sexta-feira, julho 30, 2010

Quanto custou o Caso Freeport?

Parece que anda por aí muita gente distraída com o Caso Freeport, são tantos que até os investigadores do caso ficaram com pena de não poderem continuar a entreter o país durante mais meia dúzia de anos e sorrateiramente deixaram umas dúvidas nas suas conclusões. Andam tão distraídos que não se lembram de perguntar quanto custou ao país.

Com o Caso Freeport a credibilidade da justiça bateu no fundo, aqueles que deveriam proteger o bom nome dos cidadãos optaram por os sujar na praça pública, os que devem assegurar que quem comete um crime deve ser julgado na sala de um tribunal optaram por promover um linchamento público, em que o visado não teve quaisquer direito à defesa.

A democracia foi gozada por aqueles a quem cabe defender a legalidade democrática, com a manipulação da informação do processo tudo fizeram para que os portugueses optassem manipulados em vez de escolherem os políticos em função das propostas e das competências. É evidente que os beneficiados por esta tentativa de golpe de estado ficaram agradados pela situação, esquecem que no futuro serão eles as vítimas.

Num país onde se contam assessores e onde todos se desdobram a propor cortes na despesa o Ministério Público gastou milhões de euros para agora acabar com duas acusações da treta, que não resistem a meia dúzia de horas de julgamento. Durante seis anos dois procuradores muito bem pagos ocuparam-se do caso e muitos agentes da PJ investigaram. Se aos custos resultantes da utilização da máquina judicial juntarmos os gastos na comunicação social teremos de concluir que este processo custou milhões ao país.

Quando se fala tanto em credibilidade do país é bom recordar que os que usaram este processo com fins políticos não tiveram qualquer pejo em sujar o nome de Portugal. Passou-se a imagem de um país onde o primeiro-ministro era suspeito de ser corrupto, até mandaram cartas rogatórias e investigadores a Londres na tentativa de provar esta tese, mesmo quando polícias bem mais competentes e honestos do que os nossos deram o caso por encerrado.

Até no plano das relações de amizade este processo teve um impacto negativo, o país ficou a perceber que é perigoso ir almoçar com aqueles que julgamos ser amigos e em quem podemos confiar. Pior ainda, os nossos líderes sindicais põem objectivos políticos à frente e participam nas ciladas.

Mas graça à sacrossanta independência do Ministério Público o país tem de comer e calar, tem mesmo de evitar comentários pois nada nos garante que não estejamos a ser escutados, que um qualquer comentário inadvertido se transforme num grave crime. Qualquer cidadão comum pode de um dia para o outro ser transformado num criminoso e julgado na praça pública muito antes de ser acusado e de se poder defender, pode mesmo ser destruído antes de ir a julgamento, isso no caso de ser deduzida uma acusação.

Os maiores crimes identificáveis no caso Freeport não foi a identificação de dois suspeitos de serem pilha-galinhas, foi o abuso do dinheiro dos contribuintes, a destruição da credibilidade da justiça, a tentativa de linchamento na praça pública, a corrupção da justiça. Mas para os criminosos responsáveis por estes crimes não será deduzida qualquer acusação, estão blindados contra qualquer acusação, podem cometer estes crimes impunemente.

Esses fascistas poderão continuar a beneficiar de ordenados elevados pagos pelos contribuintes, a esta hora deverão estar a fazer as malas para irem de férias descansados enquanto muitos do que pagam os impostos para os alimentar não o poderão fazer por falta de recursos.