Ao ver ontem à noite a entrevista do Alerto na RTP interrogo-me sobre como se faz a opinião pública em Portugal e fico sem perceber o que é um jornalista. O Alberto disse as babar idades que entendeu, manipulou os números como quis, só lhe faltou dizer quanto é que cada português do “contenente” deve à Madeira e que se não fosse o seu governozito já Portugal teria sido expulso da ONU e qual a atitude da jornalista? A jornalista foi tão jornalista que até o Alberto gozou com ele no fim, prometendo-lhe exílio político na Madeira.
Mas não é só o Alberto que diz o que lhe apetece sem qualquer contraditório.
A imagem mais comum das intervenções de Sócrates é uma montanha de jornalistas à sua volta enquanto o primeiro-ministro diz o que acha que os outros deve ouvir, após o que termina, vira as costas e parte.
No caso do tempo de antena de Marcelo Rebelo de Sousa a situação atinge o ridículo, a jornalista parece ter sido paga para fazer o sorriso de fundo e mostrar cara de embasbacada perante tão grande inteligência que discursa na sua frente.
Cada um diz o que quer e lhe apetece, mente-se, manipulam-se dados, organizam-se minis manifestações para a TV, e os jornalistas parecem entender o mundo como um imenso fast-food noticioso, pouco interessa a verdade, não se contradiz ninguém, não se analisam factos. Lembram-me os miúdos do McDonald’s, estão ali para embrulhar os hambúrgueres, pouco mais fazem do que acrescentar os pacotinhos de ketchup conforme for o desejo dos clientes.