sábado, novembro 17, 2007

Promessas de Chico Esperto


Recordo-me das presidenciais disputadas entre Mário Soares e Freitas do Amaral ganhas pelo primeiro quando a direita já estava certa da vitória e vestiu-se de casacões verdes a imitar o seu candidato. Tinha um amigo de direita que quando Freitas partia para a segunda volta das presidenciais estava convencido da vitória, para ser presidente bastaria a Freitas conquistar mais meia dúzia de votos.

Apostei com o meu amigo que Soares seria o próximo presidente da república ao que me respondeu que apostava um caixa de garrafas de whisky- Aceitei e ganhei numa das poucas vezes em que acertei nos resultados de uma eleição. Poucos dias depois o meu amigo cumpriu com a aposta, entregou-me uma caixa e garrafas de whisky, mas de garrafas pequeninas. Como não tínhamos combinado o tamanho das garrafas não podia dizer que o meu amigo não estava a cumprir com a promessa.

Recordo-me deste episódio a propósito da promessa eleitoral de criar 150.000 empregos feita por José Sócrates na campanha eleitoral para as legislativas. Quando o assunto já estava esquecido e sendo o desemprego um dos problemas mais graves que os portugueses enfrentam eis que Sócrates faz as contas e chegou à brilhante conclusão de que já criou 106.000 empregos, por este andar Sócrates não só cumprirá a promessa como ultrapassará todas as expectativas mais optimistas.

É evidente que não posso dizer que Sócrates me enganou, tal como quando apostei com o meu amigo parti do princípio que uma garrafa de whisky tem habitualmente 0,75 L também parti do princípio de que em política económica criar emprego pressupõe um saldo líquido entre empregos criados e empregos perdidos.

Sócrates não está a mentir, tal como o meu amigo não estava a prometer garrafas normais, no momento em que fez a aposta á estava a pensar na alternativa no caso de perder.. Só que ao contrário da minha aposta em que nada se perdeu no caso do emprego isso não sucedeu, ao mesmo tempo que Sócrates criou 106.000 empregos muitos mais foram eliminados.

Se Sócrates ganhou a sua aposta resta saber a quem atribuir a perda dos empregos perdidos.