sábado, maio 01, 2010

O desorganizado "Estado Social"

Aquilo a que hoje designamos Estado Social é uma imensidão de serviços gratuitos, de esquemas de ajudas e de subsídios desorganizados, que consomem grandes recursos do Estado. Já ninguém sabe muito bem quem dá e quem recebe o quê, a dívida da saúde cresce exponencialmente, as escolas consomem mais recursos do que nos outros países, os esquemas de ajudas sociais multiplicam, os benefícios fiscais são adoptados ou eliminados ao sabor da evolução das contas públicas.

São tantas as organizações envolvidas que ninguém sabe muito bem quanta da ajuda chegam aos carenciados e qual a parte da despesa pública é consumida pela imensa máquina burocrática envolvida. Na mesma função concorrem as mais diversas organizações, as instituições de solidariedade social, as igrejas, as santas casas, as juntas de freguesia, os serviços camarários, as ONG, o ministério da Solidariedade Social.

São dezenas de milhares de funcionários públicos e de instituições privadas, milhares de edifícios e de viaturas, muitos directores-gerais, subdirectores-gerais, directores de serviços e chefes de divisão. É muito provável que sejam mais os burocratas do que os destinatários da ajuda estatal, que se gaste muito mais com os seus vencimentos e com os equipamentos e instalações do que com a ajuda distribuída.

Toda esta máquina desorganizada, a que se junta a desorganização da saúde e das escolas custa uma boa parte da despesa pública e ninguém sabe muito bem nem quanto custa, nem quanto se gasta efectivamente na saúde, no ensino e na saúde e muito menos quanta desta despesa serve para alimentar o imenso negócio da burocracia.

Os autarcas multiplicam ajudas para acorrer à saúde e ao voto dos pobres, os governos e partidos da oposição digladiam-se para ver quem dá mais, os sindicatos defendem os direitos da imensidão de funcionários que servem esta imensa máquina, os partidos asseguram o bem estar económico dos seus militantes com os cargos de chefia.

Todos sabemos que o se gasta no ensino e na saúde não tem correspondência com a qualidade destes serviços, isso é evidente pela elevada percentagem dos que optam pelo sector privado apesar de terem direito aos serviços públicos. Tenho muitas dúvidas sobre a eficácia da imensa máquina instalada para gerir os apoios sociais, estou mesmo convencido de que os mais apoiados são os burocratas deste monstro em constante crescimento.

É preciso repensar aquilo a que se designa de Estado Social, repensar os seus modelos de gestão e de organização, assegurar que os seus custos são controlados e ter a certeza de que a maior parte dos recursos chega mesmo a quem mais precisa.