quarta-feira, março 04, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Girafa no Jardim Zoológico de Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Ng Han Guan/Associated Press]

«Ushers checked under tables for left-behind items at the end of the opening session of the Chinese People’s Political Consultative Conference in Beijing Tuesday. Economic woes top the conference agenda. The panel also defended China’s crackdown on Tibet.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

Finalmente Manuela Ferreira Leite revelou alguma inteligência e adoptou uma estratégia que, em certas circunstâncias poderá ter resultados, todas as semanas recebe uma visita de uma orghanização social, lá aparece a reunião de trabalho onde a líder do PSD simula a postura de primeira-ministra e no final dá a respectiva confereência de imprensa.

Já o fez, por exemplo, com o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e, ainda ontem, com a CAP. Mas esta estratéghia tem um ponto fraco, os que vão à sede do PSD falar mal do Governo dizendo mais ou menos o mesmo que Manuela Ferreira Leite não são própriamente caras novas, diria que já estão "queimados" na comunicação social. Além disso, a estratégia nem é nova, a líder do PSD decidiu copiar Jerónimo de Sousa, que há muito segue a mesma estratégia mas com maior criatividade, não só recebe persionalidades e organizações menos vistas na comunicação social, como promove encontros com grupos sociaos, como fez ontem com os reformados.

De pouco serve levar o presidente do SQTE ou da CAP repetir as intervenções que já lhes vimos fazer dezenas de vezes nas televisões, ao recorrer à "prata da casa" Manuela Ferreira Leite acaba por evidenciar a encenação, retirando efeito à estratégia.

O PSD E O CONGRESSO DO PS

Começa a ser evidente que Manuela Ferreira Leite estava pouco preocupada com o Conselhor Europeu informal de quem já ninguém se lembra, dois dias depois do congresso e da reunião em Bruxelas a líder do PSD já esqueceu o assunto e criticou o congresso por o considerar uma encenação de culto da personaldiade. Aliás, o representante do PSD que esteve presente no encerramento do congresso já tinha dado sinal de que o PSD iria revelar uma grande irritação e falta de educação ao considerar os congressistas uma "capa de maioria socráticas". Nunca o PSD revelou tanta falta de educação ao pronunciar-se sobre o congresso de outro partido, um sinal de que as sondagens fizeram estalar o verniz de Manuela Ferreira Leite e de que os portugueses vão conhecer uma versão pouco conhecida da líder do PSD, a de uma senhora mal educada.

Sobre as propostas feitas pelo PS no congresso nem uma palavra, quanto ao cabeça de lista do PSD às europeias a desculpa do costume, que já está definido o perfil. Para Manuela Ferreira Leite apenas as autárquicas de Lisboa eram urgentes ao ponto de estarem acima da crise.

UMA DÚVIDA

A que propósito Cavaco Silva foi falar para a Alemanha do calendário eleitoral português? A justificação de que foi uma pergunta de um jornalista não pega, já vimos o Presidente não responder a centenas de perguntas de jornalistas.

MAIS EUROPA

«A União Europeia vive actualmente um triplo teste, que desafia a sua capacidade de acção e de afirmação política no futuro. O mais imediato consiste na resposta à crise financeira e económica global, que afecta gravemente todos os Estados-membros. O segundo diz respeito à afirmação da Europa na cena internacional, onde o seu défice de protagonismo não pode persistir. O terceiro tem a ver com o impasse sobre o Tratado de Lisboa, do qual depende o reforço da organização e dos poderes da União. Vale a pena analisar as implicações de cada um destes desafios.

A UE está a ser especialmente testada pela profunda crise financeira e económica que abrange hoje praticamente todo o mundo, em especial os países desenvolvidos, designadamente os Estados Unidos (onde ela teve origem), o Japão e a própria Europa, com todas as sequelas em matéria de contracção brusca da actividade económica e sobretudo de aumento exponencial do desemprego (que já atinge dois dígitos em alguns países, como em Espanha), com todo o cortejo de insegurança, de perda de rendimentos e de degradação da qualidade de vida para milhões de pessoas.

Apesar dos meritórios esforços da União no apoio e na coordenação das respostas nacionais à crise - sem os quais ela poderia estar a atingir níveis catastróficos em alguns países -, bem como no combate às derivas proteccionistas de alguns Estados-membros, totalmente contrárias à lógica da integração europeia, tais esforços evidenciaram também as limitações dos actuais mecanismos comunitários. É já hoje evidente que um "mercado único", sem fronteiras nacionais, não pode prescindir de uma adequada regulação a nível da própria UE.

Além de questionar o paradigma neoliberal das últimas décadas a nível nacional, a crise tornou igualmente evidente que a integração económica europeia, substituindo mercados nacionais territorialmente segmentados por um mercado integrado, não pode deixar de exigir também um mínimo de "governo económico" e uma regulação integrada a nível de toda a União, implicando a criação de autoridades reguladoras europeias, complementando as autoridades reguladoras nacionais, desde logo no que respeita ao sector financeiro, no que respeita às empresas e às transacções transfronteiriças.

O segundo teste da UE no momento presente está na frente internacional e decorre tanto da dimensão global da crise económica como do novo contexto derivado da eleição do Presidente Barack nos Estados Unidos e do regresso de Washington à cooperação internacional, a começar pela Europa, como forma de enfrentar os grandes problemas internacionais.
Ora, o primeiro grande problema internacional é justamente a necessidade de uma resposta conjunta à crise global da economia, que não pode ser enfrentada senão a nível global. Uma das tarefas prioritárias da UE, como grande potência económica que é, consiste também em contribuir com todo o seu peso político no sentido da regulação da globalização, a começar pela regulação dos movimentos financeiros, pelo combate aos offshores e pela criação de mecanismos de estabilidade e transparência da economia mundial.

Neste sentido, impõe-se a definição de um mandato claro por parte da UE para a cimeira do G20 que em Abril próximo, em Londres, vai definir o novo quadro das instituições financeiras internacionais, porque dele vai depender a confiança quanto à saída da crise, bem como a nova ordem económica e financeira internacional para depois da retoma que há-de vir. Há um novo paradigma a estabelecer para a economia global.

A outra frente da agenda da UE no plano internacional consiste na criação de uma parceria transatlântica virtuosa, em favor de uma nova política de ataque aos principais factores que ameaçam a paz e a segurança internacionais, designadamente o desenvolvimento de uma relação de cooperação e de confiança mútua com a Rússia, uma paz justa no eterno conflito israelo-palestiniano, a contenção pacífica do programa nuclear do Irão, a estabilização militar e política no Afeganistão, o estabelecimento de uma relação de respeito mútuo com o mundo árabe e, last but not the least, a implementação da parceria económica com a África, de cuja estabilidade económica e política depende a própria estabilidade social europeia, desde logo em termos de fluxos de imigração.

O terceiro desafio da UE tem a ver com o impasse do Tratado de Lisboa, que continua pendente da ratificação da Irlanda, depois da sua rejeição em referendo, no ano passado. Há três razões que podem augurar um segundo referendo favorável. Primeiro, tornou-se evidente que alguns dos receios que mais pesaram no voto negativo de muitos irlandeses não têm nenhum fundamento (por exemplo, o fim da neutralidade militar da Irlanda ou a despenalização do aborto). Segundo, a Irlanda foi o primeiro país europeu a ser duramente atingido pela crise financeira e pela recessão económica, pondo em causa o celebrado "modelo celta", e tornando claro que fora da União Europeia a Irlanda poderia ter o mesmo destino que a Islândia. Terceiro, foram entretanto dadas algumas garantias a Dublin que vão ao encontro das principais razões da rejeição do Tratado, designadamente em matéria de neutralidade militar e de ordem jurídica da família, bem como a manutenção de um comissário por país.

É desnecessário sublinhar a importância do Tratado de Lisboa, não somente para modernizar as instituições da União e para lhe conferir instrumentos de acção mais ágeis, mas também para vencer os desafios relativos à recessão económica e à agenda internacional. Se por desventura o Tratado ficasse pelo caminho, a situação da União tornar-se-ia muito mais complicada, prolongando por tempo indefinido os actuais constrangimentos institucionais e a crise de confiança na UE.

Para tudo isso, que é muito, precisamos de mais Europa e de uma UE mais forte, e não menos.» [Público assinantes]

Parecer:

A apresentação da candidatura europeia de Vital Moreira? No Público e ainda por cima paga por Belmiro de Azevedo? Gostei desta, até merece citar o artigo na íntegra.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ANEDOTA DO DIA

«Com os candidatos de esquerda anunciados para as eleições europeias de Junho, à direita há ainda muitas incógnitas, a começar no PSD. A prioridade é a política interna, designadamente, o combate à crise e, por isso, a presidente do partido, Manuela Ferreira Leite, ainda não encetou conversas para definir o cabeça-de-lista.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Se Manuela Ferreira Leite anda tão ocupada de tratar da crise que não pode escolher os candidatos a deputados arrisca-se a não concorrer às europeias.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a MFL o que a ocupa tanto já que nem é governante nem se tem visto o resultado de tanto trabalho.»

AFINAL AS SECRETAS NÃO INVESTIGARAM OS MAGISTRADOS DO CASO FREEPORT

«O presidente do Conselho de Fiscalização do Serviço de Informações, o deputado socialista Marques Júnior, afirmou esta terça-feira que "não se confirma nenhuma actividade ilegítima por parte dos serviços de informação" no âmbito do caso "Freeport".
"Transmitimos aos deputados aquilo que foram as diligências que desenvolvemos face a notícias que vinham na comunicação social e apurámos que não se confirma nenhuma actividade ilegítima por parte dos serviços de informações", disse Marques Júnior aos jornalistas, no final de uma audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais.»
[Jornal de Notícias]

Parecer:

Tudo isto não passou de uma encenação provocada pelo líder parlamentar do PSD, desde o princípio que o Procurador assumiu que estava a dizer uma piada no Conselho Superior de Magistratura.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Miguel Relvas, para quque o pobre homem fique descansado.»

OPERAÇÃO FURACÃO RENDEU 25 MILHÕES DE EUROS AO FISCO

«A administração fiscal recuperou 25 milhões de euros em 2008 no âmbito da Operação Furacão, a qual investiga suspeitas de fraude e branqueamento de capitais, anunciou esta terça-feira o ministro das Finanças em conferência de imprensa.

"Cobrámos 25 milhões de euros de receita em 2008" no âmbito da Operação Furacão, afirmou o ministro Fernando Teixeira dos Santos, na apresentação do Relatório de Combate à Fraude e Evasão Fiscais, acrescentando que desde o início dessa operação o Estado já recuperou 68 milhões de euros.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Esdta operação pode não ter passado de uma pequena brisa que acabou em águas de bacalhau, mas ao menos deu lucro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Questione-se sobre quanto custou a operação.»

CÓDIGO DO TRABALHO "COMPLETADO" COM UMA RECTIFICAÇÃO

«O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, lamentou hoje “os lapsos” do Código de Trabalho, mas rejeitou responsabilidades no processo e criticou a oposição por não chegarem a acordo sobre a forma de resolver o vazio legal na lei.

As declarações foram feitas durante uma audição parlamentar do ministro, que foi precedida pela aprovação só com os votos do PS de uma proposta de rectificação do Código de Trabalho, um meio que toda a oposição considerou desadequado para solucionar o problema. Agora é apenas necessário que a rectificação seja publicada em Diário da República para entrar em vigor.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Digamos que é um procedimento pouco ortodoxo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao ministro que assuma a responsabilidade.»

GRAFITTI DE BANKY: O RAPAZ DO GUETO [Flickr]

CHRISTINE VON DIEPENBROEK

COMO INSTALAR O AR CONDICIONADO (RÚSSIA) [imagens]

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