terça-feira, junho 30, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Manuela Ferreira Leite acertou na escolha de Paulo Rangel ou acha que acertou já que ao escolher Vital Moreira o PS quase atirou a toalha ao chão. Daí concluiu que o que resulta é a mudança de caras, um pouco na linha da escolha de Pedro Santana Lopes par a CM de Lisboa. Resta agora esperar que Ferreira Leite mande regressar Paulo Rangel do Parlamento Europeu para o candidatar como cabeça de lista em Lisboa ou no Porto.

JUMENTO DO DIA

Teixeira dos Santos

Ao dizer apenas com base no indicador de clima económico que a crise está a chegar ao fim o ministro das Finanças está a confundir os seus desejos com a realidade. É verdade que um ministro das Finanças deve ser optimista no quadro de algum rigor, mas anunciar já o fim da crise pode vir a revelar-se um erro grave. Enquanto não existirem indicadores económicos que consolidem essa tese deve evitar-se o anúncio do fim da crise.

AVES DE LISBOA

Ganso-do-egipto (Alopochen aegyptiacus)
Local: Quinta das Conchas

FLORES DE LISBOA

Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

GRELHA DE LEITURA

«Tendo em atenção a crise financeira e económica em que a crítica é contextualizada, esperavam-se alternativas. O documento é omisso, apontando apenas três prioridades: institucional, ou seja, reformas na administração, na justiça, na educação; estrutural, como a melhoria da produtividade e da competitividade, sobretudo nas PME; conjuntural, quando pretende impactos no rendimento nacional, na dívida externa e na dívida pública. Difícil discordar, mas nada de novo, e pouco. Através de uma grelha de leitura sob a forma de questões, procuraremos demonstrar que o documento é político, duramente político e não económico, como o título pode erradamente induzir. E como tal deve ser tratado. 1. Terão os três projectos e dentro deles os lanços ou fases, todos o mesmo impacto económico? Existirá uma ordem de prioridades dentro deles? Ou a condenação é genérica? 2. Terão todos os projectos, executados ou suspensos, o mesmo efeito político? Serão alguns politicamente correctos (coesão territorial, ambiente) e outros danosos? Ou são todos errados? 3. O ARGIP contém argumentos genéricos para condenação ou atraso, mas é omisso quanto aos específicos. Haverá ou não especificidades, graus de condenação ou de absolvição, passíveis de visão diferente por cada signatário? 4. Pessoas conhecidas e antigos responsáveis políticos, alguns dos signatários estiveram profundamente envolvidos em decisões ligadas ao endividamento nacional. Como deve este apelo ser visto pelos cidadãos: penitência, responsabilização, catarse, arrependimento, orgulho? 5. Alguns dos signatários poderão apoiar o Governo, outros a Oposição, parecendo muito mais numerosos os segundos que os primeiros. Será a diversidade minoritária valor suficiente para excluir a motivação política, na génese do ARGIP? 6. Se os signatários, pensando o que pensam, fossem membros do actual Governo, defenderiam a suspensão dos projectos? E se vierem a fazer parte do Governo no próximo ciclo político, manterão a actual posição? 7. Face à gravidade da crise e à omissão de propostas alternativas, vão os signatários organizar-se para sugerir medidas anti-crise? Ou contentam-se com esta posição negativa?» [Diário Económico]

Parecer:

Por Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

"O QUE FEZ ANTES DE O DOENTE MORRER?"

«Vamos a ver se nos entendemos. José Manuel Fernandes diz que o "Manifesto dos 28" contra as grandes obras públicas foi recebido de forma insultuosa. Como exemplo, dá à pergunta "Onde tinham estado antes da crise estalar", que eu próprio fiz.

Esta crise é o evento económico mais significativo do pós-guerra, não só em termos de efeitos reais como de debate teórico. Perguntar onde estavam os economistas em relação à crise é um insulto? Nesse caso, perguntar "que fez o médico antes do doente morrer" é também um insulto.

Tudo bem. Posso viver com o opróbrio do insulto. Mas, se não se importam, eu ainda prefiro saber se o meu médico duvida da penicilina. E prefiro saber que houve economistas que escreveram sobre esta crise antes de ela ocorrer (citei-os aqui nesta coluna há um ano: James Galbraith, Robert Kuttner, Dean Baker, Nouriel Roubini), que há economistas portugueses que a explicaram bem e propuseram soluções que podem ser boas, e que não há desculpas para não os ouvir.

O que José Manuel Fernandes faz é desvalorizar o testemunho empírico - o registo de quem acertou ou falhou -, para nos dizer que nos 28 estão "os mais respeitados economistas portugueses". Este é exactamente o tipo de pensamento que nos levou à crise, tanto nos seus aspectos mais amplos como mais mesquinhos (no BPN e no BPP também estavam banqueiros "respeitáveis", como dizia Vítor Constâncio). Eu, insultuosamente, não quero saber se eles são respeitados ou respeitáveis. Eu quero é saber se eles acertaram no diagnóstico, porque isso lhes daria mais probabilidades de acertar também no remédio.

Os economistas que eu acho que acertaram na crise juntaram-se para escrever um manifesto. Chamemos-lhe o Novo Manifesto. A esse manifesto agregaram académicos de outras disciplinas, uma escolha que só posso supor deliberada (e que me agrada) por romper com a ideia de que os economistas podem fazer, sozinhos, o alfa e o ómega da discussão. Nesse manifesto declaram que "o desemprego é o problema": "Uma taxa de desemprego de 10% é o sinal de uma economia falhada, que custa a Portugal cerca de 21 mil milhões de euros por ano - a capacidade de produção que é desperdiçada, mais a despesa em custos de protecção social. Em cada ano, perde-se assim mais do que o total das despesas previstas para todas as grandes obras públicas nos próximos quinze anos."

E qual é a reacção de José Manuel Fernandes? Para começo: que esta é "uma resposta ao lado", que é "um documento mais político e menos técnico", que "os subscritores vão da ala mais à esquerda do PS ao BE", etc. No mais: dedicou um editorial (o de sábado) a criticar um manifesto que o jornal do mesmo dia não publica e a que não dedica sequer uma notícia. Algo terá de explicar a diferença entre as parangonas dadas ao "Manifesto dos 28" e a invisibilidade a que é remetido o "Novo Manifesto". Num caso, primeira página. No outro, remissão para um obscuro link na Internet.

Sabem? Acho tudo isto muito revelador. A posição convencional em economia e conservadora em política não tem neste momento a mínima confiança em si mesma para aguentar um debate, em igualdade de circunstâncias, sobre como chegámos à crise e como sairemos dela.
O meu desafio: publiquemos os manifestos lado a lado e tenhamos a coragem de deixar o resto para a inteligência dos leitores. Historiador.»
[Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UM GESTOR BEM SUCEDIDO

«O ex-chefe de gabinete de José Sócrates ganhou, em 2008, como vogal do Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da TAP 98 mil euros. Com este salário anual, referida no Mapa de Remunerações dos Órgãos Sociais, Luís Patrão, que é também presidente do Instituto de Turismo de Portugal (ITP) desde Maio de 2006, recebeu da TAP, durante 14 meses, um ordenado mensal fixo de sete mil euros, valor superior ao vencimento do próprio primeiro-ministro.

Luís Patrão acumula três cargos desde que trocou a chefia do gabinete de José Sócrates pela presidência do ITP: a par da liderança do IPT, onde terá um salário mensal de cerca de 10 mil euros, Patrão é membro do CGS da TAP e vogal da administração da ENATUR, onde não tem remuneração. » [Correio da Manhã]

Parecer:

É demais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Convide-se o senhor a optar por um dos cargos.»

MADOFF CONDENADO A 139 ANOS

«O juiz Denny Chin condenou Bernard Madoff à pena máxima pedida pelos procuradores americanos pela sua fraude, considerada a maior da história, que lesou investidores em dezenas de milhões de dólares.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por c´a justiça nem os ouve.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pinto Monteiro como vão as investigações do caso BPN.»

NO MELHOR PANO CAI A NÓDOA

«O Instituto da Construção e Imobiliário (InCI), organismo público que ficou responsável pela execução do Código dos Contratos Públicos, e pela criação de um portal, onde devem ser publicitados todos os ajustes directos e derrapagens, em nome da transparência e do rigor no uso dos dinheiros públicos, não está a conseguir, neste mesmo portal, dar o melhor exemplo. O portal está a ser desenvolvido pela Microsoft, num contrato para o qual não houve concurso público, e onde já há derrapagens.» [Público assinantes]

Parecer:

A verdade é que sempre que estão envolvidas promessas políticas os governantes acham que estão acima da lei.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»

ANNDREJS

AVON