sábado, outubro 17, 2009

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Praia do Cabeço, Algarve
(Imagem dedicada ao "Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos")

IMAGEM DO DIA

[Beawiharta/Reuters]

«A paramedic examined a man’s eye in Tangerang, Indonesia, Friday, as part of a joint initiative by the Indonesian Lions Club Foundation and the Indonesian Eye Specialists Association. The initiative offers free cataract surgery for the poor.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

João de Deus Pinheiro

A forma como João de Deus Pinheiro abandonou o parlamento revela uma grande falta de formação cívica, gozar com os eleitores é algo inaceitável para alguém que fez carreira à custa desses mesmos eleitores. Se houvesse dúvidas sobre o mau comportamento cívico de Deu Pinheiro não só ficou esclarecido como indignado com as justificações dadas para o abandono do cargo, Deus Pinheiro não só é mal formado como ainda goza com os portugueses.

Se alguém ainda tinha dúvidas quanto à incoerência de Manuela Ferreira Leite deixou de as ter.

PUREZA É O LÍDER PARLAMENTAR DO BE

Está assegurado o respeito pela pureza da ideologia do Bloco de Esquerda.

FERREIRA LEITE FICA OU SAI?

A interrogação pode e deve ser colocada de outra forma, Cavaco Silva quer que Ferreira Leite saia já ou que fique mais algum tempo para ser ele a demarcar-se dela e do PSD?

CAVACO SILVA E O ENSINO

O resultado das legislativas já se nota no discurso de Cavaco Silva, ainda ontem referiu-se de forma positiva ao que se tem feito no ensino. Ali para os lados de Belém há muitas colunas, mas poucas são vertebrais.

AVES DE LISBOA

Trepadeira-comum [Certhia brachydactyla]
Local: Quinta das Conchas

FLORES DE LISBOA

No Parque Eduardo VII

PROGNÓSTICOS (1)

«Claro que as eleições autárquicas têm natureza distinta das legislativas e, por isso, as somas nacionais naquele caso têm de ser tomadas com precaução.Mas, mesmo com tal prevenção, resulta da consulta de Outubro que o CDS não capitalizou em termos de implantação partidária no poder local o avanço relativo sobre o eleitorado do PSD das legislativas (tendo apenas mantido a única câmara que já detinha anteriormente). E se daí resulta que a aspiração do Dr. Paulo Portas de disputar, a prazo, a liderança da direita ao PSD não tenha ficado irreversivelmente posta em causa, cabe pelo menos interrogarmo-nos se não terá sido um erro, na sua óptica, ter entrado em tantas coligações com o PSD nas condições em que o fez e sem ganhos de substancial visibilidade política...

Já à esquerda, o resultado autárquico veio recolocar o Bloco de Esquerda no final da escala partidária, sem afectar substancialmente os resultados do PS (designadamente nas grandes cidades de Lisboa, Porto e Setúbal, onde, nas legislativas, havia logrado obter apoios relevantes com base no voto de protesto) e sem beliscar o PCP, que, contudo, registou algumas perdas para o PS e para listas independentes. O que coloca a questão da sustentabilidade do crescimento futuro do BE proclamada pelo Dr. Louçã, se apenas alicerçada na lógica do protesto e de alguma retórica pretensamente moralista, cujos efeitos já se fizeram sentir na revisão em baixa das suas próprias expectativas para as legislativas de 27 de Setembro e no resultado desastroso para a câmara da capital!» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por António Vitorino.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AS ESCOLAS PECISAM É DE BOA GESTÃO

«O alargamento do sistema - hoje universal, apesar dos 14,7% de abandono no fim do 9º ano - transformaram Portugal num país moderno. Infelizmente, o sistema ficou eternamente marcado pelo PREC. E a herança sente-se ainda, na forma pouco eficaz como as escolas são geridas. Ou melhor, não são geridas. As escolas portuguesas são organizações onde todos mandam e ninguém tem responsabilidade ou se sente responsabilizado. Nas escolas funciona a utopia da democracia total. Até os recém criados directores de escola - fruto da nova lei da gestão das escolas - são eleitos pela Assembleia de Escola (que também é escolhida em eleições, e inclui professores, pais, alunos, funcionários e representantes da autarquia).

Isto explica porque nenhuma escola fica especialmente humilhada por aparecer num mau lugar no ranking que é feito com base nas notas dos alunos nos exames nacionais. É verdade que o ranking compara coisas diferentes, colégios com alunos escolhidos a dedo e liceus obrigadas a aceitar os mais indigentes alunos externos. Na prática, os rankings servem mais de guia para pais que procuram a melhor escola privada para os seus filhos do que para hierarquizar escolas.

Mas o sacudir de ombros das escolas e dos seus ideólogos em relação aos rankings é assustador. Assim como não passa pela cabeça da maioria dos professores ser avaliado pelos resultados dos alunos - embora, no limite, seja esse o único critério objectivo para o fazer - também não passa pelos projectos das escolas lutarem para melhorar os seus lugares nos rankings. A culpa não poder ser atirada apenas para cima das escolas - muitas têm projectos de combate ao insucesso escolar que muitos alunos desaproveitam, e os profesfesores queimam pestanas fazendo fichas de recuperação.» [Diário Económico]

Parecer:

Por Catarina Carvalho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A DERROTA DO CDS E DO BLOCO

«OBloco e o CDS tentaram, com algum esforço, fazer boa cara ao desastre de domingo passado. Louçã, como compete à seita, falou inevitavelmente em "aprender" e "trabalhar" e Paulo Portas no voto escondido pelas coligações com o PSD. Mas não havia maneira de disfarçar. A queda das legislativas para as locais foi enorme. Tão grande como a incapacidade de a explicar. A sabedoria convencional atribuiu a coisa, como sempre atribui, ao carácter "pessoal" das locais, que supostamente favorece quem está. Ou à dificuldade do "radicalismo", da direita ou da esquerda, se expandir num Portugal (sobretudo no Norte e no interior), sensatamente relutante em abandonar as velhas caras dos dois grandes partidos por gente mais nova, que não conhece ou conhece mal.

Isto, como se compreenderá, não tem sentido. A história do domínio do PS e do PSD (e, a sul do Tejo, também do PC) começa no PREC com o assalto às câmaras municipais dos partidos que estavam no governo. As "forças vivas" (que, evidentemente, variavam de região para região) queriam, à boa maneira portuguesa, um representante em Lisboa e, durante um tempo, o poder central consentiu, e até encorajou, que elas tomassem conta da máquina administrativa do antigo regime e do que dependia directamente dela. Quem "entrou" nessa altura nunca mais saiu. Claro que, em muitos sítios, não existiam câmaras, por assim dizer "puras" do PS ou do PSD e, a seguir, as maiorias passaram de um lado para o outro. Só que o monopólio do PS e do PSD sobre a política nacional não permitiu que passassem para mais ninguém.

O CDS, excluído da partilha original, e os partidos, como o Bloco, que vieram depois, ficaram sem influência, nem dinheiro. Para ganhar uma câmara é preciso um ponto de partida - de preferência na própria câmara - e um certo apoio no concelho. Quem se der ao trabalho de calcular quanto custaria (em instalações, funcionários, carros, computadores, telefones, propaganda) montar um pequena "máquina" em 30 concelhos ( já para não pensar em 300), percebe por que é que o CDS e o Bloco - que ganham eleições gerais à custa da televisão e da popularidade de Louçã e Portas - não conseguem penetrar, contra as clientelas de hoje, na imensa rede de interesses da administração autárquica. O populismo de que os acusam é em grande parte um populismo forçado, porque "agitar" o "povo" é o que lhes resta.» [Público]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

RUI MACHETE DEFENDE SAÍDA DE FERREIRA LEITE

«Rui Machete e António Capucho, duas importantes figuras sociais-democratas que estiveram ao lado de Manuela Ferreira Leite na equipa que constituiu em 2007 para os órgãos do partido, mostram--se agora adeptos de uma renovação a curto prazo. Uma posição que deverão defender no próximo Conselho Nacional do partido, marcado para dia 22, e que contraria a decisão da direcção laranja de se manter em funções até final do mandato, que só termina em Maio do próximo ano. [Diário de Notícias]

Parecer:

Vindo de quem vem até parece que é um recado de Cavaco Silva...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Rui Machete se foi Cavaco Silva que lhe encomendou o serviço.»

JÁ NÃO RESPEITAM A LIDERANÇA DE FERREIRA LEITE

«"A presidente, Drª Manuela Ferreira Leite, e a direcção do partido não escolheram nenhuma liderança para o Grupo Parlamentar do PSD", declarou à agência Lusa Paulo Mota Pinto, vice-presidente do PSD, depois de confrontado com o anúncio da candidatura de José Pedro Aguiar Branco à presidência da bancada social-democrata.

De acordo com outra fonte da direcção dos sociais-democratas, José Pedro Aguiar Branco, que hoje anunciou aos deputados a sua candidatura, limitou-se a informar a presidente do partido sobre o que ia fazer.» [Diário de Notícias]

Parecer:

E foi logo o braço direito de Ferreira Leite a toar a iniciativa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Fereira Leite durante quanto tempo vai resistir.»

LOUÇÃ ATACA "MERCADO ELEITORAL" GAY

«Está dado o pontapé de saída na XI legislatura e a oposição não perdeu tempo. Ontem, o PCP apresentou um pacote de nove diplomas que proporá no Parlamento, hoje o Bloco de Esquerda toma idêntica iniciativa. E com dois projectos que serão tudo menos pacíficos: o casamento homossexual e as uniões de facto, uma matéria já abordada na última legislatura, mas travada por Aníbal Cavaco Silva.

O casamento gay consta do programa eleitoral do PS e ainda ontem, em entrevista à revista Visão, José Sócrates garantiu que os socialistas avançarão com esta lei no Parlamento. Mas no PS sustenta-se que esta não é uma medida para apresentar a breve termo, e há quem defenda que não deve avançar nesta primeira sessão legislativa. O Bloco vem assim pressionar a agenda socialista, o que é também válido para um novo diploma sobre as uniões de facto - outro tema que o PS não deve pegar desde já. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Este gesto de Louçã mostra a estratégia oportunista do BE. Sabendo que o voto do PS é indispensável e que esta medida consta do seu programa Louçã antecipou-se para chamar a si os louros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Louçã porque não fez o mesmo na anterior legislatura..»

ĀDAŽNIEKS

THE GUARDIAN