamental, estão a passar por um processo de modernização que inclui a adopção de muitos valores alheios à tradição socialista, desde a conversão à economia de mercado e à concorrência até à liberalização das utilities, desde a disciplina monetária e financeira até à "nova gestão pública", desde o valor da segurança pública até à competitividade empresarial. Mas, para além dos bons fundamentos desta modernização - que, em geral, não é de esquerda nem de direita, mas apenas exigência de bom governo -, nada disso exige o abandono dos traços propriamente socialistas da esquerda. Pelo contrário, sem bom desempenho económico e sem eficiência na gestão pública não pode haver margem para políticas sociais de esquerda.

E, acima de tudo, a realidade política mostra que, para além de injustificado, o abandono das ideias e propostas socialistas teria por consequência deixar à extrema-esquerda o monopólio de um património de representações e de referências que pertencem à memória e à identidade da esquerda socialista, e cujo valor ainda não se esvaiu.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vital Moreira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

COMEÇA A SER FÁCIL SER CRIMINOSO

«Sabiam a que horas as caixas multibanco eram abastecidas e atacavam as carrinhas de transporte à mão armada na Grande Lisboa. Sete nos últimos meses, com ameaças de morte e à média de 35 mil euros ao bolso por assalto. Quinta-feira foi o último, em Massamá, mas há uma semana, em Loures, viram testemunhas do crime e dispararam – um porta-valores da Esegur ficou ferido.

A Direcção Central de Combate ao Banditismo da PJ andava há vários meses a seguir o rasto dos quatro perigosos cadastrados, referenciados por dezenas de carjackings e outros roubos violentos. Foram buscá-los ao final da manhã da última quinta-feira a uma casa em Loures. Um atirou-se da janela do quarto andar e morreu (ver caixas) mas três foram presentes ao Tribunal de Sintra. Resultado: dois estão em liberdade com simples apresentações periódicas na esquadra e outro de regresso a casa com uma pulseira electrónica. Critério do juiz, apurou o CM: a integração social dos perigosos assaltantes, por supostamente terem emprego. Um afirmou ser barbeiro. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Depois de terem perdido o medo à polícia os nossos criminosos vão perder o respeito aos juízes, isto começa a ser um paraíso para o crime. Neste caso só espero que da próxima vez roubem o carro ao juiz que os pôs em liberdade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Equacione-se a hipótese de emigrar, tal como já fazem muitos brasileiros no seu país.»

MANUELA FERREIRA LEITE DESDOBRA-SE EM JUSTIFICAÇÕES

«O sentido de voto de Manuela Ferreira Leite nas eleições legislativas de 2005 marcou ontem, pelo segundo dia consecutivo, a polémica de campanha entre a candidata e o adversário Pedro Santana Lopes. Ao ponto de o próprio ter defendido o abandono da corrida eleitoral por parte da antiga ministra.

Na tentativa de esvaziar o assunto e de desvalorizar este repto, Ferreira Leite apressou-se a responder: 'O dr. Santana Lopes deve ser a única pessoa neste País que tem dúvidas de que algum dia não votei no PSD. Toda a minha vida votei no PSD', esclareceu na sede de campanha, antes de uma reunião com os TSD.» [Correio da Manhã]

Parecer:

EM pouco tempo Manuela Ferreira Leite já cometeu várias asneiras, demonstrando uma total incapacidade para a liderança de um partido como o PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Verifique-se se ainda há transportes para Fátima, ainda vamos a tempo de acender um círio bem grande.»

OS DITADORES CORRUPTOS GOSTAM POUCO DE SER CRITICADOS

«O Jornal de Angola (JA) diz que "chegou a hora de dizer basta" ao que qualifica como "os mais baixos ataques ao país" e aos seus dirigentes políticos. O aviso consta de um texto disponível na edição on-line do jornal, e assinado pelo director do periódico estatal, para quem "Lisboa continua, infelizmente, a ser o centro das conspirações contra Angola". Este não é o único artigo a visar os portugueses - num texto não assinado, no mesmo jornal, diz-se que "se o regabofe continua" serão publicadas "listas com os nomes dos quadrilheiros portugueses, que foram capturadas no bunker de Jonas Savimbi [o antigo líder da UNITA, morto em 2002]".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Um comportamento muito típico.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao porta-voz dos ricos angolanos que use o jornal para melhorar o seu país.»

PASSOS COELHO QUER QUE OS CANDIDATOS SE COMPAREM COM SÓCRATES

«Pedro Passos Coelho quer comparar o seu programa com o dos seus principais adversários para ver quem está mais próximo e mais distante da prática política de José Sócrates. Ontem, na apresentação dos seus mandatários distritais, em Lisboa, o candidato lançou a proposta, em jeito de apelo: "Seja nos debates que vão ocorrer na televisão, seja no debate que já decorre dentro do PSD, não esperem pelas eleições para dizer o que pensam".» [Diário de Notícias]

Parecer:

O problema está em saber se algum dos candidatos é melhor do que Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Passos Coelho que reveja o desafio.»

PS NÃO QUER QUE O INSPECTOR-GERAL DA ASAE SEJA OUVIDO

«O PS rejeitou esta terça-feira um requerimento do CDS-PP para ouvir no Parlamento o inspector-geral da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), António Nunes, sobre a alegada «fixação de objectivos» quantificados aos inspectores, escreve a lusa.» [Portugal Diário]

Parecer:

É estranho pois como se sabe o inspector-geral da ASA gosta muito de falar, até gosta de falar demais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Deixem o homem falar.»

NEM TODOS OS PROCURADORES ABANDONARAM A PJ

«Os três procuradores do Ministério Público que vão manter-se na equipa do novo director nacional da Polícia Judiciária, António Almeida Rodrigues, são Pedro do Carmo, Baptista Romão e André Vaz, além do juiz Moreira da Silva. Baltazar Pinto e Manuel Gonçalves, ambos responsáveis da anterior direcção da Judiciária, pediram a exoneração do cargo.» [Portugal Diário]

Parecer:

Pelos vistos só o que era responsável pela gestão dos recursos humanos ficou ofendido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se o gesto dos que ficaram.»

UM MAU EXEMPLO

«O primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, e vários membros do gabinete do chefe do Governo violaram a proibição de fumar no voo fretado da TAP que ligou Portugal e Venezula e que chegou às cinco horas da manhã de ontem a Caracas (hora de Lisboa, 23h30 na capital venezuelana). O assunto foi muito comentado durante o voo por membros da comitiva empresarial que acompanha Sócrates e causou incómodo a algum pessoal de bordo.» [Portugal Diário]

Parecer:

Poderei fazer o mesmo no meu gabinete?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reprove-se o comportamento dos governantes.»

ITÁLIA: PRESO DEPOIS DE TER FOTOGRAFADO O TRASEIRO DE 3000 MULHERES

«Um homem foi preso na terça-feira, em Veneza, na Itália, acusado de fotografar os traseiros de mais de três mil mulheres.

Os policiais suspeitaram do homem, de 38 anos, após o flagrarem seguindo mulheres de minissaia munido de uma bolsa grande.» [BBC Brasil]

ÁGUA PARA ABASTECER BARCELONA

«El Sichem Defender, el primer barco con agua procedente de Tarragona, ha atracado sobre las 8.30 horas de hoy martes en el puerto de Barcelona, lo que supone la puesta en marcha de una de las principales medidas excepcionales ante la sequía que sufre Catalunya, según confirmaron fuentes de la Conselleria de Medio Ambiente .

El barco-cisterna contiene 19.000 metros cúbicos litros procedentes de acuíferos del Camp de Tarragona y de Reus que serán descargados a lo largo de 17 horas. Se calcula que dentro de un día este agua ya pueda ser consumida en los hogares.» [20 Minutos]

TÍTULO 38

  1. O "Câmara de Comuns" sugere mais uma vez a visita ao Jumento.
  2. O "Terra dos Espantos" agradece a sua inclusão na lista de links. Não tem que agradecer.
  3. "O Sueco Vociferante" foi incluído na lista de links.

HORYMA

MACACO TRABALHANDO NUM BAR

FRANGO

NOTA DE 1 DÓLAR [imagem]

GOVERNMENT OF WESTERN AUSTRALIA