sábado, outubro 17, 2009

O Ranking das escolas

A divulgação do ranking das escolas do ensino secundário foi divulgado esta semana mas mal foi notícia, os jornais limitaram-se a tratá-lo como se fosse o final de um campeonato da terceira divisão, viram quem ganhou, quem desceu e identificaram as primeiras escolas públicas. É uma pena, o ranking das escolas poderia servir para uma reflexão séria sobre a situação do ensino em Portugal.

Não entendo a razão porque se presta tanta atenção ao topo da classificação, onde o ensino público está quase ausente e ninguém se incomoda em analisar as escolas pior classificadas. Serão em locais de grane pobreza? Terão quadros de professores pouco estáveis? Enfim, poder-se-iam colocar muitas interrogações.

Por exemplo, seria interessante comparar os modelos de gestão das escolas bem classificadas com as do final da lista. Um estudo sério sobre as aptidões e projectos promovidos pelas diversas escolas poderia ajudar a compreender as diferenças. Afinal, quando se avaliam as escolas não se está a avaliar apenas os alunos cujos resultados nos exames servem para a classificação das escolas, está-se também a avaliar os gestores e os professores das escolas.

Seria muito interessante comparar a qualificação dos professores das escolas privadas que lideram o ranking com os das escolas públicas. Ajudaria a perceber melhor a realidade do nosso ensino se fossem comparados os vencimentos auferidos pelos professores das escolas privadas com os das escolas públicas.

Porque não comparar as taxas de absentismo entre escolas públicas e escolas privadas e entre as escolas no topo do ranking com as do fim da lista?

E como há muita gente a tentar justificar as misérias das escolas com a miséria social seria interessante proceder a um estudo sociológico das escolas públicas e das escolas privadas. Não tenho grandes dúvidas de que, em regra, as diferenças poderão ser grandes, mas serão assim tão grandes entre as escolas privadas de Lisboa e liceus da capital como o Liceu Camões e o Liceu Pedro Nunes.

O ranking das escolas suscita muitas dúvidas, mas parece que ninguém está interessado em esclarecê-las, começando pelos sindicatos dos professores que normalmente não perdem uma oportunidade para ocupar a comunicação social mas que desta vez optaram pelo silêncio. Compreende-se, há coisas em que não convém mexer porque cheiram mal.