As recentes buscas ao Banco Espírito Santo em Espanha proporcionar uma excelente oportunidade para compararmos como funcionam as justiças dos dois países ibéricos. Em Espanha investiga-se o branqueamento de capitais a evasão fiscal, o mesmo tipo de crimes que estão na mira da Operação Furacão.
Dois dias depois da actuação da justiça espanhola já é possível reparar que o comportamento do BES em Espanha foi muito diferente daquele que teve em Portugal, e a própria justiça espanhola foi muito mais discreta e eficaz do que a nossa. Por cá os visados pelas buscas ficaram todos avisados quando foi mostrado o primeiro mandado de busca, porque o mandado tinha a lista das instituições que iam ser alvo de buscas e também porque essas buscas não ocorreram em simultâneo.
Em Portugal o BES ameaçou tudo e todos de os levar à justiça se escrevessem ou falassem do processo enquanto em Espanha se limitou a emitir um comunicado muito mansinho e cheio de evidências. Ficámos particularmente sensibilizados com a disponibilidade do BES para apoiar a justiça, pois como se sabe a obstrução às investigações é crime. Alguém imagina o BES a ameaçar o El Mundo ou o El Pais com fez em relação ao Expresso que desde então ficou mudo? Se o fizesse o seu futuro em Espanha chegaria ao fim.
Mas no que se refere às relações entre o poder político e a banca há outras diferenças entre Espanha, do outro lado da fronteira o governo não costuma integrar ministros que eram administradores do BES, nem o fisco é dirigido por um administrador de qualquer outro banco, por ali a separação de interesses é, pelo menos aparentemente, levada até às últimas consequências. Em Portugal os mesmos bancos envolvidos em suspeitas de evasão fiscal e branqueamento de capital colocam administradores à frente de um ministério e da DGCI, num sinal claro de que Portugal está bem mais próximo dos modelos políticos mais suspeitos do que a Espanha.
Será muito interessante acompanhar a evolução dos dois processos e aqui fica uma aposta: o processo conduzido pelo juiz Garzón será concluído muito antes do que a Operação Furacão, e quando digo concluído estou a referir-me à eventual formulação da acusação, pois quanto à conclusão dos julgamentos não vale a pena apostar, em Portugal o julgamento dos ricos morrem num emaranhado de vírgulas apreciadas pelos tribunais superiores e pelo Tribunal Constitucional, que por cá funcionam como os tribunais dos ricos pois só estes e os traficants de droga têm dinheiro para lá chegar.
Dois dias depois da actuação da justiça espanhola já é possível reparar que o comportamento do BES em Espanha foi muito diferente daquele que teve em Portugal, e a própria justiça espanhola foi muito mais discreta e eficaz do que a nossa. Por cá os visados pelas buscas ficaram todos avisados quando foi mostrado o primeiro mandado de busca, porque o mandado tinha a lista das instituições que iam ser alvo de buscas e também porque essas buscas não ocorreram em simultâneo.
Em Portugal o BES ameaçou tudo e todos de os levar à justiça se escrevessem ou falassem do processo enquanto em Espanha se limitou a emitir um comunicado muito mansinho e cheio de evidências. Ficámos particularmente sensibilizados com a disponibilidade do BES para apoiar a justiça, pois como se sabe a obstrução às investigações é crime. Alguém imagina o BES a ameaçar o El Mundo ou o El Pais com fez em relação ao Expresso que desde então ficou mudo? Se o fizesse o seu futuro em Espanha chegaria ao fim.
Mas no que se refere às relações entre o poder político e a banca há outras diferenças entre Espanha, do outro lado da fronteira o governo não costuma integrar ministros que eram administradores do BES, nem o fisco é dirigido por um administrador de qualquer outro banco, por ali a separação de interesses é, pelo menos aparentemente, levada até às últimas consequências. Em Portugal os mesmos bancos envolvidos em suspeitas de evasão fiscal e branqueamento de capital colocam administradores à frente de um ministério e da DGCI, num sinal claro de que Portugal está bem mais próximo dos modelos políticos mais suspeitos do que a Espanha.
Será muito interessante acompanhar a evolução dos dois processos e aqui fica uma aposta: o processo conduzido pelo juiz Garzón será concluído muito antes do que a Operação Furacão, e quando digo concluído estou a referir-me à eventual formulação da acusação, pois quanto à conclusão dos julgamentos não vale a pena apostar, em Portugal o julgamento dos ricos morrem num emaranhado de vírgulas apreciadas pelos tribunais superiores e pelo Tribunal Constitucional, que por cá funcionam como os tribunais dos ricos pois só estes e os traficants de droga têm dinheiro para lá chegar.