sábado, outubro 10, 2009

Acabou a revolução cultural

Com as eleições autárquicas poderá ter acabado um ciclo político que, em muitos aspectos, teve muitas semelhanças com a revolução cultural chinesa. As semelhanças terão muito que ver com os tiques de intolerância típicos da extrema-esquerda que, com a adesão de uma direita oportunista, criou um ambiente de intolerância.

Os que no passado sanearam a torto e a direito queixaram-se de asfixia democrática, a extrema-esquerda elegeu Manuela Moura Guedes como uma heroína da liberdade, a maioria absoluta tornou-se um argumento para promover uma vaga de falsa luta pela liberdade.

Professor que concordasse com ministra da Educação era marginalizado, qualquer cidadão que afirmasse a sua intenção de votar Sócrates era achincalhado. Tive que eliminar muitas centenas de comentários que ofendiam só porque manifestei as minhas intenções de voto. Se votasse CDS ou PCP, pouco importariam as diferenças, era aceitável, mas votar PS dava direito a ofender.

Alguns grupos corporativos, que sempre se preocuparam mais com os seus interesses que, em regra, é trabalhar menos e ganhar mais, juntaram-se à orgia e valeu de tudo, falsas manifestações espontâneas, esperas a membros de um governo eleito pelos portugueses, processos judicias manipulados em função de calendários eleitorais, nem os assessores de Cavaco Silva resistiram à tentação de se juntarem a esta orgia colectiva.

Mas tiveram azar, apesar de tudo o que fizeram e de serem ajudados por uma combinação rara de acontecimentos adversos, desde a crise petrolífera à crise financeira, foram derrotados nas eleições legislativas, alguns conseguiram um aumento temporal dos votos, o PSD teve uma votação miserável, o PCP foi promovido à categoria de mais pequeno partido. A extrema-esquerda pode ter crescido, mas acabou por dar mais votos ao CDS, que designam por extrema-direita, do que os votos que conseguiram.

Em nome de uma suposta arrogância resultante de uma maioria absoluta uma minoria apoiada pela burguesia estatal promoveu uma vaga de repressão cultural e de intolerância, tentando condicionar o voto dos portugueses. Até exibiram muitos supostos arrependidos de terem votado PS.

Mas perderam, mais de 36% dos portugueses votaram PS e a maioria esmagadora votaram em partidos cujos dirigentes não sonham com ditaduras. Cantaram vitória porque o PS não teve a maioria absoluta, mas é uma vitória que a prazo lhes sai cara, agora perderam o seu único argumento político.