quarta-feira, maio 12, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Órgão da Sé Catedral de Faro
(construído em 1715/16 por Johann Heinrich Hulenkampf/Caetano Oldovini)

PORTUGAL VISTO PELOS VISITANTES D'O JUMENTO

Porto (fotografia de A. Moura)

O Jumento na aldeia de Monsanto? (Fotografia de A. Cabral)

IMAGEM DO DIA

[Mark Ralston/Agence France-Presse/Getty Images]

«SEEPING THROUGH: Oil booms surrounded one of the Chandeleur Islands Monday to protect it from oil. BP, Halliburton and Transocean officials traded blame for the April 20 oil-rig explosion Tuesday during testimony before the Senate.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Teixeira dos Santos, ministro das Finanças

Seria bom que o ministro das Finanças se decidisse porque por este andar o cinto parece um calendário, a cada mês que passa os portugueses fazem mais um furo. Este ministro das Finanças parece ter inventado um novo tipo de previsões, as previsões às prestações, já aconteceu isso quando o défice foi subindo de previsão em previsão desde os 5% aos 8%. Agora por cada mês que passa o ministro adopta novas medidas, foi o Orçamento de Estado, o PEC, o congelamento das obras públicas e agora já se fala de um PEC2.

«Teixeira dos Santos admitiu um "aumento os impostos" numa frase carregada de "ses". Mas esse pode ser um cenário inevitável para Portugal cumprir a promessa de reduzir em mais um ponto - de 8.3% para 7.3% - o défice deste ano. O Governo tem um mês para levar a Bruxelas a nova receita para pôr as contas em ordem. José Sócrates, sabe o DN, só pedirá novos sacrifícios depois de negociar a nova versão do PEC com o PSD.

Em números redondos, o Estado precisa de cortar ou arrecadar perto de 1.6 mil milhões de euros adicionais. De acordo com o DE, o Governo está a estudar um aumento de um ou dois pontos no IVA e a criação de um imposto sobre o 14º mês, o subsídio de Natal.

Um aumento de dois pontos do IVA - de 20% para 22% - implicaria um encaixe adicional de 600 mil milhões de euros. Ainda não se conhece o plano para o 14º mês. Mas, por hipótese, se o Governo duplicasse o IRS sobre o subsídio, conseguiria arrecadar outros 650 milhões. Os 350 milhões em falta podem vir de reduções nas prestações sociais, do congelamento das obras públicas e do último (e novo) escalão do IRS.» [DN]

A FAMÍLIA REAL DE BOLIQUEIME

Mais uma vez a família Silva exibiu tiques de família real, quando Cavaco Silva fez anos a foro de família lembrava as da família real espanhola, agora recebeu o papa no Palácio de Belém com toda a sua família. Não percebeo porque razão estava lá a filha e o genro do Presidente da República e não estava a empregada de balcão dos pastelinhos de Belém.

HISTORY OF DICTATORSHIP HELPS TO EXPLAIN DEBT PROBLEMS OF SOUTHERN EUROPE

«They possess olive groves, citizens with year-round sun tans and much of the west's cultural heritage. But is there anything else, apart from rickety public accounts, that unites the southern European nations in the eye of the latest financial hurricane? And, if so, could it help explain the crisis?

Portugal, Spain, Italy and Greece used to be referred to – half-jokingly, half-condescendingly – as "Club Med". Then, as their government deficits and/or public debt became ever more alarming in the crisis that followed the (first?) credit crunch, someone hit on the even more insulting "Pigs".

Polite it may not have been. But it had the advantage of ambiguity. The "i" could stand for Ireland, which turned out to have public finances at least as Mediterranean as Italy's.

Since Ireland acted drastically to clean up its act, though, the line-up is again homogeneously southern European. Italy's leaders protest they should form no part of it. Their country's public debt may be the highest of all, they say, but its overall dependence on foreign lenders is not much greater than France's. If you accept that argument (as the markets have so far), then the three countries left do share a feature that offers a clue.

Portugal, Spain and Greece all have comparatively recent experience of dictatorship. Between 25 April 1974, when tanks rolled into Lisbon under the command of young, left-wing officers and 20 November 1975, when General Francisco Franco died in his bed, their authoritarian regimes were either killed off or mortally wounded. By 1977, Portugal, Spain and Greece were all functioning democracies.

But the experience of dictatorship has left its mark on politics, society and perhaps the three countries' respective economies too. To varying degrees, it created large public sectors and a gut mistrust of strong government that is also reflected in the exaggerated dispersal of power to be found in other former right-wing dictatorships like Italy and Germany. This is possibly why southern Europe has never had a Mrs Thatcher (though Aníbal Cavaco Silva, who imposed deregulation and tax cuts on Portugal when he was prime minister from 1985 to 1995, has a record that somewhat resembles hers).

Saddled with burgeoning public sectors (which help sustain muscular trade unions) and lacking a social mandate for radical change, Greece, Spain and post-Cavaco Silva Portugal – it can be argued – were doomed to slip into the pattern that lies behind the present crisis. For almost a decade now, wage rises in southern Europe have been outstripping productivity increases, creating imbalances that Mediterranean government leaders have traditionally resolved by means of devaluation, but which they can no longer tackle in that way because they are tied in to a single currency.

The theory has a flaw, though. Italy has followed a similar path. It, too, has a big public sector and the deepest aversion of any country, except perhaps Greece, to free-market reform. Yet its experience of dictatorship, under Mussolini, is much less recent. The flaw is not necessarily fatal – the legacy of fascist corporatism is still clearly discernible in Italy – but it is enough to prompt a look at other common factors.

To a greater or lesser extent, all the southern European countries have clientelistic societies that encourage wasteful public spending that, in turn, forces their governments to borrow heavily.

Italy's huge debt pile, of 116% of GDP, was in large part built up to pay for the systematic over-charging by government contractors that was needed to generate "tangenti" (bribes) for the politicians and parties who allotted the contracts.

If you look up the southern European countries on Transparency International's latest annual Corruption Perceptions Index and then look at the statistics on the size of each country's public debt, you get an intriguing correlation. The heaviest borrowers – Greece, with 115% of GDP, and Italy – are also those that do worst in TI's graft league, holding 71st and 63rd places respectively. Portugal has borrowed the equivalent of 77% of its GDP and ranks 35th, while Spain is both the "cleanest" nation (in 32nd place on TI's table, on a par with Israel) and the one that has least public debt (53% of GDP, a figure that compares favourably with Britain's 68%).

That has not stopped Spain being targeted by anxious investors. It has other problems, including a worryingly large budget deficit and little apparent political will to tackle it. But what the comparison above suggests is that, if these three countries want to clean up their act once and for all, they are going to have to think long and hard, not just about their economies but about the nature of their societies too.» [The Observer]

Parecer:

Por John Hooper.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TEMPOS DE DELICADEZA, ESTES

«Por estes dias, os únicos adoidados são os jogadores de Bolsa. Andam de montanha-russa enquanto gritam: "Compra, quer dizer, vende, não, não, compra, compra!" Ontem, dia da maior subida, seguiu-se à pior semana da história do PSI-20. Quem não sabia o que quer dizer o tal PSI, já sabe: homenagem ao tipo de médico que frequenta. Mas, como já eu disse, só esses parecem baratas tontas. O resto do mundo, por estes dias, adopta a extrema deferência com os outros. Ontem, com um intervalo de um par de horas, Gordon Brown demitiu-se e Carlos Queiroz anunciou os convocados para o Mundial. Sinal comum em ambos os gestos: foram cometidos como quem toma chá. O trabalhista Brown saiu só para ajudar Nick Clegg a decidir-se. Clegg é liberal-democrata, prefere os trabalhistas aos conservadores mas já tinha dito que não faria coligação com Brown. "Não seja por isso, meu caro, eu saio já", disse (mais ou menos) Brown, desamparando a loja. Já Queiroz, depois de escolher o guarda-redes titular, Eduardo, escolheu estes outros dois para o acompanhar: Beto que não joga no seu clube e Daniel Fernandes que joga no clube grego Iraklis (ou no iraquiano Greklis, uma coisa assim). Guarda-redes suplentes que não façam, pois, o titular sentir-se ameaçado. É o que eu dizia, delicadeza está na ordem do dia. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FUMAÇA

«Mas o Cardeal Ratzinger não é um Chefe de Estado convencional. É também o Papa Bento XVI, líder religioso dos Cristãos Católicos; o que transporta a visita agora em curso também para o campo do religioso e do simbólico. Daí as missas campais, a mobilização da sua Igreja e fieis, e a dimensão laudatória da sua visita. Tudo dentro da normalidade esperada, se não fosse a intromissão do Estado nestas celebrações, apoiando financeiramente as mesmas (em quantidades estranhamente não divulgadas) e decretando várias tolerâncias de ponto (que custarão directamente, segundo estudos desenvolvidos, qualquer coisa como 37 milhões de euros por dia); numa altura em que em Portugal se conta e aponta publicamente todo o consumo dos nossos tostões.

Esta dupla intromissão - do Civil no Religioso e no nosso quotidiano - é inadmissível num Estado laico, que se secularizou há quase 100 anos; e que demonstra que pouco se aprendeu, neste último século, acerca da noção de laicidade do Estado e da consagração do direito à liberdade religiosa. O Estado tem, obviamente, que tratar diferenciadamente o religioso do político; com o risco de - se o não fizer - entrar num terreno pantanoso pouco dignificante para um regime civilista e dificilmente associado ao progresso social e civilizacional alcançado nos últimos 35 anos.

A missa que hoje se celebra no Terreiro do Paço transporta-nos também inevitavelmente para outros tempos, onde a mesma Praça consagrava um regime com características assumidamente autoritárias, aclamando um brando ditador católico. Nesse tempo, o regime organizava-se de forma a produzir um espectáculo legitimador com sucesso garantido: decretava tolerância de ponto à função pública, manipulava as suas organizações para que - de forma peregrina - marcassem presença, e requisitava todos os meios de transporte disponíveis (de comboios especiais, a autocarros e barcos) de forma a garantir uma entusiasta presença maciça.» [DN]

Parecer:

Por José Reis Santos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

BENFICA OFERECE CAMISOLA AO PAPA

«Vinte e dois jovens do Benfica, acompanhados pelo director desportivo, Rui Costa, e por Nuno Gomes vão entregar esta terça-feira ao Papa, no Terreiro do Paço, uma águia e uma camisola do clube.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Ouvi dizer que Pinto da Costa não ficará atrás e oferecerá uma caixa de bolas de golfe.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Esperemos para ver a oferta de Pinto da Costa.»

MANUEL ALEGRE DIVULGA REGISTO DO SERVIÇO MILITAR

«O candidato presidencial Manuel Alegre divulgou hoje no seu site o registo de cumprimento do seu serviço militar e adiantou que irá processar judicialmente quem, a "coberto do anonimato", tem levantado dúvidas sobre esta matéria.

"Para conhecimento de quem estiver interessado, divulga-se o registo do serviço militar de Manuel Alegre de Melo Duarte, que pode ser confirmado pelas entidades competentes, nomeadamente o Estado Maior do Exército", refere uma nota publicada no site http://www.manuelalegre.com/.

Na parte final da nota, após serem enumerados todos os passos da carreira militar de Manuel Alegre, "nomeadamente em África e em situações de combate", a candidatura do ex-vice-presidente da Assembleia da República deixa um aviso aos sectores que têm levantado dúvidas sobre este período da vida de Alegre. » [DN]

Parecer:

Será que Alegre considera que quem não esteve na guerra por opção polítca deve ficar prejudicado nos seus direitos políticos?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao candidato.»

O DEPUTADO RICARDO RODRIGUES ESTÁ A FICAR FAMOSO

«A organização Repórteres Sem Fronteiras, que tem como objectivo a defesa da liberdade de imprensa no mundo, condenou esta terça-feira a atitude do deputado socialista Ricardo Rodrigues por ter levado gravadores de jornalistas que o entrevistavam, escreve a Lusa.

«Estamos escandalizados com este comportamento surrealista que só tem paralelo em certos responsáveis políticos dos países mais rígidos», referiu a organização num comunicado divulgado pelo representante da organização junto da União Europeia, Olivier Basille. » [JN]

Parecer:

Idiota.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao deputado que regresse aos Açores.»

ART LIONSE

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