segunda-feira, setembro 06, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Flor numa calçada de Lisboa

JUMENTO DO DIA

Eduardo Dâmaso

Eu compreendo que um jornalista faça uma sondagem numa edição online e que fique desiludido com as escolhas dos leitores, como ficou nas últimas legislativas, mas quando um jornalista supostamente sério se lembra de perguntar aos leitores do CM qual é o político mais sexy arrisca-se a ter um problema se tiver preferências, ainda por cima quando se esqueceu de personalidades femininas.

Foi o que sucedeu ao jornalista Eduardo Dâmaso, convencido de que poderia arranjar mais um argumento para ajudar Passos Coelho fez a pergunta aos seus leitores, teve azar pois pelo que se viu o político que mais lhe estimula o libido não foi o escolhido pelos seus leitores ou leitoras. Viu-se, portanto, forçado a esquecer a escolha que, azar dos azares, foi José Sócrates e levou a sua avante, deu destaque ao segundo escolhido e quase disse "com este, sim, é que eu ia ao altar".

PEDRO PASSOS RABBIT E O SEU PROJECTO DE REVISÃO CONSTITUCIONAL

LOUÇÃ PEDE UM GOVERNO DO PSD?

«"O primeiro-ministro tem sido um factor de instabilidade e esta discussão entre o PS e o PSD para fazerem um orçamento que aumente os impostos e reduza o emprego, isso é a instabilidade do País", afirmou Francisco Louçã à margem de uma visita à Reserva Natural do Estuário do Tejo, na zona de Alhandra, Vila Franca de Xira.

O líder do BE respondia desta forma ao discurso do primeiro-ministro de sábado à noite em Matosinhos, no comício de 'rentrée' socialista, no qual José Sócrates deixou vários recados implícitos ao PSD, dizendo que a actual conjuntura "não está para brincadeiras ou ambiguidades" e que os tempos exigem "a defesa da estabilidade e não de constantes ameaças para provocar artificialmente crises políticas". » [CM]

Parecer:

É o que parece.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário ao candidato presidencial de Francisco Louçã.»

OS SOBREENDIVIDADOS TÊM EM MÉDIA 8,6 CRÉDITOS

«As famílias portuguesas, confrontadas com o agravamento do desemprego e juros mais altos, têm cada vez maiores dificuldades em fazer face aos seus empréstimos, que não param de multiplicar-se numa espiral de créditos para pagar créditos. De acordo com os dados de Agosto do gabinete de apoio ao sobreendividado (GAS) da Associação de Defesa do Consumidor (Deco), as 217 famílias que iniciaram um processo de endividamento excessivo no mês passado tinham, em média, 8,6 contratos de crédito em pagamento simultâneo, contra apenas 5,3 empréstimos no mês anterior.

Os dados a que o DN teve acesso mostram ainda que 18% das pessoas que iniciaram um processo de ajuda/aconselhamento têm entre oito e dez contratos de crédito em pagamento, enquanto 7,4% destes novos sobreendividados que surgiram na Deco possuíam mais de dez empréstimos em simultâneo.» [DN]

Parecer:

Muito crédito e muita falta de juízo.

Um dos aspectos mais curiosos desta notícia é atribuir as dificuldades à crise levando-nos a supor que tais créditos resultam da tentativa de sobrevivência. Só que nem sempre é assim e se é de esperar que hajam dois créditos relativos a habitação e um automóvel ficamos sem saber a que se devem os restantes. Num tempo em que já há quem faça férias no estrangeiro com recurso a crédito seria muito interessante que estas notícias fossem completadas com informação relativa ao destino de tantos créditos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à DECO a que se destinaram os créditos.»

PASSOS COELHO ESTÁ PREOCUPADO COM A "ECONOMIA SOCIAL"

«O PSD vai apresentar um projecto de lei de bases da Economia Social, «para deixar clara a perspectiva» do partido sobre este domínio. O anúncio foi feito por Pedro Passos Coelho no encerramento da Universidade de Verão do partido, a propósito das críticas que têm sido feitas à proposta de revisão constitucional.

«Foi dito, sem qualquer rigor, e sem qualquer propósito que não seja o de assustar o país, que nós queríamos acabar com a escola pública, com a saúde pública e que queremos o livre despedimento», afirmou. » [Portugal Diário]

Parecer:

Há pouco tempo a prioridade era a liberalização do desemprego e a promoção da saúde privada. Isto não foi decidido para valer, é obra dos assessores de imprensa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Passos Coelho que reserve a proposta para quando for governo já que agora a sua apresentação não passa de um simulacro de preocupação pois não pode fazer aprovar a lei.»

COITADO DO PASSOS, ESTÁ A SER VÍTIMA DE CHANTAGEM

«Pedro Passos Coelho acusou hoje o Governo de estar a usar o Orçamento do Estado de 2001 para “fazer chantagem com os partidos da oposição”. No encerramento da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, o presidente social-democrata reafirmou as condições do PSD para que o OE possa passar: cortar na despesa e não haver reduções nas deduções fiscais em sede de IRS.» [Público]

Parecer:

E quando defendia que o orçamento fosse apresentado antes do dia 9 ou quando pretendia discutir a revisão constitucional em simultâneo com o orçamento o que estava Passos Coelho a fazer? Parece que para este PSD não se pode criticar sem ter que se pedir desculpa nem afirmar as opções sem que se esteja a fazer chantagem. Esta forma betinha de estar na política começa a cair no ridículo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos Coelho se ainda não fez chantagem sobre este governo.»

NO CÂMARA CORPORATIVA

O post "O Dâmaso acha que o Passos Coelho é que é sexy":

«Só o Correio da Manha seria capaz de se lembrar de organizar um concurso (ou coisa que o valha) para escolher os mais sexy em Portugal. E só Eduardo Dâmaso (ou outro assim) permitiria a inclusão de nomes de políticos para os achincalhar — naquela utopia de transformar o país numa república de juízes procuradores.

Acontece que os Dâmasos, habituados a viver naquele paul, levaram o concurso muito a sério e tiveram um baque quando os leitores do CM elegeram Sócrates. Nada mais simples: dá-se destaque no jornal ao segundo classificado, Pedro Passos Coelho.

Este é o jornalismo que sobreviveu à asfixia democrática. »

NO ALBERGUE ESPANHOL"

Luís Menezes leitão defende as deduções na saúde om o post "os doentes que paguem a crise":

«À semelhança da UDP, o Governo já arranjou, porém, o seu bode expiatório da crise em que lançou o país: os doentes. Segundo se refere aqui, o discurso de Sócrates ontem em Matosinhos foi muito claro, no sentido de cortar as deduções fiscais nas despesas de saúde. Isto por causa de uma situação espantosa: "essas deduções são tanto maiores quanto maior o rendimento que possuem", o que constitui "uma injustiça do sistema fiscal que o Governo quer corrigir". Na verdade, que coisa tão injusta os doentes que ganham mais dinheiro andarem a gastar mais no intuito de melhorar a sua saúde ou mesmo salvar a sua vida. Não deveriam eles antes poupar nesses gastos e pagar mais impostos, sacrificando a sua saúde em ordem a que o Governo possa continuar na sua política despesista?»

A tentativa de colar o governo à linguagem da UDP não passa de uma tentativa de iludir quem queira ver discutido o problema, tenta-se convencer pela demagogia. O que Luís Menezes Leitão deve explicar é porque um trabalhador com o ordenado mínimo que tenha, por exemplo, de recorrer ao crédito para fazer os mesmos tratamentos no mesmo serviço de saúde privado onde faz o mais bem sucedido recebe" muito menos do Estado por via das deduções, um não deduz quase nada, o outro deduz cerca de 40%. É esta diferença que Luís Menezes Leitão evita explicar com tanto parágrafo demagógico.

DIVING IN [Boston.com]

LESTER A. GARCIA