quarta-feira, julho 14, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Borboleta na Ameixoeira, LIsboa

JUMENTO DO DIA

Ernâni Lopes, ex-ministro das Finanças

Há anos que o país vê Ernâni Lopes exibir-se como o grande ministro das Finanças que um dia salvou o país, desde então tem cobrado por tão grande serviço prestado ao país e desdobra-se em propor soluções que nem no Chile de Pinochet seriam viáveis, como a redução do vencimento dos funcionários públicos em 20%, um palpite que apresentou nas jornadas parlamentares do PSD:

De Ernâni Lopes não se conhecem grandes obras de política económica e a sua passagem pelo ministério das Finanças nem sequer foi intelectualmente muito exigente. O então ministro das Finanças limitou-se a ler a cartilha que lhe foi enviada pelo FMI e quem deu a cara por essas medidas e pagou um elevado preço político nem sequer foi ele, foi o então primeiro-ministro Mário Soares.

Assim é fácil aplicar políticas duras e recolher os louros pelos resultados, só que Pedro Passos Coelho não vai contar com o guião do FMI nem tem a dimensão política de Mário Soares, pelo que a proposta de redução dos vencimentos dos funcionários públicos feita por Ernâni Lopes não passa de uma anedota ridícula contada por alguém que nunca foi a votos para nada.

ROMA PAGA BEM AOS TRAIDORES

Uma das coisas que mais me enoja na vida política portuguesa é a facilidade com que os partidos portugueses aceitam e até promovem os que se mudam de partidos, muitos deles fazendo-o quando julgam que os ventos estão a mudar. Há em Portugal um grupo de independentes que vivem de vender os seus serviços ao poder, andando de partido em partido consoante o lado de onde sopra o vento. Muito pior do que os famosos boys, muitos deles sujeitando-se ao desemprego durante muitos anos de oposição, são estes vermes que asseguram sempre um lugar próximo da manjedoura do poder.

As últimas jornadas foram bem um exemplo do nojo em que se transformou a política portuguesa, com um líder a procurar credibilidade em personalidades com um ex-ministro das Finanças que em tempos de crise e ataque a direitos adquiridos considerou a sua pensão do Banco de Portugal precisamente um direito adquirido.

50% DE NEGATIVAS A MATEMÁTICA

Quase 50% dos alunos do 9.º ano tiveram negativa a matemática o que significa que muito provavelmente metade dos estudantes portugueses irão ter uma carreira universitária em áreas que não exigem conhecimentos de matemáticas, se excluirmos cursos como o de medicina onde provavelmente estes alunos também não entrarão, a sua maioria serão confinados aos chamados cursos de letras. De fora ficam as engenharias, a economia, a gestão e um grande número de cursos dos institutos politécnicos.

Não admira que hajam cada vez mais universidades privadas a ministrar cursos de direitos, ou mesmo que as universidades públicas tenham que aumentar as vagas para estes cursos, mesmo sabendo-se que uma boa parte dos licenciados não terá emprego. É este o drama dos chumbos a matemática, um problema a que o país não tem dado a devida importância e que tem consequências muito graves no plano do desenvolvimento económico.

PROPOSTA

Agora que o famoso polvo deixou de se entreter com o futebol não seria má ideia sugerir que contratassem o polvo para o cargo de governador do Banco de Portugal. É que cada vez que o banco central faz uma previsão para o ano seguinte revê a anterior, por outras palavras, não acerta uma.

CORTES SALARIAIS SÃO SÓ LEVE IDEIA

«O antigo ministro das Finanças Ernâni Lopes tem uma solução expedita e deu-a. Ele diminuía "os vencimentos de funcionários públicos com um corte na banda dos 15, 20, 30 por cento." Mais cortante não podia ser, mas Ernâni Lopes conseguiu-o, pois os seus cortes seriam feitos assim: "A cru. Sem explicar nada. Ou melhor, explicando que ou é assim ou não é." O bom com os antigos que não têm de provar nada (já uma vez Ernâni Lopes nos tirou do atoleiro) é que podem dizer as coisas sem terem de explicar nada. O mau é que aquilo que dizem soa demasiado a dito por quem já não está em jogo e não se importa. Ernâni Lopes falava nas jornadas parlamentares do PSD. Quem tem o currículo de Ernâni Lopes poderia aspirar a próximo ministro das Finanças, o posto adequado para cortar salários a 20 por cento. Mas se Ernâni Lopes aspirasse a ser ministro do partido que o convidou para as jornadas nunca diria o que disse: assim, o PSD nem o quer ver perto numa próxima campanha eleitoral. Ernâni Lopes é bom para dizer coisas para "outro" partido aplicar (e se possível antes de uma campanha eleitoral). Mas como esse, porque governa, não o convidou para jornadas, o que Ernâni Lopes diz é só metaforicamente cortante. Seria melhor as jornadas parlamentares do PSD terem convidado alguém mais novo que dissesse coisas que não cortassem a sua ambição em as aplicar. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O CAIXÃO DE GABRIELA CANAVILHAS

«O problema é, cronicamente, seja no Estado central seja nas autarquias, os subsídios que se atribuem limitarem-se a tornar legal o favorecimento pessoal, o nepotismo, a compra de apoio político, o embarque bacoco em efémeras modas queques, o alinhamento partidário e, finalmente, o frete empresarial, regional e de seita.

A ministra da Cultura, do ponto de vista de carácter, deixa muito a desejar se o medirmos pelo infame comunicado em que exulta pela demissão do director-geral das Artes. Dada a crise e os cortes nos subsídios, só lhe resta, se ainda quiser salvar a face, inventar o que até hoje ninguém inventou: uma política de apoios séria, criteriosa, transparente e financeiramente responsável. Mas, é quase certo, Canavilhas vai falhar e, com isso, dará mais argumentos a quem quer acabar, de vez, com as ajudas do Estado aos artistas. Será mais um prego no caixão português.» [DN]

Parecer:

Por Pedro Tadeu.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ECONOMIA PORTUGUESA VAI ESTAGNAR EM 2011

«O Banco de Portugal (BdP) reviu em alta as previsões em relação ao crescimento da economia portuguesa para este ano, mas deixa uma perspectiva pessimista em relação ao futuro: em 2011, Portugal voltará a estagnar, fruto das medidas tomadas para combater défice e dívidas estatais excessivas.

Na primavera, o BdP previa que a economia crescesse 0,4% este ano e que acelerasse no próximo ano, para 0,9. Mas, no boletim de verão, a mesma instituição diz que Portugal crescerá 0,9% este ano e que quase irá estagnar em 2011, subindo apenas 0,2%.» [DN]

Parecer:

O que no vale é que para o bem ou para o mal as previsões económicas em relação a Portugal falham quase todas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

MAS QUE GRANDE ALTERNATIVA

«O PSD ouviu ontem durante mais de quatro horas um sociólogo e três economistas que avaliaram a situação política e económica num momento que todos assumem ser de particular dificuldade. Manuel Villaverde Cabral, docente universitário, assumiu a grande provocação da sessão ao advogar que PSD deveria apresentar uma moção de censura ao Governo de Sócrates, para assim denunciar a "frente popular" que existe em torno das presidenciais por parte do PS, PCP e BE. Muito crítico para Cavaco Silva, o sociólogo considerou que o actual Presidente tem "apoiado demasiado o Governo" e assumiu que a corrida a Belém está longe de estar decidida.

Villaverde Cabral chamou a atenção para o problema de sustentabilidade das reformas. Defendeu mesmo um limite às pensões retrospectivamente (ou seja, retroactivamente) e lembrou que, em Espanha, este limite é de 3000 euros brutos.

Ernâni Lopes e Campos e Cunha traçaram um retrato muito negativo de Portugal. A primeira década do século XXI foi "perdida e esvaziada" considerou mesmo Ernâni Lopes. Já Campos e Cunha afastou um cenário de saída do euro e disse esperar que um relativo crescimento económico se concretize para que o País possa começar a sair da crise. Deixou sérios alertas sobre a banca e mostrou-se preocupado com o efeito de rumores como os que nos últimos dias afectaram o BCP.» [DN]

Parecer:

As jornadas parlamentares do PSD foram um fiasco e apenas serviram para mostrar que Passos Coelho não é nem tem alternativa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

MOODY'S REVÊ EM BAIXA RATING DE PORTUGAL

«A Moody's reviu em baixa o ‘rating' da República portuguesa em dois níveis para A1 não só devido à trajectória ascendente da dívida pública, mas também às fracas perspectivas de crescimento. Portugal, que estava com um outlook negativo desde Outubro de 2009 e que tinha o ‘rating' sob análise para possível revisão em baixa desde 5 de Maio, fica agora com uma nota A1 e um outlook estável.

A Moody's justifica a sua decisão "porque a força financeira do Governo português vai continuar a enfraquecer no médio prazo, uma prova da contínua degradação da dívida pública nacional não só em percentagem do PIB, mas também face às receitas". Mas também porque "as perspectivas de crescimento da economia portuguesa deverão permanecer verdadeiramente fracas a não ser que as recentes reformas estruturais dêem resultado no médio e longo prazo".» [DE]

Parecer:

O algodão não engana.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «A1 é uma boa classificação.»

PASSOS COELHO RECUSA BLOCO CENTRAL

«O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou-se hoje pronto para governar, mas afastou a possibilidade de se entender com o PS num Governo de bloco central, considerando que isso seria uma traição ao eleitorado.

No encerramento das jornadas parlamentares do PSD, na Assembleia da República, Passos Coelho remeteu para o Governo a responsabilidade exclusiva de apresentar uma proposta quanto à cobrança de portagens nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT), dizendo querer acabar com "esta ideia que o Governo, a certos dias da semana, gosta de dar de que cria comissões onde estuda com o PSD à margem do Parlamento e do país, soluções de um Governo conjunto que não existe".» [Expresso]

Parecer:

Alguém o convidou?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

BOA DESCULPA

«Teixeira dos Santos afirmou hoje, em Bruxelas, que a decisão da Moody's de rever em baixa o rating da dívida portuguesa "não surpreende" e "já era esperada" porque há 12 anos que a empresa não revia o 'rating' português. "A decisão da Moody's não surpreende, ela já era esperada", disse Fernando Teixeira dos Santos à entrada de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia. O responsável governamental recordou que "há cerca de 12 anos que [a agência de notação financeira Moody's] não revia a notação de risco" portuguesa. » [Expresso]

Parecer:

Como a agência não revia o rating de Portugal é normal que este seja revisto em baixa...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

OU ME DÃO O PILIM OU FALO DE INDEPENDÊNCIA

«O dinheiro para a reconstrução nunca mais chega e ontem o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, acusou as "entidades políticas de Lisboa" de terem "má vontade". Daí à ameaça da independência da Madeira foi um passo, típico dos momentos de tensão política entre Jardim e o governo da República. "Se chegarmos a um ponto em que é impossível nos entendermos sobre a mesma bandeira, então deixem cada um seguir o seu caminho e já ninguém se chateia com ninguém. É uma solução tão fácil e democrática", disse ontem o presidente do Governo Regional da Madeira ao inaugurar as obras de prolongamento da Estrada da Nora, em Porto Santo.» [i]

Parecer:

Estamos perante um caso de prostituição regional.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mais uma gargalhada.»

RATING DE PORTUGAL FAZ AUMENTAR O PREÇO DO OURO

«Dois factores parecem impulsionar esta subida dos preços. Por um lado, pelo terceiro mês, a queda da confiança dos investidores alemães, que foi superior ao esperado pelas analistas. Segundo a Bloomberg, o índice de confiança dos investidores alemães alcançou em Junho o valor mais baixo em quinze meses, recuando de 28,7 para 21,2, enquanto os analistas apenas previam uma queda para 25,3.Por outro, a decisão da Moody’s de cortar o “rating” de Portugal de “Aa2” para “A1”. Por trás da decisão está a crença no enfraquecimento a médio prazo da solidez financeira da economia portuguesa, em resultado da deterioração dos indicadores da dívida. “O perfil financeiro da economia portuguesa vai continuar a enfraquecer a médio prazo”, afirmou a agência, citada pela Bloomberg. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Estamos a ficar famosos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Venda-se ouro.»

EMBAIXADOR ISRAELITA CRITICA PORTUGAL POR RECEBER MINISTRO IRANIANO

«O embaixador de Israel em Lisboa criticou esta terça-feira a decisão de Portugal de receber o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, considerando-a «surpreendente e decepcionante» e contrária à posição europeia de condenação do regime de Teerão.

Numa nota enviada à Lusa, a propósito da visita a Lisboa, de Manuchehr Mottaki, esta terça e quarta-feira, o embaixador israelita, Ehud Gol, evocou a declaração aprovada em Junho pelos líderes da União Europeia, condenando a falta de cooperação de Teerão em relação ao seu programa nuclear e a decisão europeia de aplicar novas sanções.

«É por esta razão que se torna extraordinariamente surpreendente e decepcionante que alguns países europeus ajam de uma forma que contraria as próprias decisões da instituição europeia de que fazem parte, abrindo as suas portas aos altos representantes daquele regime pária e transmitindo, consequentemente, uma mensagem dúbia a Teerão», afirmou o embaixador na nota. » [Portugal Diário]

Parecer:

Era o que nos faltava que fosse o embaixador israelita a avaliar se Portugal respeita os compromissos que assumiu em Bruxelas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao embaixador que não se exceda.»

2010 WORLD CUP COMES TO A CLOSE [boston.com]

MI

CITTÀ DE NETUNO