sábado, maio 15, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

PORTUGAL VISTO PELOS VISITANTES D'O JUMENTO

Ir ao fundo (fotografia de A. Cabral)

IMAGEM DO DIA

[Jahi Chikwendiu-The Washington Post]

«Lt. Col. John Klatt of the Aerobatic Team from the Air National Guard's 148th Fighter Wing in Duluth, Minn., does aerobatic stunts in his Staudacher S-300D aircraft near Stafford Regional Airport in Fredericksburg, Va. Klatt is in the Washington area to perform at the Joint Services Open House and Air Show at Andrews Air Force Base. » [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Pacheco Pereira, deputado do PSD

Pacheco Pereira devia explicar aos portugueses e, em particular, aos que o elegeram porque razão os deputados devem não acompanhar os restantes titulares nos sacrifícios para enfrentar a crise por terem sido eleitos. Parece que a legitimidade democrática funciona como argumento para que os deputados façam sacrifícios menores.

«Da parte do PSD, a única proposta concreta foi o corte de 2,9 por cento nos salários dos políticos e gestores públicos, justificada, segundo Passos Coelho, porque "a classe política deve dar o exemplo". E admitiu que até podia ser pedido mais do que 2,9 por cento. Foi quase só neste ponto que incidiu um reparo às propostas do PSD na bancada parlamentar. Pacheco Pereira defendeu a separação entre as duas categorias, alegando a legitimidade democrática de quem é eleito. » [Público]

PATÉTICO

Ouvir um Presidente da República todo babado dizendo que o Papa disse o nome dos seus netos e quando a jornalista o questionou se o papa sabia os nomes respondeu que foi ele que os ia dizendo. Por este andar ainda vou ver um torneio de dominó nos jardins do Palácio de Belém.

RECESSÃO

Muitos dos que receiam a recessão como consequência das medidas adoptadas pelo governo com o apoio prévio do PSD parecem ignorar o que poderia suceder na ausência dessas medidas. Se estas medidas restringem o consumo e por essa via podem conduzir a uma redução do crescimento económico, a falta de confiança dos investidores na economia portuguesa poderia ter consequências bem mais graves, quer ao nível do acesso ao crédito, quer no plano do investimento.

É cedo para prever as consequências económicas, não é difícil prever se o efeito positivo da confiança dos investidores compensará a retracção do consumo. Tudo vai depender do que for feito para promover e facilitar o investimento. O governo já anunciou uma reforma da legislação laboral, resta agora anunciar o fim da infinidade de esquemas montados pela burocracia para "cravar" todos os que decidem investir.

São necessárias medidas que acelerem a implementação de novos investimentos, que reduzam os custos iniciais desses investimentos e que aligeirem a carga fiscal às novas empresas.

MARGOS DE BOCA

«A decisão tomada pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia de criarem um quadro de emergência para estabilização do euro, seguida pela sua concretização na reunião dos ministros das Finanças no passado fim-de-semana, foi por muitos considerada tardia. Mas pode-se dizer que veio ainda a tempo de estancar o apertar do cerco que vinha a desenvolver-se a partir da crise grega, ameaçando já directamente a economia portuguesa e a espanhola e, assim, pondo em causa a credibilidade da moeda comum europeia.

Importa, desde logo, retirar duas lições preliminares.

Por um lado, os mecanismos de decisão da União e o sentido de responsabilidade comum por uma moeda com vocação global mostram-se desadequados e insuficientes face à realidade do mundo global em que vivemos. A agilização desses mecanismos e o reforço da vontade política que preside ao seu accionamento constitui um desafio central. A que começou a responder a Comissão com as propostas que avançou esta semana quanto à coordenação das políticas económicas dos Estados membros.» [DN]

Parecer:

Por António Vitorino.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A PROFESSORA, A VACA E O ESSENCIAL

«A editora Civilização foi tola. Já alguém disse e bem: "Posso contar todo o tipo de anedotas. Não as conto é a toda a gente." Judeus que contam anedotas sobre campos de concentração só o fazem depois de olhar à volta e confirmar que não há nazis na sala. Porque o humor é sempre uma cumplicidade entre quem conta e quem ouve. Que tácito acordo, que cumplicidade, que piscar de olho os responsáveis daquela editora esperam encontrar nos miúdos a quem eles contam a anedota que chama vaca às professoras? Publicaram- -na no livro 365 Piadas Novas, numa colecção "infanto-juvenil" dirigida a crianças a partir dos 7 anos. Pelo que se pode ler no texto publicado hoje no DN (pág. 31), várias organizações profissionais de professores protestam pelo insulto aos professores. O lamento destes não me impressiona. Mal seria que uma profissão não aguentasse as aleivosias que se contam sobre ela. Políticos, médicos, jornalistas, professores, quase todos têm a sua quota de "racismo" social, para o qual não há remédio. Remédio há, e até santo, mostrando à editora que ela, se continuar a ser tola, perde comercialmente. E essa reacção é salutar por haver vítimas indefesas: uma criança não pode ver na professora uma vaca. Não por causa da professora (que bem deve poder com isso) mas pela criança. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

LADRÕES SEM CASACA

«Bom, lá veio o apocalipse: aumentos em praticamente todos os impostos, retracção no investimento público e um recuo do governo em várias das suas apostas e promessas nas últimas eleições. Isto sucede, estranhamente, no momento em que se descobre que Portugal é, na UE, o país cuja economia mais cresceu - ou seja, melhor recuperou da recessão. Bem sei que não percebo nada de economia (é sempre bom avisar) mas isto é, até para uma néscia como eu, um bocado paradoxal de mais.

Faz sentido sufocar e castigar uma economia quando ela dá mostras de recuperação? Não poderão estas medidas ter efeitos recessivos, ou seja, agravar a situação do País? E se os motivos próximos ou mesmo directos destas medidas são as avaliações desfavoráveis das empresas de rating, que se deveriam à noção de que a economia portuguesa não iria recuperar, se está a recuperar como se explica que se funcione como se não estivesse? Mais: se ainda anteontem o Governo, o Presidente da República e até os responsáveis da UE frisavam que Portugal e toda a zona euro estavam a ser objecto de um ataque "dos especuladores" sob a forma das avaliações das empresas de rating, por que motivo agora se conformam com funcionar de acordo com regras e parâmetros cuja justeza, veracidade e eficácia não reconhecem?» [DN]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

EU QUERO UM TGV

«Para cada coisa que se faz há sempre muitos argumentos para não se fazer. Dos mais plausíveis aos mais absurdos. É assim a vida. Mas em Portugal gerou-se uma onda contra todo e qualquer empreendimento que escape à vulgar rotina da conjuntura. São muitos os que perante qualquer projeto logo encontram mil maneiras de se oporem.

O caso do TGV é paradigmático. O tema tem anos. Foram feitos todos os estudos. Além dos aspetos positivos, e são muitos, existe um compromisso de ligação a Espanha. Está assinado e celebrado. Mesmo assim a negatividade e maledicência nunca descansam. Primeiro foi a polémica das geometrias. Gente que não entende do assunto manifestou-se contra os percursos, sugeriu outros, exigiu a alta velocidade à porta ou nada. O PSD, que hoje é contra o Lisboa-Madrid, desenhou nada menos de 5 linhas de forma a satisfazer clientela e autarcas. Depois, foi a questão das bitolas, das mercadorias, do número de passageiros, do preço do bilhete, da rendibilidade, até se chegar a este argumento dos argumentos que é a falta de dinheiro.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por Leonel Moura.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

GOVERNO NÃO PRESSIONOU A PRISA PARA FAZER NEGÓCIO COM A TVI

«Manuel Polanco garante que nunca exisitiu pressão do Governo para que a Prisa fizesse o negócio com a PT. “Planeamos esta operação sempre do ponto de vista comercial. Era um grande negócio para ambas as partes. Nunca, em absoluto, houve uma pressão de nenhum membro do Governo”.

O administrador da Prisa explicou ainda que o negócio só não avançou por “temas financeiros, muito financeiros”. “Tinhamos uma série de necessidades e necessitávamos que os nossos credores aceitassem uma serie de condições que não estavam nesse ‘term sheet’”. Manuel Polanco disse ainda que recebeu uma chamada de Zeinal Bava, a 26 de Junho [data em que Mário Lino comunicou a oposição do Governo ao negócio] “a dizer que o negócio ficava suspenso”. “Creio que comentou que o tempo da operação não era o adequado e que tinhamos de esperar”» [CM]

Parecer:

Já se sabia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Esperemos que o inspector da Marmeleira encontre as provas que tanto procura.»

PROFESSORES INDIGNADOS COM LIVRO QUE OS COMPARA A VACAS

«Uma anedota destinada a crianças que compara o professor a uma vaca está a causar mal-estar junto da classe e até já levou docentes a queixarem-se à editora Civilização, responsável pelo livro infantil onde foi publicada (ver imagem). Os professores entendem que a piada surge na pior altura, precisamente quando sucedem casos de ataques de alunos à sua autoridade.

A editora já anunciou que vai retirar a anedota do livro 365 Piadas Novas, indicado para crianças a partir dos sete anos. "Recebemos duas ou três cartas de professores e como estamos a fazer uma nova impressão decidimos retirar essa anedota. Por isso, na nova edição já não aparece", adiantou ao DN a directora editorial da Civilização, Simona Cattabiani.» [DN]

Parecer:

Convenhamos que é demais:

"- Meninos! que é que dão os carneiros?
- Os carneiros dão-nos lã.
- Muito bem! E a galinha?
- A galinha dá-nos ovos.
- Perfeiro! E a vaca?
- A vaca dá-nos trabalhos para casa."

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos professores que peçam ao Mário Nogueira para fazer uma manif do tipo "espera" ao director da editora.»

MAIS UMA REFORMA DO MERCADO LABORAL

«O Governo quer tranquilizar os mercados. E nas medidas adicionais do Programa de Estabilidade e Crescimento que entregará segunda-feira em Bruxelas inscreveu uma promessa: "implementar um programa de aprofundamento de reformas estruturais", nomeadamente do "mercado de trabalho, em linha com recomendações da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)]".

O compromisso consta do documento que o Governo fez chegar ao PSD com a síntese de medidas a aplicar. Porém, não constou do comunicado do Conselho de Ministros sobre o "pacote de austeridade". O gabinete do primeiro--ministro garantiu ao DN que se tratou de um "lapso" ao terem sido "sintetizadas as medidas", mas admitiu que esse ponto faz parte do caderno de encargos que Portugal vai assumir perante os seus parceiros da União Europeia. O que ninguém no Governo esclareceu foi que orientação será dada a essa reforma - que promete ser sensível, em momento de crise social.» [DN]

Parecer:

E vão três.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas propostas.»

QUEREM DESPEDIR UMA PROFESSORA POR TER POSADO PARA A PLAYBOY

«Bruna, professora responsável pelas Actividades Extra-Curriculares (AEC) na escola de Torre de Dona Chama, no concelho de Mirandela, corre o risco de ser despedida depois de ter aparecido na edição de Maio da revista Playboy em poses ousadas com outra mulher.

O director do Agrupamento de Escolas da Torre de Dona Chama, José Pires Garcia, garantiu que pediu à Câmara Municipal que tome “uma atitude”.”Mal tive conhecimento do assunto, há poucos dias, contactei a autarquia por correio electrónico”, uma vez que a contratação dos professores das AEC é da responsabilidade do município e não da escola, disse ao JN.» [DN]

Parecer:

Palermas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos rapazes se compraram a revista para ver a colega nua.»

PENA LEVE

«Os ex-presidentes do BCP, Jorge Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal, e os ex-gestores Christopher de Beck, Alípio Dias e António Rodrigues foram castigados pelo Banco de Portugal com coimas entre um milhão de euros e 450 mil euros, e com a inibição de exercício de actividade na banca entre nove e quatro anos. Ao fim de quase três anos, e a duas semanas de abandonar as funções no Banco de Portugal (BdP), Vítor Constâncio acusou de dolo cinco gestores do BCP e um ex-director, por prestação de informações falsas e de adulteração das contas com prejuízo no conhecimento da situação patrimonial e financeira do banco.» [Público]

Parecer:

O prejuízo que deram ao BCP parece ter sido muito superior às multas que vão pagar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se a mão leve do Banco de Portugal.»

AGORA O PROBLEMA É DA CURA

«O PSI 20 perdia 4,05% para 7.027,31 pontos, um dos piores desempenhos no monitor da Bloomberg que acompanha a evolução de 93 índices accionistas mundiais.

As principais praças europeias também seguem com perdas acentuadas, assim como os índices norte-americanos. O índice espanhol IBEX 35 afundava 5,5%, enquanto o principal índice grego recuava 4,1%.

Na origem das quedas estão os receios dos investidores de que as medidas tomadas pelos países europeus, como Portugal e Espanha, para reduzirem os seus elevados défices, comprometam o crescimento económico da região.» [DE]

Parecer:

O mercado financeiro anda muito nervoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se calma.»

SÓCRATES, O OPTIMISTA

«No final de uma visita às obras de conversão da refinaria de Sines, o "maior projecto industrial português" em curso, avaliado em 1300 milhões de euros, o chefe de Governo apresentou "três factos" para sustentar a sua confiança.

"Portugal foi um dos primeiros países a sair da condição de recessão técnica depois da eclosão crise e mundial; foi também um dos países que melhor resistiu à crise em toda a Europa; e finalmente Portugal teve este trimestre o maior crescimento da Europa", enfatizou.

"Isto são factos, não são opiniões nem pontos de vista", observou, salientando: "Portugal teve um comportamento que lhe permitiu ser dos primeiros a sair da recessão, que permitiu apresentar-se como um dos países que melhor resistiu à crise e que mais cresceu economicamente em 2010".» [DE]

Parecer:

A cada crise de optimismo de Sócrates costuma seguir-se mais um furo no cinto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao primeiro-ministro que seja mais modesto no optimismo.»

QUEM FALOU EM ASFIXIA

«O presidente do Governo Regional da Madeira disse hoje “estar-se nas tintas” para as críticas que o ex-diretor do Diário de Notícias do Funchal lhe dirigiu em editorial de quinta feira explicando as razões por que se demitia do cargo.

O diretor do Diário de Notícias do Funchal, Luís Calisto, anunciou quinta feira em editorial a demissão do cargo que exercia desde outubro de 2005, acusando o presidente do Governo Regional de estar a “fazer bullying à imprensa regional”.

“Toda a gente sabe que o diretor cessante não tinha categoria para desempenhar aquele lugar, depois, para disfarçar as suas limitações, foi para aí abaixo numa série de ataques pessoais e não só”, começou por comentar Alberto João Jardim o caso da demissão de Luís Calisto.

“O referido senhor acabou por deitar para cima de mim, o que não deita porque estou-me nas tintas, as razões do seu fracasso e da sua má política empresarial que tem sido seguida no Diário de Notícias”, disse.» [i]

Parecer:

Curiosamente na Comissão de Ética do Parlamento ninguém falou da Madeira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento à Comissão de Ética.»

BANCOS PORTUGUESES ENTERRADOS NA GRÉCIA

«Os activos gregos que os bancos portugueses detêm, em proporção do seu capital, excedem os das outras entidades financeiras dos restantes países que compõem a Zona Euro, segundo um relatório da Moody’s Capital Markets Research Group.

Os bancos sedeados em Portugal detêm activos gregos num valor total de quase 23% do seu capital, referiu a Moody’s, citando os dados compilados pelo Banco de Pagamentos Internacionais e pela Moody’s Investors Service.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

O que terá levado os nossos banqueiros tão cuidadosos com os clientes portugueses a enterrarem-se na aldrabona Grécia?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»

FRANQUISTAS VENCERAM MAIS UMA BATALHA DA GUERRA CIVIL DE ESPANHA

«Emocionado, com os olhos em lágrimas, Baltasar Garzón abandonou ao fim da manhã a Audiência Nacional após ter sido suspenso de funções ao estar pendente o seu julgamento por ter assumido competências que não tinha na investigação dos crimes do franquismo.» [Público]

Parecer:

Hão-de pagá-las!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»

AVK

RESIDENT EVIL