FOTO JUMENTO
Pombos no Campo das Cebolas, Lisboa
JUMENTO DO DIA
Por João Cordeiro, presidente da Associação Nacional de Farmácias
Longe vão os tempos em que João Cordeiro lançava campanhas anti-governo nas suas farmácias, agora pede humildemente que o governo recue na redução dos preços dos medicamentos. Se fecharem farmácias por falência em consequência da redução dos preços dos medicamentos apoiarei este pedido de João Cordeiro.
«A Associação Nacional de Farmácias faz um apelo desesperado a José Sócrates para suspender "imediatamente" a decisão de descer em 6% o preço dos medicamentos. A direcção lembra promessas antigas e acusa o Governo de tomar decisões sem fazer estudos e de não resistir à pressão do Orçamento do Estado e dos períodos pré-eleitorais.
"Perante a situação de emergência em que o sector está colocado, solicitamos a Vossa Excelência a suspensão imediata da redução de 6% no preço dos medicamentos ontem anunciada pelo Governo", pode ler-se na carta a que o DN teve acesso e que a ANF entregou na Presidência do Conselho de Ministros. A carta foi entregue sexta-feira, um dia depois de a ministra Ana Jorge ter anunciado um novo pacote de medidas e cortes no sector. » [DN]
OPORTUNIDADES GANHAS E PERDIDAS
«Há histórias que valem por mil ideias. A adaptação do ditado popular aplica-se ao caso, ontem relatado pelo Expresso, de um rapaz que acaba de conseguir entrada no ensino superior público com nota de louvor, depois de ter feito apenas o 9.º ano de escolaridade, completando o 12.º por recurso ao programa Novas Oportunidades. Nos últimos anos, muito se escreveu sobre o programa criado - e feito bandeira - pelo Governo de José Sócrates. Mas ninguém tinha dito ainda, contando por experiência própria, que os benefícios que retirou do dito diploma acabam por ser injustos face aos restantes candidatos ao superior. O que está a gerar já uma onda de contestação de várias associações de estudantes universitários do País, que consideram indigno que se possa fazer equivaler quem completa o 12.º ano ao longo de quatro anos, e uma bateria de avaliações, a quem o faz num ano e meio e bastando-lhe apenas um exame.
Chegados aqui, convém frisar o mérito do programa. Não fosse o Novas Oportunidades, muitos alunos provavelmente não regressariam aos estudos abandonados cedo de mais e muitos adultos não ganhariam coragem de voltar à escola. Assim, com o estímulo de ter um diploma na mão, e com menor esforço, acabam por voltar. Milhares de portugueses, sublinhe-se e registe-se, tiveram a oportunidade de aprender alguma coisa, muitos deles até ganharam estímulo para continuar e ir mais além. Isso, como é óbvio, é de valor inestimável.» [DN]
Parecer:
Editorial.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
A FLORESTA E AS ÁRVORES
«Houve exagero na comissária europeia Viviane Reding quando aludiu às perseguições nazis a minorias étnicas, comparando-as ao que foi feito, agora, aos ciganos romenos e búlgaros pelas autoridades francesas. De facto, não são a mesma coisa. Mas o balanço foi positivo: na indignação de Reding, sinal de que não está esquecida a página mais negra do nosso continente, e na discussão que se instalou - até nos parlamentos nacionais, pela Europa fora - quando as vítimas são pobres, poucas e nem têm por elas um lóbi organizado. É bom sinal que tenha havido tanto escândalo, mesmo que só sustentado numa simples frase de uma circular oficial em que, preto no branco, se aconselhava a perseguir uma minoria étnica, os ciganos. Num mundo em que as marcas sérias de automóvel recolhem milhões de carros só porque se detectou avaria em alguns, foi bom saber que a Europa das nações também fica alerta porque um todo é perseguido, quando se deve, nos crimes, só perseguir aqueles que o cometem. Dito isto, era bom que essa floresta de princípios não fizesse esquecer que a perseguição das ilegalidades - concretas e cometidas por indivíduos - é até mais necessária para que a amálgama não se repita. Por exemplo, uma mulher não pode trazer um bebé nos braços e andar entre carros a pedir esmola nos cruzamentos. A Europa não deve permitir nem circulares daquelas nem mulheres destas. » [DN]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
NO ACTUAL PSD TER OPINIÃO PRÓPRIA É AJUDAR O PSD
«O processo de revisão constitucional está longe de ser um tema pacífico dentro do próprio PSD. Várias vozes no grupo parlamentar têm criticado a falta de tempo que houve para discutir o assunto internamente e acusam Passos Coelho de ter entregue o projecto nas mãos de Jaime Gama sem antes permitir uma análise cuidada do documento por parte dos seus deputados. Já aqueles que defendem o método seguido pelo líder do PSD acusam os críticos internos de estarem a dar um "tiro no pé", auxiliando o PS no ataque aos social-democratas.
Primeiro na reunião do grupo parlamentar e, depois, na SIC, no programa Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira queixou-se de não ter tido a "mínima oportunidade institucional de poder discutir a proposta", referindo que o documento só lhe chegou à caixa de correio electrónico sete minutos depois do início da reunião" em que Passos Coelho apresentou a proposta aos seus deputados. "Não tem sentido. Estamos numa reunião para discutirmos uma proposta que não conhecemos", sublinhou Pacheco.
O vice-presidente laranja Agostinho Branquinho não gostou de ver o seu colega de bancada apontar o dedo à forma como o líder conduziu o processo de revisão constitucional e diz ao Diário Económico que Pacheco Pereiro usou "a mesma técnica de Sócrates, criando uma cortina de fumo e mentindo". Branquinho conta que, "desde Julho", os deputados receberam nos seus ‘mails' o ante-projecto de revisão constitucional, tendo sido inclusive "convidados a enviar sugestões". Branquinho acusa ainda os deputados Pacheco Pereira, António Preto e José Eduardo Martins - que terão usado da palavra para criticar a condução deste processo durante a reunião do grupo - de só quererem "provocar danos, sem necessidade". "Até podiam ter razões de queixa, mas não é quanto aos ‘timings' ou a possibilidade de participar. Isto é "dar tiro no pé, auxiliando o PS".» [DE]
Parecer:
Enfim, o PSD evoluiu da asfixia para a intoxicação.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se razão a Passos Coelho quanto à intoxicação, mas dentro do PSD.»
PASSOS COELHO QUER ENDIREITAR PORTUGAL
«Pedro Passos Coelho, líder do PSD, considerou este domingo que em Portugal está "tudo às avessas", defendendo que é necessário pôr quem tem boas ideias a governar e quem revela inacção a “fazer os trabalhos de casa”.
"Em Portugal temos tudo às avessas: temos um Governo que dá a impressão de querer gastar ainda mais e sem critério, e depois exige da Oposição que diga como deve governar", referiu.» [CM]
Parecer:
Manuela Ferreira Leite não apresentava propostas para não ser copiada, Passos Coelho faz o mesmo mas porque acha que deve ser quem governa a ter ideias, Só não se entende porque teve tantas ideias novas para a Constituição quando nem sequer é o maior partido e precisa de dois terços dos votos no parlamento.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso amarelo.»
MIRA AMARAL ACUSA A BANCA DE SER RESPONSÁVEL PELA CRISE
«Mira Amaral, por seu lado, afirmou que "a Banca tem muita culpa no que está a acontecer", por ter promovido crédito em "campanhas agressivas" e levado os portugueses a viverem acima da nossa produtividade. Francisco Madelino, presidente do IEFP, disse que, há um ano, "pediram aos Estados para intervir e agora dizem que a culpa é do sistema social", e acusou os mercados de "aumentarem as taxas só àqueles que sabem que pagam sempre: os Estados".» [CM]
Parecer:
Até que enfim que alguém reparou.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
NADADOR SEM MEMBROS ATRAVESSA CANAL DA MAANCHA
«O nadador saiu pouco antes das 08h00 (hora francesa) de sábado de Folkestone, em Inglaterra, e concluiu a travessia algumas horas antes do previsto, demorando no total pouco mais de 13 horas.
Philippe Croizon perdeu os membros quando recebeu descargas eléctricas de 20.000 volts em Março de 1994 quando desmontava uma antena de televisão, vítima de um arco eléctrico entre si e uma linha de alta tensão, refere a agência noticiosa AFP.» [DN]
UMA NOVA OPORTUNIDADE DE ENTRAR NO ENSINO SUPERIOR SEM ESTUDAR?
«Tomás Bacelos, 23 anos, terminou o 12.º ano com dois módulos do programa Novas Oportunidades, revelou ontem o Expresso. Fez o exame nacional de Inglês - a disciplina específica do curso que escolheu -, e conseguiu a nota máxima. Como não fez o ensino secundário de forma regular, a média de acesso à faculdade foi igual à nota do exame, entrando assim com 20 valores. Algo que o próprio aluno admitiu ao semanário ser "injusto".
Quem frequenta as Novas Oportunidades e se candidata ao Superior entra pelo contingente geral, ou seja, concorre com os alunos que fizeram o 12.º ano de forma regular. E é isso que os estudantes universitários criticam. "Os alunos começam a ver duas opções para conseguir o mesmo fim: uma é mais complicada e outra é mais acessível. E é óbvio que isto é uma situação injusta", refere Luís Castro, líder da Associação Académica de Lisboa. Também o dirigente da Associação Académica do Porto, Ricardo Morgado, defende que as Novas Oportunidades não se podem "tornar numa forma facilitada de entrada no ensino superior, tirando lugar a quem fez o ensino regular". Por isso, o líder de Coimbra, Miguel Portugal, exige "regras rigorosas de acesso".» [DN]
Parecer:
Há aqui qualquer coisa de muito errado.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se o ministro Mariano Gago.»
PERGUNTAS DIFÍCEIS AO CANDIDATO PRESIDENCIAL DO PCP
«Ficou surpreendido com o anúncio do "despedimento colectivo" de um milhão de cubanos feito pelo comandante Fidel Castro? O tema da entrevista são as eleições presidenciais em Portugal e a realidade portuguesa!... Em relação a essa questão, posso dizer que olhamos para o mundo e vemos em Cuba um exemplo notável de soberania, determinação em torno de um ideal e de um projecto humanista. Não apenas para o povo cubano mas para toda a América Latina e todo o mundo, isto em circunstâncias muito adversas de bloqueio e de acções sistemáticas ao longo de décadas.
Isso justifica esta mudança de rumo? Os dirigentes cubanos têm todo o direito de pensar em cada momento quais são as formas de organização do seu Estado e dar resposta aos interesses do povo. Creio que a forma como se coloca a questão - "despedimento colectivo" - não é ajustada para esta realidade até onde a conhecemos, porque as notícias são recentes. Até gostaria de dizer mais, que o princípio essencial de uma sociedade socialista é de a cada um, segundo as suas possibilidades, o seu trabalho. Se for isto que for aplicado em Cuba no processo em curso de afirmação do seu projecto, responde às necessidades de todos os trabalhadores cubanos, perspectivando uma experiência que é de grande utilidade, não apenas para aquele povo mas para o mundo.» [DN]
Parecer:
É divertido ver como o PCP tudo justifica em Cuba, até mesmo o despedimento de 500.000 funcionários públicos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Não se dê a merecida gargalhada por respeito aos desempregados cubanos.»
«A situação actual é diferente, bem sei, mas há semelhanças. Também estamos endividados, com os diagnósticos feitos, num sistema partidário paralisado. A classe política não se renova e se alguém apresenta uma proposta de reforma, imediatamente surge um exército de analistas e comentadores que grita aqui d'el-rei. Impossível fazer, dizem. Qualquer pessoa lúcida sabe que o actual modelo de Estado providência é insustentável e terá de ser reformado, mas os comentadores sérios, aqueles que vão à televisão, dizem logo que é muito necessário mantê-lo como está e, portanto, inevitável aumentar impostos. Não explicam qual dos impostos se aumenta (será o IVA, para perdermos competitividade, o IRS para as pessoas fugirem ou o IRC para aumentar o desemprego?). Como se o balão pudesse crescer indefinidamente.» [Albergue Espanhol]
Pois, este PSD sempre foi um grande defensor das reformas, mas quando há mesmo reformas recorrer aos mais diversos truques para as impedir, veja-se o que sucedeu nos últimos anos com o PSD a organizar manifestações populares motivadas pelo medo para evitar qualquer reforma, foi o caso da saúde onde tudo fizeram para impedir, depois lamentaram a saída de Correia de Campos e agora querem chamar reforma à transferência de negócios lucrativos para o sector privado.