sábado, julho 31, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Borrelo-de-coroa-interrompida [Charadrius alexandrinus], Praia do Cabeço(falta um dia)

JUMENTO DO DIA

Pedro Passos Coelho

Nas últimas duas semanas Pedro Passos Coelho desdobrou-se em entrevistas a quase todos os jornais e entrevistas, teve tempo para ir duas vezes a Espanha explicar as suas opiniões e vem agora dizer que a esquerda agitou fantasmas?

Bem há por aí uns fantasmas de esquerda com nomes curiosos como Bagão Félix e Pedro Santana Lopes. É evidente que o ego do líder do PSD é muito grande, o que o impede de aceitar que cometeu erros políticos. E o maior erro político foi pensar que as sondagens favoráveis lhe davam força para destruir o SNS e abrir a porta a investimentos generalizados.

«Questionado hoje durante uma conferência de imprensa sobre os resultados do Barómetro TSF/Diário Económico, onde os sociais democratas voltam a liderar as intenções de votos, mas perdem 10,4 por cento em relação a Junho, Pedro Passos começou por atribuir a descida a "alguma eficácia" do PS em agitar "fantasmas" sobre a "suposta vontade" dos sociais democratas em desmantelar o serviço público.

"Esses dados são consentâneos com alguma eficácia com que o PS e os partidos mais à sua esquerda agitaram os fantasmas relativos a uma suposta vontade do PSD desmantelar o serviço público, que não é verdadeira", sustentou.» [Jornal de Negócios]

PROCURA-SE

Procura-se Manuel Alegre, dão-se alvíssaras a quem o encontrar ou lhe ouvir uma opinião sobre os acontecimentos mais recentes.

VALE A PENA VER

PERGUNTAS QUE IMPORTAM

«As perguntas que os jornalistas colocam não são necessariamente as mesmas que interessam à justiça. A justiça investiga procedimentos considerados faltosos do ponto de vista da lei; os jornalistas podem fazer o mesmo e até pensar como investigadores judiciais - desde que tenham sempre presente que o não são - mas podem também explorar zonas de penumbra, ligações suspeitas/perigosas, fazer um levantamento de indícios e "estranhezas" e até retratos de carácter. O que não é suposto suceder, nunca, é os investigadores judiciais pensarem como jornalistas - ou seja, procurarem aquilo que julgam que poderá interessar ao (seu) público ao invés de se concentrarem em confirmar ou infirmar factos relacionados com matéria criminal.

Quando se lê, no despacho final do inquérito do processo Freeport, que os dois procuradores que há 17 meses têm o caso em mãos lamentam não ter podido ouvir o primeiro-ministro e uma outra pessoa (o seu secretário de Estado quando ministro do Ambiente), e que dizem não ter podido fazê-lo por lhes ter sido imposto um prazo para encerrarem a investigação e ser necessária autorização superior para ouvir o PM (já no caso do ex-secretário de Estado era só convocá-lo, mas pronto), fica-se de boca aberta. Então depois de durante ano e meio saírem repetidas notícias sobre o envolvimento do PM - quer como alvo da investigação quer como autor de "pressões", pressões essas denunciadas precisamente pelos dois procuradores que assinam o despacho - o caso chega à acusação com os investigadores a dizer que não lograram fazer-lhe as perguntas (27, nem mais nem menos) que "importavam"? Quem os impediu? Que força os bloqueou? Que pressões os travaram, suficientemente ponderosas para impossibilitar a demanda mas não para obstar à queixa?

O procurador-geral da República já determinou a abertura de um inquérito com o objectivo de responder a estas questões. Mas, enquanto esperamos, podemos satisfazer a curiosidade: as tão importantes perguntas estão no despacho e foram reproduzidas nos jornais. Por exemplo, os procuradores queriam saber se o PM recebeu uma carta de um dos acusados, Manuel Pedro, em que este lhe chamaria "Caro Amigo"; se consegue explicar afirmações de um primo sobre o facto de o pai desse primo se gabar da sua relevância no licenciamento do Freeport; se consegue explicar porque é que o PS mandou um e-mail de propaganda para outro dos arguidos, Charles Smith, "apesar de este ser estrangeiro". Sim, paremos de esfregar os olhos: é mesmo uma resenha das manchetes do caso Freeport. E é mesmo a entrevista ao PM que toda a gente queria ler. Dá-se o caso de ter sido alinhada por dois procuradores num processo-crime e de não haver nas perguntas qualquer relevância criminal. Mas é uma boa prova.» [DN]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PERGUNTAS SEM RESPOSTA

«É inadmissível num Estado de Direito que o Ministério Público não possa cumprir a sua função cabalmente. É que as perguntas que ficaram sem resposta não são de somenos importância. Entre elas incluem-se: "Encontra alguma explicação" para o teor das declarações produzidas nos autos por Hugo Monteiro (seu primo), segundo o qual a reunião promovida pelo pai com o então ministro do Ambiente "foi realizada e contribuiu decisivamente para o licenciamento" do Freeport?; "Encontra alguma explicação" para as declarações de Hugo Monteiro "no sentido de que, ainda antes da apresentação do projecto, foi ter consigo, a sua casa, na Rua Braancamp, em Lisboa, perguntando-lhe se não se importava que ele invocasse o seu nome, para prestigiar o projecto, ao que terá respondido afirmativamente?"; "Como explica o envio, através da conta de correio electrónico josesocrates@ps.pt, de uma mensagem de propaganda eleitoral ao arguido Charles Smith (charlessmith@mail.telepac.pt), sendo certo que o mesmo é de nacionalidade estrangeira e não inscrito nos respectivos cadernos eleitorais?"; "Confirma que, em Outubro de 2000, enquanto ministro do Ambiente, deu alguma orientação no sentido do ICN apresentar proposta" de alteração dos limites da ZPE [Zona de Protecção Especial] do Estuário do Tejo?; "Teve conhecimento da colaboração do arguido Eduardo Capinha Lopes nas campanhas eleitorais do PS para as autárquicas de 2001, nomeadamente em Grândola, Santiago do Cacém, Moita, Barreiro e Alcochete, e, em caso afirmativo, se essa colaboração influenciou a sua escolha para o desenvolvimento dos projectos de arquitectura do complexo Freeport?".» [DN]

Parecer:

Paulo Pinto de Albuquerque achou que as perguntas manhosas dos investigadores do caso Freeport eram pertinentes e como alguns portugueses andam distraídos achou por bem divulgá-las. O que PPA se esqueceu foi de perguntar porque razão os investigadores não tiveram tempo, bem como explicar que é à investigação que cabe o ónus da prova e que esta tem por objectivo produzir provas e não lançar suspeitas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se por incompetência na formulação de perguntas.»

A QUEDA DE UM ANJO

«Pela primeira vez desde que foi eleito líder do PSD, Pedro Passos Coelho vê hoje o seu partido descer em popularidade. Está à frente do PS mas, no Barómetro TSF/Diário Económico de Julho, os sociais-democratas obtiveram 37,3 por cento das intenções de voto ? uma descida de 10,4 pontos face ao mês anterior.

Segundo a sondagem, se as eleições legislativas fossem hoje, o PSD ganhava, mas sem maioria absoluta. O PS conseguiria 33,3 por cento dos votos, seguido do Bloco de Esquerda, com 8,5 por cento, do CDS-PP (7,5 por cento) e da CDU (com 6,8 por cento).» [DN]

Parecer:

Pedro Passos Coelho subiu demais e depressa demais, agora terá de enfrentar os calores do Verão, a melhoria dos indicadores económicos, a melhoria nos mercados financeiros, a redução do desemprego e, pior do que tudo isso, explicar melhor a saúde paga e o fim da cláusula da justa causa no despedimento. A dúvida que agora se coloca é qual o nível nas sondagens a partir do qual se desmoronará a falsa unidade no PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo tempo mais fresco.»

INSTAURADO INQUÉRITO

«O procurador-geral da República considera que não há motivo para que a investigação do caso Freeport seja reaberta, apesar de ter mandado instaurar um inquérito para esclarecer todas as questões processuais e deontológicas.

Numa resposta escrita enviada hoje à agência Lusa, Pinto Monteiro indica que 'neste momento não se vê interesse em reabrir a investigação' do processo, cuja investigação terminou com a acusação a dois dos sete arguidos.

O procurador-geral da República (PGR) explica que a data de conclusão do processo (25 de Julho) foi proposta pela directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida e 'aceite pelo vice-procurador-geral da República a 4 de Junho'.» [DN]

Parecer:

Há muitas dúvidas neste processo por esclarecer.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas conclusões.»

PASSOS COELHO REZA PARA O DESEMPREGO AUMENTE?

«O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou hoje que o recuo da taxa de desemprego era “perfeitamente antecipável” devido ao verão, considerando que não se deve desviar as atenções do previsível novo aumento do número de desempregados.

“A questão do desemprego não traz muita novidade, como sabe o desemprego tem efeitos sazonais que são perfeitamente antecipáveis. Nós sabemos que durante o verão o desemprego tende sempre a ser mais baixo e o emprego sazonal a ser um pouco mais elevado”, afirmou Pedro Passos Coelho, durante uma conferência de imprensa na sede do PSD, quando questionado sobre os últimos dados do Eurostat.» [i]

Parecer:

Não parece ter ficado contente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se esta triste postura.»

FREEPORT, O PROCESSO ETERNO

«"Foi levada a cabo uma cuidada e profunda análise da prova produzida e de diligências encetadas ainda sem resposta, por dependeram da cooperação internacional em matéria penal. Uma vez recebidas e caso determinem a alteração da decisão ora tomada, reabrir-se-ão os autos", escreve a procuradora geral adjunta Cândida Almeida no despacho final do processo Freeport, a que a Agência Lusa teve hoje acesso.

Por outro lado, embora reconhecendo o "interesse na inquirição" do primeiro ministro, José Sócrates, e do ministro de Estado e da Presidência, Pedro Silva Pereira, a directora do DCIAP considera que as respostas não alterariam o sentido do despacho dos procuradores titulares do processo, Vítor Magalhães e Paes Faria.» [DN]

Parecer:

Isto é uma palhaçada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

ARMANDO VARA VAI PARA O BRASIL

«Armando Vara, que abandonou no início deste mês a administração do BCP, deverá assumir funções no grupo Camargo Corrêa.

O Negócios sabe que tem havido contactos entre o ex-vice-presidente do banco português e o grupo que passou este ano a ser o maior accionista da Cimpor, no sentido do gestor vir a assumir funções dentro do grupo relacionadas com os mercados angolano e moçambicano.

Até ao fecho desta edição, o Negócios não conseguiu entrar em contacto com Armando Vara. Já a Camargo Corrêa não confirmou nem desmentiu a contratação. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Enfim, mandou o Ministério Público e os seus ocultos membros à merda.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

UMA MÁ NOTÍCIA

«O cereal ganha terreno há quatro dias consecutivos no mercado de futuros de Chicago, devido aos receios de que a seca na Rússia e nalgumas regiões da Europa afectem o fornecimento a nível mundial.

O trigo para entrega em Setembro segue a subir 1,7% para 6,38 dólares por alqueire em Chicago, o preço mais alto desde Junho de 2009. O contrato de Setembro deverá registar um ganho mensal de 33%, o maior desde Agosto de 1973.

Os inventários mundiais de trigo poderão descer 2,5%, para 192 milhões de toneladas, em Junho de 2011, com o prolongamento dos períodos de seca a penalizar as perspectivas para as colheitas na Rússia, Cazaquistão, Ucrânia e União Europeia, referiu o Conselho Internacional de Cereais, citado pela Bloomberg.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Esperemos que os preços do trigo não contagiem os preços de outras matérias-primas agrícolas dando lugar a uma nova crise nos preços agrícolas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

O HOMEM MAIS VELHO DO JAPÃO MORREU HÁ 30 ANOS

«O homem mais velho do Japão é, afinal, uma múmia. A fraude foi descoberta esta semana pela polícia de Tóquio e é contada esta sexta-feira pela imprensa internacional.

A família do homem que liderava até agora a lista dos japoneses mais velhos escondeu o cadáver, mumificado, alegadamente para continuar a receber a pensão do idoso. » [Portugal Diário]

ALEXANDER VASILENKO