Em Portugal chamamos dinossauros aos políticos que se mantêm nos cargos por longos anos, situação frequente nos cargos políticos cuja gestão permite a “compra” dos votos pelo poder, como sucede nas regiões autónomas. Muitos recusa-se a perceber que provocaram cansaço e depois vemos os partidos perderem autarquias onde era impensável os seus partidos serem derrotados, isso tem sucedido com o PCP no Alentejo, com o PS em autarquias como Vila Real de Santo António ou Castro Marim e um pouco por todo o lado com todos os partidos, os exemplos são às dezenas.
Mas pior ainda que estes dinossauros que durante alguns anos são vencedores são os dinossauros da derrota, políticos que se recusam a perceber que os eleitores os rejeitaram e estão permanentemente à espera de uma oportunidade de se recandidatarem. Veja-se o exemplo dos ex-líderes do PSD, quase todos esperam a oportunidade de um dia provarem que a derrota do passado foi um incidente, uma incompreensão por parte dos eleitores. Refugiam-se em cargos autárquicos ou em cargos generosamente oferecidos em empresas de amigos e andam por aí mantendo a chama acesa exercendo funções de comentadores políticos.
Lembro de Otelo Saraiva de Carvalho que se candidatou pela segunda vez Às presidenciais para sofrer uma derrota humilhante, de Soares que interrompeu a reforma para fazer o frete de se recandidatar e ser derrotado por um Alegre que por ter vencido Mário Soares recusa-se a perceber que foi derrotado.
Enquanto os derrotados americanos percebem que perderam porque os eleitores não os quiseram, os nossos derrotados recusam-se a entender isso. Perdem porque os eleitores não os perceberam (veja-se o Marcelo a sugerir que o problema da revisão proposta por Passos Coelho é não ter sido bem explicada), porque foram traídos pelo seu partido, porque os outros não se empenharam.
Alegre recusou-se a perceber que os militantes do seu partido preferiram Sócrates nas directas, recusou-se a perceber que Cavaco ganhou à primeira volta porque os eleitores o preferiram e apesar de todas as derrotas que sofreu apresenta-se de novo convencido de que os eleitores mudaram de ideias. É por isso que os seus apoiantes em vez de mostrarem as supostas qualidades do seu candidato estão mais empenhados em encontrar os defeitos dos outros ou, pior ainda, em avançar argumentos para mais uma derrota.
Se Alegre não derrotou um candidato que até já tinha sido ele próprio derrotado numas eleições presidenciais não é agora, depois de cinco anos de um percurso pouco próprio de um candidato presidencial, promovendo a divisão do país entre esquerda e direita, promovendo a estratégia de Louçã de dividir a esquerda e, como se isso fosse pouco, permitindo que os seus apoiantes seguissem uma estratégia de divisão do seu próprio partido, o que chegou a ter expressão eleitoral nas eleições autárquicas, que vai ganhar. Se Alegre perder é porque os eleitores não quiseram, e não me parece que seja o apoio de Louçã que a alterar a opinião dos eleitores.