sexta-feira, fevereiro 26, 2010

E porque não?

Ainda por aí tudo ofendido e indignado porque, segundo dizem, estão preocupados com a hipótese de Sócrates ter tentado controlar a comunicação social, ao que parece queria que um grupo liderado por um homem do PSD comprasse uma estação de televisão associada à esquerda espanhola que era presidida por um militante do PS.

Portugal tem três televisões, uma é pública, duas são privadas, estas duas foram atribuídas por um governo do PSD. Foi Cavaco Silva que atribuiu duas licenças de televisão que deram origem à SIC, o PSD já tinha a televisão pública controlada através de José Alberto Moniz, certamente para assegurar o pluralismo, atribuiu uma licença ao companheiro Balsemão, a outra foi atribuída à Igreja Católica que, como todos sabem, é muito dada às esquerdas. É por isso que Cavaco está muito preocupado com a liberdade da imprensa, compreende-se, por liberdade de imprensa deve entender-se apoio à direita.

Pela forma como se fala por aí até parece que Sócrates já controlava quase toda a comunicação social, só lhe faltava conquistar uma aldeia gaulesa chamada TVI. Já tinha domesticado o Público, a SIC parecia o Portugal Socialista, o Correio da Manhã era a versão não oficial do Diário da República e a RTP era o tempo de antena particular de José Sócrates.

Para disfarçar este controlo asfixiante o primeiro-ministro terá dado instruções para ser criado um tempo de antena para Marcelo rebelo de Sousa o poder atacar todos os domingos na RTP, assegurou-se de que os antigos afilhados de Moniz controlassem a estação pública e, ainda por cima, sugeriu que a esmagadora maioria dos seus comentadores fossem da direita ou do Bloco de Esquerda. Pinto Balsemão, num gesto de subserviência para com o governo sugeriu que a SIC seguisse o modelo de controlo da RTP.

O Belmiro de Azevedo ainda não foi chamado ao chá das cinco na Assembleia da República, mas quando for chamado quase aposto que vai deixar o país espantado dando a saber que Sócrates também lhe telefonou para o pressionar no sentido de se assegurar que o Público seguisse as instruções da central governamental. Como prova disso vai dar como exemplo as notícias falsas sobre as escutas a Belém , foram a forma de disfarçar o serviço que o Público prestava ao governo.

Eu não sei se o Sócrates tentou ou não calar a gralha da boca grande dando instruções à PT para comprar a TVI, o que me parece é que se o fez fez um mau negócio, mais valia ter metido a cunha à Prisa para lhe meter um bocado de desperdício no meio do botox. Aliás, foi a PRISA que mandou a conhecida jornalista para a baixa médica e, curiosamente, ninguém a acusa de ter seguido instruções de José Sócrates.

Há por aí muita gente preocupada com a liberdade de imprensa quando se sabe que se há por aí quem se queixava de liberdade de imprensa a mais, um deles voltou agora a ser deputado para se esquecer de que no passado de limitar a liberdade da imprensa no parlamento. Não me parece que haja pouca liberdade de imprensa, o que é não há é pluralismo na comunicação social e na televisão essa situação é mais do que evidente.

Se alguém fez alguma coisa para aumentar o pluralismo na comunicação social só me ocorre perguntar: e porque não?