domingo, fevereiro 14, 2010

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Feira da Ladra, Lisboa

Didico esta imagem a todos os envolvidos (do lado da justiça ou do jornalismo) nas sucessivas fugas ao segredo de justiça feitas com o objectivo de o país seguir um curso político diferente daquele que seria a vontade do eleitorado.

IMAGEM DO DIA

«El fotógrafo italiano Pietro Masturzo captó esta instantánea durante las protestas en Teherán contra el régimen iraní de Mahmud Ahmadineyad.» [El Pais]

JUMENTO DO DIA

Mário Crespo

Mário Crespo bem se tem esforçado por ajudar a direita de que ele tanto gosta, agora vai mais longe e sugere que o PS substitua José Sócrates. Para este jornalista exemplar os políticos não podem (e não podem mesmo) mandar substituir jornalistas, mesmo quando eles em vez de informação façam campanhas políticas, mas acha que um jornalista com as suas qualidades pode mandar um partido substituir um político só porque ele não gosta dele.

Compreendo perfeitamente o desejo de Mário Crespo e de muitos que até agora tentaram destruir Sócrates, depois de o ferirem sem o terem abatido querem ter a certeza de que a cobra "morre", não lhes vá morder.

Mas este jornalista parece perceber pouco de democracia e em vez de esperar pelo voto dos portugueses sugere um golpe palaciano para alcançar o que não conseguiu com o seu trabalho.

«Mário Crespo, jornalista da SIC, afirma que a razão pela qual José Sócrates não se demite deve ser a mesma porque Leite Pereira, director do JN que recusou publicar-lhe uma crónica, não toma a mesma decisão. Na entrevista ao Correio da Manhã/Rádio Clube, que será publicada amanhã, Mário Crespo entende que está nas mãos dos senadores do PS; como Mário Soares, fazerem cair o primeiro-ministro.» [Correio da Manhã]

PORQUE RAZÃO A DIREITA QUER QUE O PS SUBSTITUA SÓCRATES

Porque têm medo dele em eleições e preferem um candidato mais fraco, se tivessem a certeza de que ganhariam as elieções em vez de pedirem a substituição de Sócrates estariam a exigir eleições antecipadas.

O DIRECTOR DO SOL ESTÁ DE PARABÉNS

Com o jornal quase na falência o director do Sol conseguiu fazer o que nunca poderia ter feito num jornal sério como o Expresso, de que também foi director, ganhar pontos e terreno à concorrência explorando um caso em que a face conhecida é muito provavelmente mais oculta do que a face desconhecida, em particular a relações entre a Felícia Cabrita e alguns sectores da justiça, bem como a relação entre os mesmos sectores e os partidos da oposição.

A edição desta sexta-feira e a sua réplica da tarde não passaram de um truque para o director do Sol fazer dinheiro fácil. Não faltaram os lorpas que andaram perdidos à procura de um exemplar. A operação foi tão bem montada que até foi lançada uma edição em PDF que foi distribuída pelos ardinas do PSD.

O 'SOL', O POLVO E A CONVERSA DE CHACHA

«Do que falamos quando falamos? Já fiz a pergunta várias vezes mas não sou eu que me repito. O país é que é contumaz. Volta não volta, acontece a mistura fatal, um pingo de magistrados num copázio de jornalistas, e o país fica grogue. Não diz nem pensa coisa com coisa. Um dia, um juiz foi buscar um deputado ao Parlamento porque tinha indícios terríveis: o deputado tinha dito "querida" ao seu interlocutor telefónico de voz masculina, logo aquilo cheirava a maricagem e, como se investigava pedofilia, logo o deputado era suspeito. E todos os indícios eram desse quilate. Ora, o deputado falara com a mulher, de voz grossa, de um amigo. Como o juiz nem se deu ao trabalho de relacionar o telefone com o seu proprietário, que era uma proprietária, como os jornalistas fizeram eco ao vazio, como os portugueses viraram baratas tontas, chegámos, quase dez anos depois, ao caso Casa Pia sabendo o mesmo que no início. Nada, embora presumindo muito. Ontem, comprei o Sol. Li as quatro páginas sobre as escutas que me prometiam relatar o polvo governamental sobre jornais e televisão. Mas não estava lá nada sobre o assunto. Não quero dizer que Sócrates não quis dominar a Imprensa. Não digo que o Governo não coma microfones ao pequeno-almoço. Digo é isto: naquela edição do Sol não estava lá nada sobre o assunto. Então, do que falamos?» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

HÁ-DE IR PARA OS PORCOS

«No G2 do Guardian de anteontem, naquelas perguntas-e-respostas armadas ao engraçadotas que, não raras vezes, têm graça (raios os partam), fiquei a saber que os países mais aflitos da União Europeia têm o acrónimo de PIGS, não só por estarem na merda, como por serem gulosos, à boa maneira da porca da política de Bordalo Pinheiro. O pior é que a letra inicial é P, de Portugal. Dá a ideia que é o país mais economicamente porco de todos. I é de Itália; G é de Grécia e S é de Spain. PIGS é o acrónimo de "Portugal, Italy, Greece (and) Spain".

Os melhores países da Europa, de longe (faltam a traiçoeira França e a simpatiquíssima concorrente no I que é a Irlanda), vêem-se assim agrupados como porcos. Gostamos de comer e de mamar do bom. Temos apetites imensos e hábitos higiénicos discutíveis. Não somos os maiores fãs das ASAE respectivas. No entanto, resta-nos perguntar quem são os verdadeiros porcos da política europeia. Em Portugal, na Itália, na Grécia e em Espanha... come-se bem. Bebe-se bem. Há sol. Há queijos de ovelha; há petiscos; há calor em cima das saladas.

O acrónimo PIGS é um insulto inaceitável (mas que faz pena) por parte dos bárbaros viquinques do Norte sobre os pachorrentos bons vivants do Sul. Paguem as nossas dívidas. Não é aqui que vêm passar férias? Não é o nosso clima (por muito mau) que vos parece bem a vossas excelências? São vocês as bolotas; somos nós os pigues. Quem é que quer a primeira fatia de presunto?

Nós.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UM "PEQUENO" PROBLEMA DE DEMOCRACIA

«Numa sociedade democrática, as escutas telefónicas não só são monopólio do Estado, como são um monopólio extremamente regulado. No nosso país, por exemplo, vigora um princípio geral constitucional de proibição de ingerência das autoridades públicas nas telecomunicações, salvo os casos previstos em leis respeitantes à investigação criminal.

E na investigação criminal as escutas telefónicas só são autorizadas quando se investigam crimes puníveis com penas superiores a três anos de prisão e, não sendo um meio de prova proibido, deverão sempre ser consideradas um meio de prova excepcional. Em rigor, deveriam ser um último recurso da investigação, quando não fosse mesmo possível recolher prova de outra forma e houvesse sérios indícios de que a intercepção iria produzir frutos.

As escutas telefónicas desnudam-nos. E só nos devemos desnudar voluntariamente. Ponto final.

Infelizmente, no nosso país, como é frequentemente referido em público, tem havido um recurso cada vez maior e mais facilitado às escutas telefónicas, usando-se este método de investigação criminal mais como uma rede de pesca do que como um arpão. Com o risco de se adoptar o princípio de que tudo o que vem à rede é peixe...

E daí que sejam lógicas e susceptíveis de serem subscritas por qualquer pessoa de boa fé posições de princípio tais como as que se cristalizam na afirmação de que "as escutas ou têm relevância criminal (foi para isso que elas foram autorizadas) ou não têm qualquer relevância".

E não há dúvida de que o poder judicial, a quem são confiadas as escutas telefónicas, tem um particular dever de respeitar e guardar a confidencialidade e o sigilo das escutas efectuadas, como tem o dever de assegurar o segredo de justiça.

Suponha-se, agora, que não o faz. Que as escutas telefónicas ou peças processuais em segredo de justiça são transportadas para fora dos espaços onde são supostas estar. Suponha-se ainda que essas escutas revelam conversas que, não sendo criminais, são graves. Graves e relevantes politicamente, socialmente, humanamente. Tendo em conta as pessoas envolvidas, os temas discutidos ou as acções realizadas. O que fazer com tal informação?

O problema do acesso à informação coloca-se, hoje em dia, com particular acuidade nas sociedades democráticas, já que, não obstante o acesso estar muito facilitado e generalizado, a complexidade do sistema do poder político e económico permite a utilização de "cortinas de fumo", biombos e outros artifícios que impedem o cidadão comum de saber minimamente o que se está a passar ou o que se passou.

Para além daquilo a que infelizmente podemos chamar o "folclore democrático", que facilmente chega a todos, sob as mais variadas formas e feitios, há um vastíssimo número de negócios e negociatas, arranjos e arranjinhos, vergonhas e pouca-vergonhas que escapam a todos nós, contribuintes, eleitores e cidadãos. E, são, muitas vezes, estas realidades ocultas que determinam mil e um acontecimentos relevantes para a nossa existência. Pode dizer-se, e certamente com razão, que o exercício do poder político e económico sempre terá sido assim. Sempre terão existido "manobras de bastidor" e "jogos de sombra", que ao "pagode" basta dar o pão e o circo.

Mas a democracia tem este "pequeno" problema: todos somos legitimamente interessados no exercício do poder pelos eleitos. Fomos nós que os colocámos lá. Ou que não conseguimos evitar que lá fossem colocados. Aquilo que eles fazem, salvo naturalmente o que respeita à sua vida privada, diz-nos directamente respeito.

Mas voltando às escutas. Suponha-se que estas carregam em si o pecado original: constituem uma violação da privacidade, realizadas com o fim de revelar a prática de crimes, mas foram desviadas desse fim, revelando-nos uma realidade bem diferente da que nos foi apresentada pelo poder? E não falamos das corriqueiras mentiras dos políticos e do poder, das promessas não cumpridas, dos pequenos fretes e favores, do triste e vulgar mercado de consciências. Falamos de conversas que indiciam manipulações de larga escala, recorrendo a meios e a dinheiros públicos, com vista a perpetuar o poder dos políticos que se sentam nas cadeiras do dito cujo.

Nada que se aproxime do crime de atentado contra o Estado de direito praticado por titulares de cargos políticos, figura criminal, aliás, de absoluta inutilidade pela vagueza dos conceitos que utiliza. Mas que indiciam um ambiente malsão, mostrando que nos corredores do poder circula gente a quem não convidaríamos para jantar em nossa casa, apesar de terem dinheiro para jantar diariamente nos melhores restaurantes.

Seria tal informação publicável? A questão pode (e deve) pôr-se em termos individuais e não jurídicos: se qualquer um de nós recebesse um CD com gravações de conversas chocantes, não sobre a vida íntima da vizinha, mas sobre comportamentos e actuações duvidosos daqueles que elegemos e nos governam, ou daqueles que, não tendo sido eleitos, ocupam cargos dominantes na sociedade, destruiria o CD ou procuraria divulgar o que se passava nas nossas costas?

Mesmo sabendo que corria o risco de ser responsabilizado criminalmente por divulgar aquilo que a lei, abstractamente, proíbe, o que lhe imporia a sua consciência?

É certo que o interesse público não se confunde com um qualquer interesse do público, mas não é menos certo que são as leis que servem as sociedades e não as sociedades que servem as leis. Ou quem as faz. » [Público]

Parecer:

Por Francisco Teixeira da Mota.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FERNANDO NOBE A PRESIDENTE DA REPÚBLICA

«O presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, será um dos nomes que os Soaristas têm em cima da mesa para a Presidência da República, de acordo com o semanário 'Expresso' e consequentemente para rivalizar com a já anunciada candidatura de Manuel Alegre. Recorde-se que até ao momento o Partido Socialista não disse se irá ou não apoiar Alegre.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Eu voto em Fernando Nobre!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Apoi-se a candidatura!»

NEM O FIGO SE ESCAPA

«"Estou tranquilo com as minhas acções e com a minha consciência", sublinha o comunicado de Luís Figo, enviado à agência Lusa.

Segundo o jornal Correio da Manhã, "o ex-futebolista Luís Figo recebeu 750 mil euros da PT pouco tempo depois de acertar a sua participação na campanha eleitoral de José Sócrates".» [Diário de Notícias]

Parecer:

O que se pretende é lançar uma suspeição generalizada pouco importando quem é atingido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «lamente-se.»

GATUNO QUEIXA-SE DA VÍTIMA

«Jovem que tentou assaltar supermercado em Almancil no ano passado apresentou agora queixa contra o proprietário, alegando que foi agredido durante o tempo em que esteve preso no buraco. A história parece mentira, mas é bem real. No dia 15 de Novembro de 2009, um jovem romeno ficou entalado num postigo durante cerca de dez horas quando tentava assaltar um supermercado em Almancil.

A história tem contornos ainda mais caricatos, já que o jovem foi encontrado sem sapatos e com as calças em baixo, nas pernas tinha umas marcas, que alega serem de agressões, e, por isso, apresentou queixa contra o proprietário, António Oliveira. O dono do supermercado diz que ainda não foi notificado pelas autoridades, mas caso aconteça não vai dizer nada diferente do que quando foi chamado ao Ministério Público: "Eu vou dizer o mesmo que já disse e que a circunstância em si me parece um pouco ridícula, depois de ter sido vítima agora ser acusado."» [Diário de Notícias]

Parecer:

Da próxima deve ficar também sem cuecas e ser mandado assim para casa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: Dê-se a merecida gargalhada.»

VALE E AZEVEDO PODE FICAR EM LONDRES ATÉ 2012

«A lei britânica permitirá sempre a João Vale e Azevedo permanecer em Inglaterra até, pelo menos, finais do ano de 2012. Uma garantia dada ao DN, ontem, por uma fonte próxima do antigo presidente do Benfica, que liderou os destinos do clube da Luz entre finais da década de 90 e princípios de 2000.

O Tribunal Superior de Justiça de Londres [High Court] decidiu ontem haver motivos plausíveis para proceder, pela quinta vez consecutiva, ao adiamento da análise ao recurso de Vale e Azevedo contra o pedido de extradição já levado a cabo pela justiça portuguesa. Segundo explicou ao DN uma fonte próxima do ex-presidente do Benfica, a defesa de João Vale e Azevedo solicitou um prazo para apresentação de novos factos, prazo este que foi concedido à nova advogada de Vale, a inglesa Karen Todner, uma especialista em matérias que envolvam questões relacionadas com extradição.» [Diário de Notícias]

Parecer:

mais um que goza com o MP.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se mais uma gargalhada.»

MANUELA MOURA GUEDES VESTE-SE DE BRUXA PARA O EXPRESSO

«Desafiámos a jornalista Manuela Moura Guedes, o músico Zé Pedro, a actriz Maria Rueff e o deputado do PS Sérgio Sousa Pinto a participarem num jogo em volta das suas identidades.» [Expresso]

Parecer:

Nem precisava, mas ainda bem que o fez se aparecesse despida era uma bruxa tão assustadora que se corria o risco de alguns lisboetas se atirarem ao Tejo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Fujam...»

FERREIRA LEITE "REFORMA-SE" A 26 DE MARÇO

«O Conselho Nacional do PSD aprovou hoje, sábado, a realização de um congresso extraordinário a 13 e 14 de Março, de directas a 26 de Março e de um congresso electivo a 9, 10 e 11 de Abril.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Quase aposto que ainda vai ganhar mais uns cobres e uma reforma num tacho de administradora decorativa num qualquer banco amigo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aposte-se»

GFRANADEIRO SENTIU-SE "ENCORNADO"

«O presidente não executivo da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, diz que se sente «encornado», depois de descobrir que a empresa faria parte de um alegado plano do Governo para controlar os media. Em declarações à revista «Visão», Granadeiro garante que «não sabia e nem desconfiava» do alegado plano e do envolvimento da empresa nele, apesar de admitir que tal possa ter acontecido à sua revelia.

Questionado sobre como se sentiu ao ler as notícias divulgadas pelo jornal «Sol», Granadeiro respondeu: «Encornado!». De acordo com a edição online da revista, Granadeiro riu-se, depois desta resposta. » [Portugal Diário]

Parecer:

De facto o juiz de Aveiro é muito criativo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao juiz de Aveiro que se dedique à literatura policial.»

NEM PASSOS COELHO ESCAPA AO ALBERTO

«Jardim disse ter gostado de todos os discursos neste encontro dos sociais-democratas, à excepção do de Pedro Passos Coelho. "Com o Passos Coelho a situação é muito grave e tive de me atirar a ele", disse, mencionando o facto de este candidato ter sustentado ser inoportuna a revisão da Lei das Finanças Regionais.

"No momento em que o PSD defendeu intransigentemente os interesses da Madeira, em que toda oposição uniu fileiras à volta do PSD, obviamente que não foi o diploma saído do parlamento madeirense, mas houve uma nova lei das Finanças Regionais, vem um indivíduo dizer que não deveria haver, fazendo um frete ao primeiro-ministro. É inaceitável!", argumentou Jardim. » [Público]

Parecer:

Isto promete se Passos Coelho ganhar as directas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas directas.»

JANKO HRASCO

WWF