domingo, junho 21, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Palácio de Estoi (Imagem de A.C.)

JUMENTO DO DIA

Rui Rio

Depois de recuperar o famoso professor Charrua, um herói da luta pela liberdade de expressão, ficámos á espera que o manifesto da candidatura de Rui Rio tenha uma versão em português vernáculo.

AVES DE LISBOA

Gaio [Garrulus glandarius]
Local: Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian

FLORES DE LISBOA

Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian

FALTA DE VERGONHA SENSO E JUÍZO

«Segundo fontes da maior confiança, o sr. primeiro-ministro vai deixar de ser "um animal feroz". Não há português que não se alegre com isso. Nunca é bom ter um lobo, ou mesmo um urso, à volta da aldeia. O Capuchinho Vermelho, por exemplo, ia acabando mal. Mas, jurando que o eng. Sócrates, não é hoje "um animal feroz", as fontes não disseram em que espécie de animal ele se tornou. Com certeza num animal doce, ternurento, frágil, decorativo, agradável à infância, venerador da velhice e obviamente adaptado à nossa alma lírica. Renasceu ele em forma de mariposa, de coelhinho ou de rã. A especulação não pára. Só há uma certeza: as galinhas não tornarão a desaparecer da capoeira e aqueles rugidos, que se ouviam de noite, não passam hoje de um mau sonho. Por detrás da casca atemorizadora do primeiro-ministro, dormia, encantado, um amigo devoto.

Foi pena que fosse precisa uma eleição para o acordar. De qualquer maneira, valeu a pena. A arrogância, a ameaça e o autoritarismo desapareceram e, em seu lugar, brotou uma abençoada solicitude para ouvir o próximo, um grande desejo de conversar com ele e um quase incontrolável impulso de lhe fazer a vontade. Parece que de repente o Partido Socialista trocou de engenheiros. Do engenheiro novo saiu o engenheiro velho, sorrindo um pouco atarantado ao povo que ele antigamente amou e serviu. Até os bonecos de Foz Côa tentaram saltar da pedra e vir a Lisboa festejar. Claro que Sócrates não perdeu nada da sua determinação. A determinação é que se amaciou. Ou talvez por um tempo se adiou. Daqui em diante, pelos caminhos de Portugal, o novo Sócrates espalhará consolação e rosas.

O PS, como se compreenderá, anda radiante. O grupo parlamentar já ofereceu o seu "conhecimento temático" para o programa eleitoral. Alberto Martins, citando Bismarck num voo extraordinário de erudição, declarou: "O grande político é aquele que ouve por antecipação o barulho dos cascos dos cavalos da História" ("um animal feroz" não ouviria). O próprio Sócrates, com generosidade, reconheceu um erro ou dois: devia ter dado mais dinheiro à cultura (ai!, a cultura) e não devia ter persistido numa avaliação "tão exigente, tão complexa e tão burocrática" dos professores. Com esta quase inacreditável humildade, como não havia o eng. Sócrates de "estar muito satisfeito" consigo. E nós com ele.

Que falta de vergonha, de senso e de juízo.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FADO

«Ó musa do meu fado Ó minha mãe gentil Te deixo consternado Num primeiro Abril Mas não esquece quem te amou
E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou: Ai essa terra ainda vai
Cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se Um imenso Portugal” (Chico Buarque, ‘Fado Tropical’)


Não, nunca iremos tornar-nos um imenso Portugal. O nosso fado está traçado e, após oportunidades e mais oportunidades desperdiçadas, vamos ser apenas um Portugal dos pequeninos, um Portugal pequenino. Vamos ser o Portugal onde os melhores já não querem governar porque não aguentam a eterna maledicência da rua. Onde o povo tanto lhe faz ser mal ou bem governado porque é sempre contra. Onde ninguém — pessoa, corporação, empresa, sindicato — deixa de achar sempre que tudo lhe é devido e nada lhe é exigível. Onde as grandes construtoras vivem quase todas de sacar ao Estado obras inúteis, porque de outro modo não sabem viver. Onde ninguém pensa a prazo porque há sempre uma eleição pelo meio que não se pode perder, mesmo que seja a feijões, como as europeias que acabamos de atravessar.

Portugal está a tornar-se um sufoco, um país sem saída e sem viabilidade à vista. De que iremos nós viver dentro de dez, vinte anos, já sem fundos europeus? Ninguém sabe, além da inevitável e estúpida resposta: do turismo. Lembro-me de ter feito esta mesmíssima pergunta a Cavaco Silva, era ele primeiro-ministro, há largos anos, e de ele ter olhado para mim como se a pergunta é que fosse estúpida. Lembro-me de um debate com José Pacheco Pereira em que ele defendia a política do betão e das auto-estradas de Cavaco, com o argumento de que sempre era melhor ficarmos dotados das infra-estruturas do progresso: estradas, hospitais, escolas. Hoje, José Sócrates, para mais pressionado pelo terror de um desemprego fora de controlo, acredita exactamente no mesmo, julgando, através da política obreirista, conseguir o três em um: sustentar as empresas portuguesas, criar emprego e dotar o país de modernas infra-estruturas. Na verdade, são três mentiras em um: as empresas portuguesas são parceiros menores de grandes consórcios internacionais, onde os espanhóis lideram quase sempre e a banca é que fica com a fatia de leão dos negócios que os contribuintes pagam; o emprego é aproveitado pelo submercado de trabalho dos brasileiros, africanos, romenos e moldavos, que, finda a empreitada, se vão embora; e temos modernos hospitais abandonados por falta de doentes, de médicos e de viabilidade, escolas encerradas porque não há alunos no interior, auto-estradas fabulosas e despovoadas como apenas vi no Novo México ou no Arizona.

Seguramente que haverá, haveria, outro modelo de desenvolvimento que não consistisse em fazer obra inútil que escoa os recursos financeiros da nação e a endivida para gerações, ou destruir paulatinamente o litoral e a paisagem protegida para a vender à ilusão turística. Não temos agricultura, não temos pesca, não temos construção naval, não temos indústrias extractivas: não temos sector primário. E, quanto ao resto, e tirando algumas ilhas de excelência, servidas por profissionais que rapidamente querem é ir-se embora, o que temos? Vejam, por exemplo, a grande aposta na educação, a ladainha de todos os governos, desde que me lembro. Olhe-se, por exemplo, para o exame de Português do 12º ano, realizado na passada segunda-feira: os alunos radiantes com a facilidade obscena do teste. Todos, não é verdade: os bons alunos, os que estudaram, os que se prepararam lendo Camões, Pessoa, Saramago, os que aprenderam a ler, a escrever, a interpretar um texto, esses sentiram-se roubados e com toda a razão. Para efeitos de estatística e propaganda política, o Ministério da Educação serviu-lhes uma prova de exame que os nivelou com todos os medíocres. O exemplo que vem de cima.

A mediocridade há-de sempre querer que o nivelamento se faça por baixo. Há-de sempre querer afastar critérios que assentem no mérito, no trabalho, no talento, na honestidade, nos valores. O que distingue um país com futuro de outro que o não tem é justamente o desfecho desse embate. Em Portugal premeia-se o absentismo e a rotina; desculpa-se a incompetência e aceita-se resignadamente a burocracia e o autoritarismo imbecil; perdoa-se a ausência de valores éticos a todos os níveis e trata-se socialmente por senhores os que nada mais são do que bandidos; condecora-se o triunfo empresarial por favor político; perdoam-se os impostos e os crimes fiscais aos grandes vigaristas, enquanto se persegue implacavelmente o pequeno e honesto devedor ou aqueles que mais impostos pagam e que não fogem ao fisco; arquivam-se os crimes que são difíceis de investigar e tortura-se a mãe da Joana, transformando os responsáveis em vedetas mediáticas; consente-se o indecoroso tráfico de influências entre o poder político e a advocacia de negócios e pretende-se calar o bastonário dos advogados que, à revelia dos bons costumes, denuncia o que todos sabem ser verdade.

A todos os níveis, instalámos uma cultura de irresponsabilidade, de desculpabilização, de normalização do que deveria ser intolerável. Só este exemplo, colhido da entrevista que o procurador-geral da República deu a este jornal, no sábado passado: diz Pinto Monteiro que acha, de facto, que a investigação do caso Freeport já durou de mais e já poderia estar acabada. Mas não está, nem ele é capaz de dizer quando estará — muito embora saiba que a continuação do processo sem desfecho poderá vir a ter uma influência séria nas eleições próximas. Então, o que faz o procurador? Dá um murro na mesa, exige aos magistrados do Ministério Público que cheguem finalmente a uma conclusão e marca-lhes um prazo para tal? Não, limita-se a encolher os ombros e continuar à espera. Porque, aparentemente, é assim que as coisas se fazem, em obediência ao sacramental princípio da total independência e irresponsabilidade dos magistrados do Ministério Público. Ditoso país este, em que é bem mais importante o estatuto dos magistrados do que a realização da justiça em tempo útil! E assim acabámos por chegar à situação escandalosa de, não havendo nunca culpados de coisa alguma, todos serem suspeitos de tudo.

E já ninguém se rala, ninguém liga, ninguém leva nada a sério. À força de já não esperarmos mudanças em alguma coisa de substancial, damo-nos por satisfeitos porque o Presidente da República deixa cair de vez em quando uns ‘recados’ cifrados aos políticos e um quarto do eleitorado dá-se ao trabalho de ir às urnas, de tempos a tempos, “mostrar um cartão amarelo” ao Governo. Há tempos, dizia-se que somos um país adiado. Hoje, acho que o mais certo é dizer que somos um país cancelado. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Miguel Sousa Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TÍTULO 10

«» [ Link]

Parecer:

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Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»

MONIZ É UM MAU EXEMPLO

«Luís Filipe Vieira respondeu ontem às críticas de José Eduardo Moniz. E mais do que jogar à defesa, passou ao ataque. "Disse-lhe, em Abril de 2003, que era um mau exemplo por não pagar quotas há 31 anos", atirou o presidente demissionário do Benfica. Em entrevista à SIC, Vieira criticou ainda o director-geral da TVI – que na véspera disse ‘não’ a uma candidatura à presidência – pelas dúvidas sobre a situação financeira do clube. "Isso é uma insinuação. Moniz devia estar mais atento, pois desde que aqui estou que as contas são consolidadas, auditadas e comunicadas."» [Correio da Manhã]

Parecer:

31 anos sem pagar quotas?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Avise-se Luís Filipe Vieira de que vai ter as próximas edições do Jornal Nacional da madame Moniz por sua conta, porque quem se mete com os Monizes leva com a TVI em cima.»

MAIS UM ARGUIDO NO CASO FREEPORT

«Corrupção passiva. Foi este o crime imputado, na passada quarta-feira, a Carlos Guerra, ex-presidente do extinto Instituto da Conservação da Natureza, no âmbito do caso Freeport. É o quarto arguido do processo. Os restantes são Charles Smith e Manuel Pedro, antigos sócios da empresa Smith &Pedro, e Capinha Lopes, o arquitecto responsável pelo projecto do outlet de Alcochete.

O interrogatório a Carlos Guerra decorreu no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Mas, segundo a sua advogada, Cristina Correia de Oliveira, o arguido não foi confrontado com os factos que sustentam a suspeita. "Foi dito que existem documento de onde emerge essa conclusão." A advogada confirmou ao DN que o antigo responsável do ICN foi constituído arguido pelo crime de corrupção, recusando prestar mais esclarecimentos. O DN procurou durante o dia de ontem ouvir Carlos Guerra, mas este esteve sempre incontactável.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Tenho muitas dúvidas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo fim deste processo interminável.»

LOUÇÃ FICOU IRRITADO COM OS ECONOMISTAS QUE LANÇARAM MANIFESTO

«O líder do Bloco de Esquerda (BE) reagiu este sábado ao manifesto dos 28 economistas de renome que pedem ao Governo para repensar o modelo dos investimentos públicos, incluindo obras como o TGV ou o novo aeroporto.

Francisco Louçã disse em Coimbra que os autores do documento não tenham deixado uma palavra sobre «máfia financeira».

«Como é possível que alguns ex-ministros se reúnam e apresentem ao país um manifesto de como a economia deve ser governada e não tenham uma palavra sobre a máfia financeira, os conselhos de administração que eles frequentavam com todo o deleite, nem uma palavra sobre as perdas brutais de buracos negros em bancos», sublinhou. » [Portugal Diário]

Parecer:

A perda de protagonismo deixa o Chico Anacleto muito irritado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao Chico Anacleto que tenha calma.»

O CHARRUA É PRESIDENTE DO PSD A UMA JUNTA DE FREGUESIA

«Uma das caras novas entre os candidatos é Fernando Charrua, conhecido por ter sido alvo de um processo disciplinar pela DREN na sequência de um comentário sobre o primeiro-ministro, que foi considerado «insultuoso». Será o rosto da candidatura social-democrata à Junta de Freguesia de Campanhã.» [Portugal Diário]

Parecer:

Vai ser uma campanha cheia de c..das.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se lugar na primeira fila do Espectáculo.»

VALENTIM LOUREIRO INVESTIGADO DOIS ANOS DEPOIS

«Foi o Ministério Público espanhol quem pôs a Polícia Judiciária (PJ) no rasto de €15 milhões ligados à família de Valentim Loureiro e a responsáveis da Câmara de Gondomar. O dinheiro circulou nas contas offshore de dois filhos do major — Jorge e Nuno — nos dias seguintes à operação ‘Apito Dourado’.

De acordo com uma fonte judicial, parte do montante passou por bancos espanhóis antes de aterrar em duas contas do BPN e do Finibanco das ilhas Caimão, um paraíso fiscal no mar das Caraíbas. A informação chegou a Portugal em 2007, mas só agora, dois anos depois, o DIAP do Porto avançou com as buscas e com a investigação.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Só dois anos depois? Os calendários do MP são, no mínimo, muito estranhos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pinto Monteiro se foi por falta de meios.»

PCP PROMOVEU O CONFLITO NA AUTOEUROPA

«“O voto é secreto”, foi como José Carlos Pereira respondeu ao Expresso sobre se tinha votado a favor ou contra o pré-acordo celebrado pela Comissão de Trabalhadores (CT) com a administração da Autoeuropa. Membro do Comité Central do PCP e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul (o maioritário na empresa), é o líder da tendência comunista da CT. Nos dois plenários realizados na segunda-feira, foi António Chora, coordenador da CT e militante do BE, quem defendeu o pré-acordo. Já aquele dirigente comunista optou pela ambiguidade: o pré-acordo, não sendo mau, constituía uma perda de direitos adquiridos e uma abertura para coisas piores. Mais clara foi a intervenção de um dirigente da Fiequimetal (a maior federação da CGTP), Joaquim Escoval; este sindicalista e autarca da CDU criticou o pré-acordo, por representar a criação de um “banco de horas” — uma solução prevista no Código do Trabalho, mas sempre rejeitada pela CGTP. António Chora acentuou que Palmela é a única fábrica da Volkswagen sem banco de horas.

No final dos plenários, Licínio Barros, o único membro da CT que pertence a um sindicato da UGT, começou a “ter algumas dúvidas” sobre a votação. Está certo, porém, que “a esmagadora maioria dos sócios do meu sindicato, o Sindel, votou a favor”. O acordo previa a redução do pagamento do trabalho extraordinário em seis sábados por ano. A votação, no dia 17, registou 1381 votos contra e 1252 a favor.

Este resultado “era expectável”, afirma José Carlos Pereira, dos Metalúrgicos. “Há um grande descontentamento, com toda a pressão e chantagem sobre os trabalhadores, que têm feito grandes cedências e estão fartos de ver os seus direitos afrontados”. Este dirigente admite que “muitos dos associados do sindicato votaram contra”. Na falta de um acordo, a empresa divulgará na próxima semana as medidas a tomar para reduzir custos. Antes das negociações, estava na agenda o recurso ao lay-off e a dispensa de 250 contratados a prazo. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Para o PCP quanto pior melhor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver se a VW tem paciência e aceita que seja o Jerónimo de Sousa a mandar na fábrica.»

CARMEL

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