Umas no Cravo e Outras Tantas na Ferradura

FOTO JUMENTO

Estação de Santa Apolónia, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Juan José González / EFE]

«Las huellas del 'Prestige'. Imágenes captadas durante la campaña oceanográfica realizada entre el 29 de octubre y el 2 de noviembre de este año por el subdirector del Instituto Oceanográfico de Vigo, Juan José González. Las manchas de hidrocarburos detectadas este mes en la zona en la que se hundió el petrolero Prestige pertenecen "casi con seguridad, a una grieta o a alguna corrosión" en el sellado del pecio, según el funcionario. Este lunes se cumple el cuarto aniversario de la llamada de auxilio del petrolero.» [20 Minutos Link]

AQUELE OLHAR (n.º 7)

JUMENTO DO DIA

Marques Mendes foi falar sozinho

Para o Brasil. Percebe-se, não teve coragem para contestar o discurso de Cavaco Silva mais perto de Belém.

O LIVRO DE SANTANA LOPES

Pelos comentários que tenho lido concluo que o livro de Santana Lopes foi feito à imagem de uma conversa de discoteca entre dois shots. Mas há uma personalidade que não se escapa à condenação pública mais pelas conclusões que poderemos tirar do que por aquilo que Santana conta, é Durão Barroso.

O livro de Santana permite concluir que Durão Barroso mentiu ao dizer que estava a apoiar a candidatura de António Vitorino à presidência da Comissão, e que desde cedo estava a preparar a sua saída, isto é, usou e abusou da boa-fé do ex-comissário europeu:

«O livro arranca no ponto em que tudo começou - quando, a 13 de Junho de 2004, o PSD e o CDS sofreram uma pesada derrota nas europeias e Durão Barroso avisou Santana Lopes para ir ‘‘pensando’’ que poderia ter que o substituir. ‘‘Confirmei que houve pessoas que trabalharam nessa possibilidade (Durão ir para a Comissão Europeia) antes de ela acontecer’’, lê-se no livro. E os comentadores do PSD e do CDS na ‘Quadratura do Círculo’ não foram doces.

(...)
‘‘Este livro é também um testemunho sobre o carácter de um homem público bastante pior, mais perigoso e negativo para o país do que o próprio Santana Lopes’’, afirmou Lobo Xavier. ‘‘É a primeira vez que alguém dá dados concretos sobre algo que Durão sempre negou, ter estado a trabalhar activamente para o lugar na Comissão Europeia muito antes do conhecimento público dessa realidade’’, concordou Pacheco Pereira.

Os ecos da ‘Quadratura’ chegaram a Bruxelas e Santana Lopes aproveitou a entrevista à RTP, quinta-feira à noite, para adoçar a imagem de Durão: ‘‘Ele nunca deu um passo para ser presidente da Comissão; apoiou até ao fim a candidatura de António Vitorino, e eu seria hipócrita se não desse este testemunho: Durão Barroso foi irrepreensível em todo este processo’’.» [Expresso assinantes Link]

Pobre Europa.

UMA IGREJA SAUDOSISTA

Os bispos portugueses perderam a noção do tempo e do ridículo, perderam a noção do tempo e não percebem que nas democracias medievais são os povos que governam e não precisam de pedir autorização ao Papa para mudarem o seu rumo, do ridículo porque descobriram que a infidilidade está nos genes dos óvulos ou dos espermatozóides.

Em poucos dias o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse o que vai na alma de muitos eclesiásticos, a raiva por não conseguirem impor a sua sharia ao regime constitucional, por a Constituição da República não ser uma emanação das interpretações mais conservadoras da Bíblia e por se ousar perguntar a povo quais as regras pelas quais se quer reger.

O MEU ÓVULO E O TEU ESPERMATOZÓIDE

João Miguel Tavares diverte-se à custa dos bispos:

«"Infidelidade consentida" - foi assim que os bispos portugueses classificaram o recurso à procriação medicamente assistida (PMA) quando os espermatozóides ou os óvulos utilizados no processo não forem os do próprio casal. Para a Igreja, pelos vistos, para se ser infiel já não é preciso convocar um terceiro para a nossa cama. Basta um espermatozóide em meio hospitalar. Um mero e microscópico espermatozóide, que não tenha feito os sagrados votos do matrimónio. A gente ouve e não acredita.» [Diário de Notícias Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PALHAÇO POBRE, PALHAÇO RICO

O comentário de Rui Tavares ao livro de Santana Lopes:

«Portugal precisa de Pedro Santana Lopes. Não como primeiro-ministro nem líder da oposição, não como autarca nem presidente de clube recreativo. Precisa de Santana Lopes como artista de variedades. Num café da Baixa, às primeiras imagens de uma nova entrevista sua, os olhos abandonaram por momentos os tristes copos de cerveja e o empregado de avental correu a subir o volume do aparelho de televisão: "Deixa ouvir o gajo, pá!" E os clientes ali ficaram, suspensos do desempenho daquele velho conhecido, recordando incrédulos os meses em que ele foi primeiro-ministro, pontuando aqui e ali com uma gargalhada. O "gajo" é uma diversão: nos seus lamentos sobre as interpretações maldosas da sesta e da Moda Lisboa, nos voos rasantes sobre a ingratidão dos que lhe sucederam, nas exortações aos portugueses: "Só peço aos portugueses que leiam o meu livro." » [Público assinantes Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SANTANA SEGUNDO ELE MESMO

Uma das melhores críticas ao livro de Santana Lopes:

«Para se perceber o livro de Santana e o próprio Santana, talvez seja preciso começar pela página 40, onde ele declara, de passagem e como quem constata a evidência, que Durão Barroso "se tornou um dos portugueses mais influentes no mundo, depois de D. João II". Só uma criança escreveria isto. E Santana é uma criança (não sei se "guerreira), a que se reage às vezes com irritação (quando o disparate excede o permissível) e às vezes com a complacência fácil do adulto. Claro que um primeiro-ministro com a idade mental de um pré-adolescente não ilustra especialmente o país, mas pelo menos mostra um lado inesperado do PSD e da política. Santana não se fez sozinho.

A personagem é um poço de surpresas. A seguir ao desastre do discurso de posse, concluiu que "preferia o improviso". De improviso as ideias "surgem-lhe de forma muito mais célere" do que na leitura de "frases escritas". No fundo, quer dizer o que lhe vem à cabeça e não suporta nenhuma espécie de disciplina. Durão Barroso, que o conhecia, recomendava-lhe gravitas. Mas Santana obviamente não compreendia essa coisa da gravitas e não lhe apeteceu mudar. Continuou "alegre, comunicativo, ele mesmo, como sempre procurara ser", deixando sair, se lhe dava para aí, "uma espontaneidade quase interdita (por assessorias ou teóricos) a quem exerce o cargo de primeiro-ministro". Não gostava "do forçado e do artificial": nem ele, nem, de resto, os média "do século XXI". Em resumo, como a certa altura explica, com o ar de birra e desafio de um menino mimado: "cada um é como é" e ele é "assim".

É assim. E, assim, não admira que metesse um pai no governo, Álvaro Barreto, "uns cabelos brancos" para tomar conta dele. Como não admira que desde o princípio, a pretexto de uma absurda conveniência táctica, se pusesse numa posição filial perante Sampaio. Pedia (suplicava) apoio e protecção ao Presidente e ficou muito espantado, quando o Presidente o começou a tratar como o irresponsável que ele era. Hoje ainda acha que ninguém o compreende (uma queixa típica) e que toda a gente o traiu (outra queixa típica). Em 8 de Outubro de 2004, estava a jantar em Roma com o grande amigo íntimo, Durão Barroso, "saboreando o significado" de Barroso ser presidente da Comissão Europeia e ele primeiro-ministro de Portugal. Onde eles tinham conseguido chegar! Que "momento impressionante"! O último, felizmente, porque em Novembro, para espanto dele, caía. O nosso espanto, no fim do livro, é maior do que o dele: como foi possível? » [Público assinantes Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

RUSSOS ENTRAM NA GALP

Pela mão de Américo Amorim:

«Segundo noticiou ontem o ‘Diário Económico’, Amorim e Ferreira de Oliveira terão fechado o acordo com os russos na quinta-feira, em Londres. Esta situação coloca vários problemas ao Governo. Em primeiro lugar, Ferreira de Oliveira ainda não foi nomeado CEO da GalpEnergia e o seu nome não foi ainda aceite pelo accionista Estado. Em segundo, Américo Amorim está ‘amarrado’ por um acordo que o obriga a manter o controlo da sua posição na Galp por um período mínimo de cinco anos.» [Correio da Manhã Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Alguém falou em nacionalismo?»

CRISE NO PSD

Os conflitos multiplicam-se

«As acusações de que Marques Mendes interferiu directamente na Câmara de Lisboa, a queda da Comissão Política Concelhia do Porto e as acusações na Distrital de Lisboa desenham um quadro de relações difíceis dentro do PSD.» [Correio da Manhã Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pois é Marques Mendes, casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão.»

A ENTREVISTA DE CAVACO INCOMODOU TANTO A DIREITA

Que nem o semanário Expresso esconde o incómodo:

«O mote estava dado. Cavaco Silva exprimiu com muita clareza que do arsenal dos poderes presidenciais não consta o de representante da oposição: “Esse é um papel que cabe aos partidos com assento parlamentar”. Para desgosto de alguns sectores da direita, o Presidente da República reservou para si próprio a tarefa de acompanhar “com muita exigência” a actividade governativa e, de passagem, referiu o recurso ao veto como a derradeira arma para “sanar” pontos de vista inconciliáveis. Mas no horizonte do chefe do Estado não se adivinham tempestades. Elogiou genericamente algumas das mais contestadas reformas do Governo e apoiou o combate ao défice (“não temos mais espaço para aumentos de impostos”). E como se tal não bastasse, deu sinais claros de que as leis das Finanças Locais e das Finanças Regionais não vão entrar no pacote dos vetos. “Não acredito que o povo madeirense não queira participar no esforço de combate ao défice”, declarou.

(...) Pelo que se viu e ouviu, Cavaco continua a não ter dúvidas. Quanto aos enganos, veremos.» [Expresso assinantes Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Balsemão se viu a entrevista.»

NEGÓCIOS EM FAMÍLIA

Na família social-democrata madeirense:

«O Governo Regional da Madeira adjudicou à Controlmedia, empresa propriedade de Jaime Ramos e administrada pelo seu filho, Jaime Filipe, ambos deputados do PSD, sendo o primeiro líder parlamentar e o segundo líder da JSD, a planificação da campanha promocional da Madeira como destino turístico junto do mercado continental. O contrato, orçado em 644 mil euros, tem a validade de dois anos e foi feito após concurso público ganho pela empresa do deputado. Um negócio que só é possível porque a Madeira se excluiu do regime de incompatibilidades em vigor no Continente e nos Açores, que impedem os detentores de cargos públicos de realizarem negócios com o Estado.» [Público Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Marques Mendes se tem algum comentário a fazer, na linha daqueles que fez em relação ao estudo relativo às Scut.»

ILHAS SUSPENSAS?

«Unusual images of the Earth have occasionally been uncovered after declassification of hundreds of thousands of spy satellite images by the National Imagery Mapping Agency (NIMA). In one of the more spectaular images, gathered on May 25, 2005, the apparent levitation of at least two Caribbean islands above the surface of the ocean was captured (above). » [The EcoEnquirer Link]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»