quinta-feira, novembro 22, 2012

Da bomba de neutrões ao míssil euro


Quando foi inventada a bomba de neutrões foi apresentada como a última maravilha da guerra, a coisa rebentava, matava tudo o que vivia à sua volta mas mantinha o património intacto. Para alegria da Wall Street era uma espécie de Sheltox, matavam-se os humanos mas preservava-se a sua riqueza para os conquistadores.
 
Com a bomba de neutrões a guerra passava a estar cotada na bolsa  de valores, era como se o Pentágono tivesse disperso uma parte do seu capital na bolsa de Wall Street, a partir de então as suas acções valeriam mais ou menos em função da capacidade das suas armas para matar gente preservando a riqueza. Enfim, sempre há excepções a esta economia bélica, o Afeganistão e o Iraque são dois exemplos de excepções, o primeiro porque o património tem pouco valor e não há grande inconveniente em matar e destruir tudo à volta, no Iraque convém destruir para voltar a vender.
  
Se a bomba de neutrões foi a maravilha bélica do século XX, fazendo esquecer as bombas V1 de Hitler, o século XXI quase começou com uma arma sofisticada que faz esquecer a bomba de neutrões pois também funciona como uma espécie de Sheltox e funciona como a V1, os alemães mandam-na a quem se porta mal sem correr o risco de perdeem o sono com o ruído das deflagrações, depois mandam a Merkel avaliar os esultados enquanto os ministros das Finanças das vítimas vão mês sim, mês não a Berlim fazer prova dos prejuízos.
 
Essa poderosa arma que mata sem destruir e que obedecendo à velha filosofia da V1 mas com as virtudes patrimoniais da bomba de neutrões, país que incomode a Alemanha da senhora Merkel já sabe o que lhe sucede, ou muda e põe um governo de chteniks que seja obediente e meta o país da ordem atirando para o lixo essas modernizes do estado social e de direitos dos cidadãos ou leva com um chuto no rabo dado pelo míssil euro e sai da zona.
 
O euro é a mais poderosa das armas, é um verdadeiro Sheltox, com um Gaspar armado deste spray conseguem-se destruir direitos sociais, impor leis laborais, promover despedimentos e maltratar os funcionários públicos, pensionistas e todos os inimigos do liberalismo extremistas sem dar um único tiro, por muito menos já ocorreram guerras por esse mundo fora para adoptar políticas que ao lado do pensamento de Gaspar eram um verdadeiro progresso civilizacional o general Augusto Pinochet teve que dar um golpe de Estado, impor uma ditadura militar, enfiar milhares de chilenos em campos de concentração e assassinar indiscriminadamente. O Gaspar fez tudo sem dar um tiro, só usando o euro.
  
Ao pé do euro os mísseis soviéticos eram uma maravilha, os mísseis do Leonid Ilyich Brezhnev trouxeram progresso social, igualdade e direitos sociais aos trabalhadores da Europa Ocidental, os mísseis de euro da Alemanha unificada estão trazendo um retrocesso civilizacional, a destruição das democracias e dos direitos sociais e, muito provavelmente, trarão de novo as ditaduras fascistas e toda a procissão de miséria que se lhes segue.
  
O Euro é uma bomba ainda mais sofisticada do que a bomba de neutrões, não só deixa o património intacto como ainda consegue distinguir entre os proletários úteis à Alemanha e os que são dispensáveis, aos primeiros o euro limita-se a destruir os direitos ao segundo destrói-lhes o emprego e força-os ao exílio.