terça-feira, julho 13, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Carlos da Silva Costa, governador do Banco de Portual

Quando um banco com a dimensão do BCP está sob o ataque de boatos propalados intencionalmente espera-se do governador do Banco de Portugal algo mais do que mandar a instituição dizer que não comenta rumores.

«O Banco de Portugal disse hoje que está a acompanhar a situação no Millennium bcp mas que, seguindo a política habitual, não comenta rumores, depois do presidente do Millennium, Santos Ferreira, ter desmentido boatos sobre a saúde do banco.

"O Banco de Portugal está a monitorizar a situação [no BCP], mas não comenta rumores", de acordo com a política habitual do supervisor, disse hoje à agência Lusa fonte oficial da entidade liderada por Carlos Costa.» [i]

OS "GUARDA-METAS" TAMBÉM MARCAM GOLOS

Quando a Espanha perdeu frente à Suíca até acusaram o "guarda-metas" de andar distraído com a namorada.

GANHA-SE AQUI E PERDE-SE ALI...

«Na Grã-Bretanha houve uma lei, a "Locomotive Act", também conhecida por Lei da Bandeira Vermelha, que obrigava todos os automóveis a ser precedidos por um homem de bandeira vermelha e corneta. Só foi abolida em 1896. Por essa época, tivemos um príncipe, o infante D. Afonso, irmão do rei D. Carlos, que ficou conhecido como "O Arreda", por gritar "arreda! arreda!", quando andava nas ruas lisboetas com o seu bólide a 20 km/h. Depois, os homens habituaram-se a conviver com os carros. Por causa das leis, das passadeiras, dos semáforos, de tanta coisa... Tanta que, só agora, com um século de convívio intenso, nos damos conta de uma: os automóveis fazem barulho. Os automóveis são movidos a combustão interna (gerada por gasolina, gás, diesel, álcool...), isso soa e os peões ouvem. Só agora, com os automóveis eléctricos reconhecemos a precaução que é o barulho dos carros. Estudo feito em 12 estados dos EUA mostra que nos locais de velocidade moderada há mais acidentes com os carros eléctricos do que com os outros. As soluções estão em marcha: pôr som nesses silenciosos automóveis. As marcas vão dar alternativas de sons individualizados, como nos telemóveis: o barulho, por exemplo, dos sabres de luz da Guerra das Estrelas. Sem gasolina diminui-se a poluição do ar mas com os eléctricos está garantida a poluição sonora nas ruas.» [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O BCP E O PODER DAS REDES SOCIAIS

«O boato surgiu, de mansinho, por ‘email’ ou por ‘sms’, a falar de ‘dificuldades financeiras’ no BCP. Ao longo das últimas semanas as mensagens foram crescendo de intensidade, entraram nos ‘blogues’ e no ‘facebook’ e chegaram a tanta gente que, na última sexta-feira, atingiram o auge.

Quase todos sabiam, por um amigo ou conhecido, que algo de grave se estava a passar no BCP. O fenómeno que parece ter começado pelo Norte, passando depois pelo Algarve até chegar em força a Lisboa, dava conta de uma intervenção iminente do Estado: uma nacionalização. Mas também havia quem dissesse que a administração do banco se ia demitir em bloco na próxima quarta-feira ou que um conhecido gestor já tinha tirado todo o dinheiro que tinha no banco e a secretária estava a telefonar aos amigos para que fizessem o mesmo.» [DE]

Parecer:

Por Francisco Ferreira da Silva.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O MEDO MATA

«O que era um desígnio nacional, passa a conforto para saldar dívidas e redistribuir sobras. O que era uma aliança inabalável com o poder passa a descrença no poder actual e a exercício de aquecimento para aconchego ao futuro poder. Na lógica fria do capital, tudo isto se entende. O que mal se percebe é a agitação psicomotora comunicacional subsequente, como se houvesse má consciência. Não há dia em que o grupo divisor não nos entre pelas portas adentro, com argumentos pseudo nacionais, mas afinal puramente empresariais. Dificilmente se entende a viragem. O risco de uma OPA, afinal ficou ampliado com a abertura da brecha provocada na assembleia-geral de accionistas. Quem tanto receio tem da OPA, deveria ter mantido firme e unida a solidária barreira. Seria bem mais difícil ao sitiante subir as muralhas da fortaleza, do que penetrar pela porta deixada aberta por um grupo de sitiados. Quem pretende acusar o Governo de jogo arriscado, deveria ter concertado previamente a sua posição, em vez de o imaginar domesticado por interesses parciais e paroquiais, pensando que ele não seria capaz de um arreganho nacional. Os herdeiros de uma tradição de confortável proximidade ao poder, qualquer que seja a cor e para lá das vicissitudes da história, subitamente cometem um passo em falso, tingindo a imagem de intocabilidade. E o pior é que a espiral justificativa não pára. Em qualquer local onde haja um microfone e uma câmara, no país ou no estrangeiro, aí vêm explicações cada vez menos consistentes, passando da crítica inicial ao suspiro por novo veto estatal, se vier a OPA.» [DE]

Parecer:

Por Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TEMOS MAJOR

«Naquele dia a formatura no Comando Geral da GNR, no Largo do Carmo, Lisboa, teve mais espectadores do que o habitual. Era a primeira vez que uma mulher assumia funções de oficial e integrava a formatura. O momento teve direito a panfleto interno para conhecimento de todos os militares. Foi há 14 anos, mas para Carla Tomé, 37, parece que foi ontem. "Quando se gosta do que se faz, o tempo passa mais rápido", revela.

Carla era ainda uma adolescente numa escola de Portalegre quando se entusiasmou pela "tropa". No dia em que um amigo de família lhe falou na abertura de vagas para mulheres na Academia Militar, não hesitou.» [DN]

INCOMPETÊNCIA NA JUSTIÇA

«Carmona Rodrigues foi acusado, pronunciado por um juiz, e pelo caminho perdeu o apoio político do PSD para se candidatar à Câmara de Lisboa devido às suspeitas sobre o caso da permuta de terrenos com a Bragaparques. Chegou ao dia do julgamento e um colectivo de juízes nem deu início ao mesmo, considerando não existir qualquer crime neste processo. Dirigentes da arbitragem foram acusados de viciarem as classificações dos árbitros na Federação Portuguesa de Futebol ("Apito Dourado"). Em julgamento, foram todos absolvidos. Doze jovens que, segundo o Ministério Público, tinham como modo de vida assaltar caixas multibanco foram, em julgamento, todos absolvidos.

Estes são apenas três casos (ver descrição nos relacionados) em que houve um forte investimento por parte da investigação (Ministério Público e polícias), mas que, no momento da verdade, o julgamento, tudo se esfuma. O que se passa? Investigações mal feitas ou juízes sem preparação para julgar processos sofisticados e ao mesmo tempo mediáticos?» [DN]

Parecer:

A culpa não é nem de uns, nem dos outros, é da incompetência numa magistratura que tem sido a vergonha do país.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

JOE BERARDO GARANTE SOLIDEZ DO BCP

«"Se há uma instituição sólida em Portugal é o BCP", afirmou o empresário madeirense, que controla mais de 6% do BCP, ao Económico.Para Berardo, os "boatos" dos últimos dias sobre a situação do banco tiveram origem "em especuladores sem escrúpulos que só querem dinheiro, pessoas sem responsabilidade social que não se preocupam com empregos, com nada".» [DE]

Parecer:

É pena que o BdP tenha ficado calado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao BCP o porquê do seu silêncio.»

VITÓRIA NO MUNDIAL PODE FAZER CRESCER A ECONOMIA ESPANHOLA

«A vitória de Espanha no Mundial de 2010 pode ter um impacto positivo no PIB do país segundo um estudo do banco holandês ABN Amro que sugere, porém, que se Alemanha tivesse vencido o impacto global seria maior.

O estudo, Soccernomics 2010, refere que a vitória numa competição como um mundial tem um impacto emocional significativo nos cidadãos do país vencedor o que pode traduzir-se em crescimento económico real. » [Expresso]

Parecer:

Quando se falou em tal hipótese no caso de uma vitória de Portugal no Euro 2004 muito gente se riu.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

AFINAL O PINÓQUIO ERA OUTRO

«Carlos Guerra, o antigo presidente do Instituto da Conservação da Natureza (ICN), que foi constituído arguido no âmbito do processo Freeport, afirmou nos autos que o "Pinóquio", mencionado em correspondência trocada entre Charles Smith e a sociedade Freeport PLC, é José Manuel Marques, antigo vice-presidente do ICN e consultor da Câmara Municipal de Alcochete - e também arguido no processo. Esta é uma das revelações que constam do relatório da Polícia Judiciária (PJ) do processo Freeport - investigação que durou seis anos - que foi entregue a 21 de Junho aos procuradores do Ministério Público que acompanham o caso.

O i soube que Carlos Guerra afirmou num dos seus três depoimentos: "A referência a Pinóquio é-me familiar porquanto o Dr. Manuel Pedro várias vezes se referia ao Dr. José Manuel Marques como Pinóquio". José Manuel Marques nega saber quem é Pinóquio e, como é público, o autor da alcunha, Charles Smith, sempre afirmou que Pinóquio é qualquer pessoa pouco fiável e que usava o termo para se referir ao seu contabilista, José Ginja. » [i]

Parecer:

Um dia ainda vão concluir que o Sócrates foi a vítima.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns aos magistrados do caso Freeport, gastaram milhões de euros dos contribuintes, quase ajudaram a um golpe de estado e ainda conseguem eternizar o processo.»

GEAP: DIZER QUE FORMA GESTORES QUALIFICADOS É UMA TRETA

«Segundo o Público, o encerramento do curso está fora de questão, pelo menos, para já. Até porque é fonte de gestores qualificados para o Estado e funciona de forma articulada com o programa de estágios da Administração Pública, que teve início já este mês, já que os melhores estagiários recebem como prémio a frequência gratuita do CEAGP.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Não passa de uma forma de financiar o INA com o dinheiro das propinas pagas a troco de um emprego no Estado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

O "BOI DA PIRANHA" VAI A JULGAMENTO EM OUTUBRO

«Oliveira e Costa, em prisão domiciliária desde 21 de Julho de 2009, é acusado de crimes como abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documento e branqueamento de capitais.

Segundo o despacho de pronúncia, o juiz do TCIC, Carlos Alexandre, decidiu que além de Oliveira e Costa outros 15 arguidos vão a julgamento no chamado caso BPN, que levou à nacionalização do banco. » [Público]

Parecer:

Com o julgamento de Oliveira e Costa a justiça portuguesa permite que a manada do BNP atravesse o rio sem que as piranhas a ataquem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao PGR quem foi o responsável pelo buraco do BPN.»

HANSEN TSANG