O que explicará o poder de algumas personalidades políticas que toda a gente sabe que durante os períodos eleitorais são fechados à chave para que ninguém se lembre deles? Se os partidos ganham votos seria de esperar que estes “espanta votos” não tivessem qualquer poder, mas não é isso que sucede. Por exemplo, Dias Loureiro escolhia ministros dos governos de Durão Barroso e Santana Lopes e pela mão de Cavaco Silva até chegou a ao Conselho de Estado e só de lá saiu ao empurrão.
As máquinas partidárias dos partidos do poder são fracas, sem capacidade de auto-financiamento e nestes partidos a promoção da competência há muito que cedeu ao compadrio. O resultado está à vista, são os sucateiros, os patos-bravos da construção civil, os produtores de ajudas agrícolas ou os armadores da subsídios estatais que mandam em muitas das bases dos partido, promovem e financiam a carreira dos seus afilhados que com base na força decorrentes desses apoios vão subindo na hierarquia.
Os grandes partidos acabam por ser infiltrados por gente mafiosa cujo apoio ninguém dispensa nos períodos eleitorais. Os dirigentes que conseguem ter controlo sobre esta imensa malha de relações de influência são os “homens do partido”, gente que os líderes partidários não podem sobreviver se quiserem manter-se nos cargos. Sem o seu papel na gestão dos favores nenhum líder partidário sobrevive, a não ser que caia de pára-quedas.
Uma boa parte dos que se inscrevem nos partidos não o fazem para defender valores ou por generosidade cívica, fazem-no porque estão convencidos de que ficam ao abrigo dos problemas que o comum do cidadão tem de enfrentar. Militar num partido pode trazer vantagens desde a obtenção de um emprego à obtenção de favores ficais, ou coisas mais simples como passar à frente em filas de espera para cirurgias ou outros serviços do Estado.
Não há nenhuma instituição portuguesa livre do vírus da corrupção e os partidos são organizações particularmente atractivas para todos os agentes deste mal que mina e apodrece o país. É tempo de os dirigentes partidários assumirem que o combate à corrupção passa pelo saneamento dos partidos, expulsando deles os que lá estão para viverem à custa dos portugueses, mesmo quando sejam seus amigos íntimos.