Estávamos no tempo do Governo Guterres e o PSD era liderado por Marcelo Rebelo de Sousa quando um antigo alto quadro daquele partido comentava-me à hora do almoço que o até que se livrasse de Durão Barroso, Santana Lopes e Marques Mendes o PSD teria que fazer a sua travessia do deserto, entendida esta como uma longo período fora do governo.
Acertou e não acertou, inesperadamente Durão Barroso chegou ao governo e para surpresa de todos partiu para Bruxelas, deixando Santana Lopes aos comandos do país, talvez inspirado no piloto que se entregou ao libido com a hospedeira e deixou o avião entregue ao macaco. Não acertou porque a passagem do PSD foi efémera, mostrando ao país que sem os dirigentes de outras épocas e com uma geração de dirigentes a viver dos rendimentos adquiridos com o poder, o PSD é um partido de dirigentes medianos mas suficientemente argutos para impedirem a sua substituição.
Cumpriu-se o destino traçado ao PSD por esse amigo que hoje vive recuado, beneficiando da tolerância de Sócrates para com os bafejados com altos cargos no tempo de Durão Barroso.
Durão Barroso e Santana Lopes já mostraram o que valem e portugueses já os conhecem de gingeira, agora chegou a vez de ser Marques Mendes o timoneiro de uma Arca de Noé de onde já fugiu uma boa parte da bicharada. E, como se a desgraça não bastasse, Luís Filipe Menezes já se está a oferecer para prolongar o ciclo de incompetência iniciado por Durão Barroso.
Por mais que Pacheco Pereira tente dar consistência ideológica ao PDS, a verdade é que este partido assemelha-se mais a uma Arca de Noé onde se junta a bicharada que pretende povoar o poder com as suas espécies, do que uma associação política a que se adere por convergência de projectos.