FOTO JUMENTO
Terreiro do Paço, Lisboa
PORTUGAL VISTO PELOS VISITANTES D'O JUMENTO
Rolas-do-mar em Alcochete [Foto de A. Cabral]
JUMENTO DO DIA
Agostinho Oliveira
Vaidoso e convencido, Agostinho Oliveira disse-nos que era ele o piloto automático da selecção, onde levou o avião a despenhar-se directamente numa pequena elevação de terreno chamada Chipre.
«Para quem já andou de avião, isto não é novidade: “Senhores passageiros, daqui fala o vosso comandante. Estamos a atravessar uma zona de turbulência pelo que deverão permanecer sentados nos seus lugares e com os cintos de segurança apertados.”
Mais ou menos técnico, este é o discurso da praxe num avião quando a coisa treme. E o melhor é cumprir as indicações, não vá o dito subir, descer ou virar à esquerda ou à direita sem avisar. Portanto, juntem as duas peças de alumínio presas pelo tecido e desfrutem o resto da viagem enquanto comissários e hospedeiras vos sossegam.
A maior parte das vezes não acontece nada (felizmente); mas uma ou outra vez, o inesperado acontece e aí não há piloto automático ou manual que valha – e uma viagem à partida tranquila vira um pequeno pesadelo.
“Eu sou o piloto automático”, disse Agostinho Oliveira, chamado à condução da selecção no castigo de Carlos Queiroz. Pela frente, Agostinho e Portugal tinham em teoria um passeiozinho no parque – nos quatro jogos feitos frente a Chipre, a selecção havia-os ganho todos e marcado 15 golos e sofrido nenhum. Agostinho não podia pedir mais no arranque do apuramento para o Europeu–2012.» [i]
ENCERRA HOJE A UNIVERSIDADE DE VERÃO DA JSD
UMA DÚVIDA
Seguindo o raciocínio dos dirigentes do PSD que atribuem a crise económica ao PS fará sentido perguntar se o PSD é responsável pela vergonha que sentimos ao ver a selecção de futebol? Quase todos os comentadores, responsáveis da federação e outros responsáveis da bola são do futebol, quando Durão Barroso se candidatou a primeiro-ministro até se juntaram num jantar para o apoiar e até Carlos Queiroz era o modelo da democracia de sucesso de Cavaco Silva.
A JUSTIÇA QUE SAI DA CASA PIA
«Independentemente dos erros cometidos ao longo de todo o processo, e dos excessos que se verificaram, lida a sentença do julgamento da Casa Pia fica a ideia de que, apesar da esperada indignação manifestada pelos arguidos condenados e seus advogados, a justiça terá funcionado e terá cumprido - mais ou menos lentamente -, como se lhe exige, o seu papel.» [DN]
Parecer:
Parece que o editorialista do DN foi o único a ler a sentença pois aquilo que se viu nas televisões foi apenas uma antevisão. Assim sendo só ele sabe como chegou a conclusões a não ser que já as tivesse muito antes de concluído o julgamento.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se por falta de rigor.»
O NOSSO ALZHEIMER ESQUECEU TORRES
«Quando José Torres morreu, ontem, já se tinha esquecido de nós. Também nós nos tínhamos esquecido dele. Mas há uma injustiça nesta comparação. Alguma vez teve ele razões para falar de nós, de olhos acesos e agradecidos? Não, nunca lhe demos nada. Já o contrário não é verdade. Uma noite do Outono de 1965, estou na Luz, no meu primeiro jogo ao vivo pelo clube que me fizera agradecido ao futebol. Era contra o Manchester United, noite dedicada a revelar um cometa, George Best, e hora e meia de eclipse de Eusébio, Coluna, Simões e José Augusto. E estando tudo a correr mal (acabaria num desastroso 1-5), ao quarteto talentoso só importava, bola no pé, centrá-la para a única esperança, que morava, mesmo nas horas más, no alto daquele corpo pernilongo e tímido, Torres. Meses depois, Portugal-Brasil, Mundial 66, Inglaterra. O nosso terceiro golo, começou de um remate de Eusébio, de ângulo impossível, que o guardião Manga defendeu para canto. Sozinho, Eusébio não conseguira. Eusébio marcou o canto, a bola foi à cabeça de Torres, que a colocou no exacto sítio da primeira tentativa - e, dessa vez, Eusébio fez o mais belo dos seus golos e todos correram a abraçá-lo. Ninguém ligou ao desconjuntado, ainda mais desconjuntado porque de braços longos e felizes no ar, Torres, o mais perfeito companheiro, bom para ajudar e para esquecer, o bom gigante que tornava os outros grandes. » [DN]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
A ANEDOTA DO DIA
«Fernando Seara, presidente da Câmara Municipal de Sintra, tem sido sondado para assumir o cargo de presidente da Federação Portuguesa de Futebol, apurou o Correio Sport.
Gilberto Madaíl, o actual presidente da FPF, pondera retirar-se devido a questões de saúde e, por outro lado, a direcção da Federação quer marcar eleições no organismo para o início do próximo ano. Seara, presidente da Câmara de Sintra, está no último mandato e, segundo o Correio Sport apurou, a ideia de voltar ao dirigismo desportivo colhe entusiasmo no político, que é adepto do Benfica e conselheiro de Luís Filipe Vieira. O autarca tem excelentes relações com muitos dirigentes do futebol português e obviamente com o poder político. Foi deputado do PSD e conhece como poucos a legislação do futebol e a melhor forma de se articular com a vertente política. O Correio Sport tentou obter uma declaração de Seara sobre este assunto, mas sem sucesso.» [CM]
Parecer:
Como quase todos os dirigentes do PSD ao em simultâneo comentadores de futebol faria todo o sentido que em vez de ouvirem as baboseiras do Marcelo Rebelo de Sousa a universidade de verão da JSD fosse dedicada a formar os jovens militantes em futebol.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a proposta.»
CHINÊS ACUSADO DE MAUS TRATOS POR TER ENSINADO O CÃO A FUMAR
«Um jovem chinês, de 23 anos, está acusado de maus tratos contra animais depois de ter ensinado o seu cão de estimação a fumar. Numa entrevista ao jornal 'Metro', ele afirmou que o fez por achar que seria divertido.
Zeng Ziguang explica ainda que "ao início ele odiava o cheiro" mas que agora consegue fumar "um maço por dia".» [CM]
"ESQUECEU-SE" DE LANÇAR AS NOTAS
«A direcção da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) pediu a abertura de um inquérito de averiguações à actuação do professor de Filosofia acusado de não lançar em pauta as notas de vários alunos. O docente Nuno Nabais defende que este inquérito é a mais recente consequência do diferendo que mantém com o seu departamento e cujo principal objectivo é levar ao seu despedimento da faculdade.
O secretário coordenador da FLUL, Ricardo Reis, adiantou que a direcção já solicitou "ao reitor da Universidade de Lisboa a abertura de um inquérito de averiguações para apurar o comportamento do professor e daí avançar para outro processo". Em causa estão as denúncias feitas ao DN por vários alunos que esperam desde Março pela nota da cadeira de Filosofia Contemporânea, que é obrigatória para terminarem o curso.» [DN]
Parecer:
Esteja ou não zangado com o seu departamento é inaceitável que os alunos que concluiram o curso ainda estejam a aguardar que este senhor se digne atribuir as notas. Se assim é estamos perante uma situação de prepotência e gandolice abusiva, inaceitável na universidade dos dias de hoje.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Intaure-se o competente processo disciplinar.»
PSD NÃO RESPONDE A REPTO PARA NEGOCIAR O ORÇAMENTO
«O PSD não responde para já ao repto do Governo que desafiou o maior partido da oposição a negociar o Orçamento do Estado para 2011 antes mesmo do documento dar entrada no Parlamento a 15 de Outubro.
Ontem, em entrevista ao Diário Económico, o ministro da Presidência assumiu que o Governo espera "que existam negociações" com o PSD antes do documento ser do conhecimento público. Miguel Relvas, porta-voz dos social-democratas diz, apenas, que o PSD "não faz qualquer comentário" .» [Diário Económico]
Parecer:
O PSD não sabe o que fazer em relação ao seu projecto de revisão constitucional e ao orçamento.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelos conselhos de Ângelo Correia a Pedro Passos Coelho.»
DESCULPA-ME
«O social democrata e empresário Alexandre Relvas criticou na sexta feira o legado de José Sócrates como primeiro ministro e dos governos do PS, defendendo que a elite socialista devia pedir desculpa ao país.
No final de uma intervenção na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, Alexandre Relvas descreveu Portugal como um país que "desde 2002 empobrece em termos relativos", que cresce "metade da média da União Europeia", incapaz de reduzir a sua pobreza e o desemprego, que contraiu um endividamento que "vai levar 30 ou 40 anos a ser pago", que tem uma despesa pública excessiva e um défice de qualificação.» [Expresso]
Parecer:
E Alexandre Relvas devia pedir desculpa ao PSD e ao país pela porcaria de campanha eleitoral de Manuela Ferreira Leite.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão.»
O PSD NÃO É UM PAÍS LIBERAL, DIZ MIGUEL RELVAS
«O PSD não é hoje um partido liberal, afirma o secretário-geral dos sociais-democratas. Em traços gerais e sobre os grandes temas, da legislação laboral às grande obras públicas, Miguel Relvas faz o retrato das prioridades políticas do PSD.
A Caixa Geral de Depósitos deve evoluir para um banco de desenvolvimento, a legislação laboral deve ser alterada sem violar direitos e garantias, o TGV tem de ser adiado porque é "para ricos", não precisamos de mais auto-estradas mas de melhores acessos e é necessário um novo Polis para revitalizar e regenerar os centros urbanos.
Este é o retrato do PSD segundo Miguel Relvas, numa das partes de uma entrevista que foi publicada quinta-feira no Negócios e que pode ver aqui em dois vídeos. » [Jornal de Negócios]
Parecer:
Pois não...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
MANOBRA DE DIVERSÃO
«O presidente da Distrital do Porto e vice-presidente do PSD, Marco António Costa, exigiu hoje que José Sócrates dê explicações à região norte e ao país sobre a "situação caótica" em que se encontra a economia portuguesa.» [Público]
Parecer:
Depois do Relvas é a vez do "pequeno" Marco António vir com a mesma conversa evidenciando que esta exigência de desculpas não passa de uma manobra concertada com Passos Coelho para aliviar a pressão sobre um PSD que não sabe como fugir à trapalhada do projecto de revisão constitucional.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso condescendente.»
STA PROTEGE A EVASÃO FISCAL
«A Lei n.º 30-G/2000 definiu as manifestações de fortuna (imóveis, carros, barcos, aviões e, em 2003, mais suprimentos às empresas). O contribuinte passou a ter de provar que os rendimentos declarados correspondem à verdade e que foi "outra a fonte" que permitiu adquirir esses bens. Caso haja um desvio de 50 por cento para menos entre o rendimento declarado e o rendimento-padrão, o fisco corrige o rendimento. O rendimento-padrão é de 20 por cento do valor de aquisição dos imóveis superiores a 250 mil euros; em 50 por cento do valor dos veículos de preço superior a 50 mil euros e motos de preço superior a 10 mil euros; pelo valor dos barcos de recreio de preço superior a 25 mil euros e das aeronaves.
Ora, o acórdão redigido por Isabel Marques da Silva (734/09), magistrada que é filha do conhecido jurista Germano Marques da Silva, conseguiu alterar o entendimento do Pleno. E - "sem razões convincentes", afirmam os vencidos - fixou que, caso as manifestações de fortuna sejam adquiridas por recurso a crédito, as quantias emprestadas não podem ser integradas no rendimento não explicado pelo contribuinte.
A sua consequência prática é, nesses casos, reduzir os rendimentos fixados pelo fisco. Algo que, à primeira vista, parece ser razoável, dado que não o considerando, como alega Isabel Marques da Silva, "há manifesto excesso na quantificação" do rendimento.
Mas, por outro lado, tal como sustenta um dos acórdãos que nega esta interpretação (Acórdão n.º 2083/09), o risco é o de esvaziar a aplicação da lei penalizadora das manifestações de fortuna. "O contribuinte poderia recorrer ao crédito bancário na aquisição de bens, ainda que dele não necessitasse, para se permitir declarar rendimentos inferiores (muito inferiores) aos efectivamente recebidos". E, aplicando-os em "investimentos com produção de rendimentos maiores do que os juros exigidos pelo banco", colheria "um benefício fiscal que lhe permitiria suportar, até com excedente, os encargos bancários".» [Público]
Parecer:
Por vezes este tribunal parece uma anedota.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
NA "PORTA DA LOJA"
O José dá parabéns a ... Mário Crespo!
«A honrosa excepção no panorama televisivo de hoje, no tratamento do caso Casa Pia, foi...a SIC-Notícias com o programa de Mário Crespo.
Parabéns.»
E encomenda um processo disciplinar a Ricardo Sá Fernandes:
«Ricardo Sá Fernandes pelo que está a dizer sobre o tribunal e o julgamento merece no mínimo um processo disciplinar e com uma sanção próxima à expulsão da Ordem dos Advogados. »
Com este Zé o país andava na linha!
NO "ALBERGUE ESPANHOL"
Luís Menezes Leitão escreve "e continua a revisão constitucional":
«Não me lembro de alguma vez na sua história o PSD ter conduzido a elaboração de um projecto de revisão constitucional desta forma tão abalhoada. Iniclalmente chegou-se mesmo a ponto de querer pôr em causa a natureza republicana do regime. Depois, procurou-se alterar o equilíbrio de poderes entre os diversos órgãos de soberania, que vigora desde 1982, sem que alguém sequer percebesse a justificação para essa alteração. Perante a avalanche de críticas, um membro da comissão encarregada de elaborar o projecto, desvaloriza o seu conteúdo, dizendo que "o senhor presidente do partido fará do texto aquilo que quiser". Outro membro dessa comissão diz que esses membros "apenas deram palpites" e que pessoalmente até defende "que se deveria abolir a Constituição da República Portuguesa". Finalmente outro membro dessa comissão, zangado por ter visto as suas brilhantes ideias recusadas pela própria comissão de que faz parte, queixa-se de que essa comissão afinal nunca reuniu com ele. Em consequência põe em causa a legitimidade da Comissão Política em conduzir o processo, uma vez que a competência para apresentar o projecto é dos deputados, que "não são apenas uma mera correia de transmissão". Por este andar, cada deputado do PSD irá apresentar o seu próprio projecto de revisão constitucional, sem que alguém consiga sequer perceber qual é a posição do partido, tantas vezes ela já foi alterada.
Não será altura de o PSD acabar com as discussões bizantinas sobre a revisão constitucional e se concentrar na situação dramática que o país atravessa?»