segunda-feira, outubro 12, 2009

Está aberta a pré-campanha para as presidenciais

Ao contrário do que disse Ferreira Leite o ciclo eleitoral em que o PSD está envolvido não ficou concluído com as eleições autárquicas, será concluído com as eleições presidenciais. Aliás, as eleições legislativas foram marcadas pelo empenho de Cavaco Silva num projecto de poder que vinha desenhando há muitos meses e que visavam criar condições para uma recandidatura. A partir do momento em que Sócrates não se revelou o primeiro-ministro servil que o Presidente esperava e desejava passou a ser evidente que o futuro de Cavaco Silva passava por pôr fim à carreira política do líder do PS.

Cavaco Silva vai ter mais dificuldades em conseguir um segundo mandato do que as que teve para ser eleito para o primeiro mandato. Quando se candidatou Cavaco Silva apareceu desalinhado de um PSD dirigido por gente de que não gosta ou diz não gostar. Ao insinuar que Santana Lopes seria a má moeda sem, contudo, ter tido a coragem (este não é um atributo de Cavaco que ao longo da vida nunca exibiu grandes rasgos de coragem) de afirmar que se estava a referir ao menino guerreiro.

Desta vez Cavaco parte “queimado” à esquerda, sem credibilidade em boa parte da direita e exibindo o pior mandato presidencial de que há memória no Portugal democrático. Além disso, não se poderá encostar a José Sócrates como fez no princípio da legislatura, dificilmente o primeiro-ministro o ajudará a recuperar a imagem junto do eleitorado, devolvendo-lhe a estratégia manhosa de tentar levar Ferreira Leite a primeira-ministra.

Mas Cavaco Silva não pode, não está em condições de decidir, não tem condições para apostar numa vitória e, muito provavelmente, não tem saúde para um segundo mandato. Como nem tão cedo vai decidir se é de novo candidato a Presidente da República a partir de hoje o país vai assistir ao segundo tabu de Cavaco Silva. Aliás, será o próprio Cavaco a promover o tabu pois é a forma de estar no centro das atenções e, dessa forma, usar a comunicação social para recupera a imagem.

A indecisão de Cavaco terá consequências no PSD como já se pode constatar, Marcelo ainda não sabe se vai ser candidato à liderança do PSD ou candidato a Presidente da República. O próprio Cavaco não saberá se prefere a liderança de Manuela Ferreira Leite ou, se para se demarcar do PSD, não preferirá que volte uma qualquer má moeda à liderança do PSD.

Feitas as contas das autárquicas, lambidas as feridas por todos os partidos concorrentes, principalmente pelo Bloco de Esquerda, está aberta a pré-campanha para as presidenciais. Cavaco Silva que confunde o país com o seu umbigo vai gerir a Presidência da República com vista a um segundo mandato e enquanto não se decidir ou não se sentir seguro de que vai ganhar tudo fará para que o país gire em seu torno.