Os portugueses têm uma grande tendência para se juntarem, é comum dizer que “quando mija um português mijam logo dois ou três”, esta tendência para a união é muito frequente na diáspora, seja ela vista à escala mundial, seja limitada ao país. Temos um número infindável de casas regionais, desde a Casa de Arganil à Casa do Alentejo, não admira que o pessoal do Palácio de Belém tenha decidido criar o clube desportivo “Os Belenenses de Boliqueime”, Belenenses um pouco como os Thomas da Silva, uma adesão à cultura local, e de Boliqueime para matar saudades da terra.
Os Belenenses até têm emblema, como se pode ver na imagem, o fundo laranja a lembrar as laranjeiras do barrocal algarvio, o fundo verde da cor do estandarte da Presidência, a chaminé para lembrar as casas típicas de Poço de Boliqueime, as lágrimas porque cada vez que Cavaco Silva faz uma das suas célebres comunicações oficiais consegue levar os portugueses às lágrimas e as ondas pela água que o Aníbal tem metido desde que ele e os seus se mudaram de Boliqueime para o condomínio fechado de Belém.
Os Belenenses de Boliqueime começam a dar nas vistas e já há quem receie que os adversários de São Bento andem a espiar o clube, numa tentativa de antecipar as tácticas, as jogadas novas e os livres ensaiados por Cavaco Silva, o treinador da equipa. Houve mesmo um jogador que se foi queixar aos jornais que Os Belenenses tinham que treinar à porta fechada para não serem fintados por José Sócrates, o capitão da equipa adversária.
Há mesmo quem receie que, mais do que as questões relacionadas com o jogo, José Sócrates estava interessado em descobrir a poção mágica que tem permitido aos jogadores do Belenense darem tanta pantufada e rasteira sem saírem lesionados. Sócrates está intrigado, não percebe como os seus jogadores, alimentados a sandes de courato, se têm deixado bater pelos lingrinhas de Boliqueime que, ao que parece, são alimentados à base de carapaus alimados confeccionados com uma receita que é segredo de família da Dona Maria.
O incidente mais grave deste caso de espionagem, desta tentativa desesperada de Sócrates ficar a saber a receita dos carapaus alimados da Dona Maria deu-se aquando de uma digressão dos Belenenses de Boliqueime à Ilha Adjacente da Madeira, onde ia realizar um jogo amigável com a equipa do Alberto João. Já a meio do jogo deram por uma intruso no meio da equipa e não era nem um macaco solto pelos adeptos adversários (como provocação ao treinador dos Beleneneses de Boliqueime que em tempos tinha a estranha mania de subir aos coqueiros) e muito menos um qualquer cão vadio ou galo doméstico, era nem mais, nem menos do que um jogador da equipa do Sócrates vestido a rigor com o equipamento da equipa de Belém!
Foi um escândalo, até Manuela Ferreira Leite (uma adepta ferrenha dos Belenenses que lembra aquele famoso adepto do Boavista que anda vestido a rigor ou o conhecido andaluz que acompanha a selecção espanhola com o seu bombo) se indignou, desde então não se cala e grita quanto pode contra a asfixia desportiva promovida pelos de São Bento, que neste país já não se pode dar um toque na bola sem se levar uma canelada.
Quem tem posto água na fervura é Cavaco Silva, o capitão da equipa dos Belenenses que veio dizer que a sua equipa joga limpo, que os carapaus alimados são feitos com a receita que todos os algarvios conhecem e até meteu no banco o jogador que foi mandar bocas para os jornais. Até garantiu que sempre tinha tido as melhores relações com o capitão da equipa adversária apesar de não percebido o que estava aquele jogador a fazer na Madeira. Até já tinha pedido ajuda a especialistas para analisarem bem a receita dos carapaus alimados, não fossem a estar contaminados, sabe Deus por quem. Ao que aprece estava tudo bem, mas que com a poluição que por aí vai ninguém pode afirmar que é seguro comer os famosos carapaus da Dona Maria, são muito vulneráveis ao chumbo.