É a notícia de primeira página do Expresso, Paulo Portas fotocopiou 61.893 páginas de Documentos do seu gabinete de ministro da Defesa, qualquer coisa como 124 resmas de papel. Mas podemos ficar descansados, tratou-se apenas de notas pessoais, notas pessoais sobre a compra de submarinos, guerra no Iraque e outro temas do foro íntimo de Paulo Portas.
O Ministério Público até se interessou pelo assunto no âmbito do processo Portucale, ouviu os empregados de uma empresa privada que tiraram as fotocópias e que referiram que muitas lombadas continham a referência “Confidencial”, mas não ouviu Portas nem fez buscas para identificar os documentos. Fez bem, o Próprio Portas esclarece que era ele que inscrevia “confidencial” nas suas notas, o que revela uma grande abertura, Portas tem notas pessoais que são confidenciais porque todas as outras podem ser lidas por qualquer cidadão que partilhe a intimidade da sua casa. Além disso Portas é um político bem organizado, tinha o cuidado de organizar dossiers com notas pessoais, em três anos juntou 124 resmas dessas notas, notas pessoais como “diversos faxes, contratos e trocas de correspondência relacionados com a guerra do Iraque e compras de submarinos, tendo muitos desses documentos a designação ‘confidencial‘”.
Ao que parece o Ministério Público não se preocupou muito com as 124 resmas de notas pessoais, o cuidado de Paulo Portas foi atenuado porque outros ministros também fotocopiaram muitas notas pessoais, designadamente, ministros do CDS. Aliás, é normalíssimo que na noite eleitoral Portas tenha recordado a Nobre Guedes para não se esquecer da empresa de digitalização, é deste tipo de diálogos que se fazem as noites das derrotas eleitorais. E como quem não deve não teme, Porta acrescentou que a questão da digitalização era tema para se falar pessoalmente.
Ficamos a saber que logo na noite da derrota eleitoral Porta disse a Nobre Guedes que ia ficar no Parlamento para beneficiar da imunidade parlamentar, aliás, é para isso que os portugueses elegem os deputados. Não é nada que não se tivesse percebido, da mesma forma que regressou precipitadamente à liderança do CDS quando o processo Portucale voltou às páginas dos jornais.
Por este andar Portugal ainda se transforma num protectorado da Sicília e todos vamos achar isso muito normal, porque em Portugal é tudo normal.